Novo Banco agrava comissões nas contas, transferências e custos do crédito da casa
O banco liderado por António Ramalho vai aumentar os custos das contas, transferências, cheques e até do crédito. Nas contas, há mesmo uma comissão que quase triplica de valor.
Depois de aumentos atrás de aumentos, os maiores bancos nacionais comprometeram-se a não voltar a agravar as comissões cobradas aos clientes. Mas nem todos estão a seguir esta estratégia. O Novo Banco prepara-se para aumentar os custos das contas, transferências e até do crédito. Nas contas, há mesmo uma comissão que quase triplica de valor.
Ao contrário do que tem acontecido na generalidade dos bancos, o Novo Banco não fez grandes revisões ao seu preçário desde a venda ao Lone Star. Desde outubro de 2017, apenas houve uma alteração, pelo que agora haverá aumentos expressivos para os clientes.
A maioria dos agravamentos de comissões agora anunciados acontece a 30 de abril. A partir dessa data, há subidas de custos em várias contas bancárias, na realização de transferências, na requisição de cheques e na compra e venda de notas estrangeiras.
No que se refere às contas à ordem e às transferências, o Novo Banco desvaloriza a dimensão das mexidas que vai proceder no seu preçário. “Relativamente às contas de depósitos à ordem, desde 2017 que o Banco não efetuava alterações ao preço das contas“, refere ao ECO fonte oficial do Novo Banco, salientando que no caso da conta à ordem normal a possibilidade de isenção manteve o mesmo critério – a partir de 35.000 de envolvimento. Ou seja, a isenção mantém nas contas mais “recheadas”. Já sobre as alterações nos encargos das transferências, a instituição liderada por António Ramalho fala em “ajustes pouco relevantes”.
No caso da conta à ordem, os clientes com recursos entre 5.000 e 35 mil euros sentem o maior agravamento de custos, com os encargos de manutenção de conta a quase triplicarem. O valor da comissão passa dos atuais 6,24 euros por ano (inclui Imposto de Selo a 4%), para 15,6 euros. Já os clientes com recursos até 5.000 euros, cujos encargos de manutenção nesta conta são os mais pesados, veem a respetiva comissão subir 5,2 euros (+8,33%), passando dos 62,4 para 67,6 euros anuais. Já os clientes com mais de 35.000 euros mantêm a isenção.
O aumento de comissões também chega aos clientes mais jovens. Nomeadamente, aos que têm a Conta NB 18.31, disponível para clientes com idade entre os 18 e os 31 anos. Aqueles que não reúnam condições para beneficiar de bonificação nessa conta, passam a pagar 37,44 euros por ano. Ou seja, mais 6,24 euros (+20%) face aos atuais 31,2 euros.
Relativamente às contas de depósitos à ordem, desde 2017 que o Banco não efetuava alterações ao preço das contas […]. Nas transferências foram ajustes pouco relevantes.
Um outro conjunto de contas — NB100%, NB Seleção, NB100% Parceiro+, Serviço Assurfinance, Conta Benfica, NB100% 55+, Serviço BIC100%, NB18.31 Academia, NB100% 18.31, Serviço BIC Jovem Profissional, Conta Vencimento Empresa e Empresa I — também ficam mais caras. Há um aumento de encargos na ordem dos 10% para os clientes detentores destes serviços, o grosso dos quais já não estão disponíveis para comercialização. Aqueles que não têm bonificação nessas contas passam a pagar por ano 68,64 euros, 6,24 euros acima dos atuais 62,4 euros. Já nas contas com bonificação, o custo anual sobe 3,12 euros, dos atuais 31,2 para os 34,32 euros.
Também a conta de Serviços Mínimos Bancários sofre um ligeiro agravamento de 2,1 cêntimos (0,49%), deixando de custar 4,285 euros, para passar para os 4,306 euros anuais.
As transferências bancárias também não escapam aos acréscimos de preços. Todas as transferências pontuais não urgentes até 5.000 euros feitas ao balcão passam a custar 6,24 euros, independentemente do valor em causa. Até agora, quando se tratassem de transferências até 500 euros eram cobrados 5,2 euros. Para valores superiores, entre 500 e 5.000 euros o custo mantém-se nos 6,24 euros.
Por sua vez, as transferências online ou mobile ficam 10% mais caras. Deixam de custar 1,04 euros, para passarem a ter um custo de 1,144 euros. Através dos mesmos meios, as transferências com ordens permanentes periódicas não urgentes também encarecem. O custo atual é de 0,78 euros, e vai passar para 0,884 euros.
O agravamento dos custos também chega a um meio de pagamento que entrou muito em desuso: os cheques. A requisição de cheques sofre aumentos de encargos entre 4,34% e 23,33%. A título de exemplo, dez cheques cruzados à ordem com data de validade cuja requisição seja feita online passam a custar 17,68 euros, acima dos atuais 16,64 euros. Caso a requisição dos mesmos cheques seja feita ao balcão, o respetivo preço passa de 20,28 para 21,32 euros.
Também a compra e venda de notas estrangeiras fica mais cara aos balcões do Novo Banco. “Por caixa por operação”, segundo o preçário do Novo banco, este serviço tem atualmente um custo de 12,48 euros, valor que aumenta para 13,416 euros.
Custos do crédito da casa também sobem
Ainda antes dessas subidas, a 31 de março, o Novo Banco vai encarecer alguns encargos associados ao crédito à habitação. Nestes casos, há aumentos entre 13,33% e 18,75%, e que se enquadram num contexto em que a concessão de crédito para a compra de casa se encontra em máximos de 2008.
Relativamente às alterações de preçário neste segmento, o Novo Banco fala também em “meros ajustes de mercado em comissões com muito pouco relevância, não aplicáveis às atuais carteiras de crédito destes produtos, mas antes para resposta a pedidos específicos e pontuais de clientes”.
Os não residentes que pretendam recorrer a financiamento para a compra de casa no banco liderado por António Ramalho vão passar a pagar uma comissão de estudo de processo de 395,2 euros. Ou seja, mais 62,4 euros face aos atuais 332,8 euros. Para os restantes clientes não há mexidas nesta comissão que se mantém nos 332,8 euros.
Já a formalização da escritura fica mais cara para todos os clientes. A comissão deste serviço sobe 20,8 euros, passando de 156 para 176,8 euros.
Há outras duas comissões habitualmente associadas ao crédito à habitação que também ficam mais caras. Concretamente, a comissão por declaração de dívida e a comissão por declaração de encargo de prestações para efeitos legais. Qualquer delas tem inerente um custo de 62,4 euros atualmente. A partir do final de março vão passar a custar 72,8 euros. Ou seja, mais 10,4 euros.
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