Gomes da Silva garante que aposta da Galp em renováveis não vai travar retornos
Após ter comprado empresa de energia solar em Espanha, petrolífera está à procura de mais negócios, bem como de parceiros para reforçar no segmento. Além de solar, está a olhar também para hidrogénio.
A Galp Energia vai reforçar a aposta nas renováveis, mas vai continuar focada em conseguir retornos atrativos para os investidores. Foi esta a mensagem transmitida pelo CEO da petrolífera, Carlos Gomes da Silva, no Capital Markets Day, depois de ter anunciado que mais de metade dos investimentos, na próxima década, estarão relacionados com transição energética e energias renováveis.
“Vamos a abraçar as oportunidades de transição energética”, mas também “vamos continuar a procurar retornos atrativos“, garantiu Gomes da Silva, no encontro com investidores em Londres. “Todos os segmentos do nosso negócio têm de abordar estes desafios”.
A Galp Energia prevê investir, em média, entre mil milhões e 1,2 mil milhões de euros por ano até 2022, sendo que mais de 40% serão dedicados a capturar oportunidades relacionadas com a transição energética. Outros 10% a 15% serão alocados a projetos de geração elétrica de base renovável e novos negócios.
A aposta nas renováveis traduz-se também numa reorganização das unidades de negócio. A nova estrutura consiste em quatro unidades de negócio: uma área de upstream (inalterada); uma área de refinação & midstream, que incorpora os negócios de refinação e logística, as atividades de aprovisionamento e trading de oil, gás e eletricidade; uma unidade comercial, integrando toda a oferta de produtos e serviços da Galp para todos os clientes, e uma unidade de renováveis & novos negócios.
A esta última Gomes da Silva chama de “o novo bebé” da Galp. “Estamos empenhados em desenvolver um novo e rentável negócio de renováveis. Temos de tomar conta do nosso novo bebé“, sublinhou o gestor da petrolífera.
Petrolífera adapta estrutura a nova estratégia
Galp procura parceiros e deixa porta aberta a novas aquisições
A empresa já começou a investir neste segmento, tendo anunciado em janeiro a compra de uma empresa de energia solar em Espanha, por 450 milhões de euros, assumindo 430 milhões em dívida. A Zero-E tem uma capacidade de geração de energia total de 2,9 gigawatts e o acordo inclui mais de 900 megawatts de capacidade de geração recentemente comissionada.
Gomes da Silva explicou que foram analisados vários projetos e este foi o mais interessante para a empresa. E deixou a porta aberta a novas aquisições com o objetivo de diversificar portefólio, reduzir a pegada carbónica, alagar a oferta comercial aos clientes e responder a novas formas de lucro.
“Vai depender dos projetos que encontrarmos e se se enquadram nos nossos critérios de investimento, que se vão manter restritos“, explicou. A expectativa é que a capacidade instalada solar atinja 3,3 GW até 2023 e os retornos acionistas esperados deste portefólio situam-se acima dos 10%.
“Começámos com o solar fotovoltaico, mas isso não significa que não estejamos a olhar para outras tecnologias”, acrescentou, lembrando que no total de renováveis, o objetivo é chegar a 10 GW até 2030, começando pela Península Ibérica. A perspetiva é alargar o foco a outras geografias e a empresa está à procura de parceiros.
O reposicionamento irá resultar, na perspetiva da petrolífera, num aumento do valor gerado e reforço da resiliência em relação à volatilidade dos preços do petróleo. Em 2025, a Galp espera que o gás pese 30% no total da atividade, tendo Carlos Gomes da Silva feito referência à produção de hidrogénio verde.
Peso das renováveis na geração de energia
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