Coronavírus já fez 2.592 mortos na China. Maioria das províncias sem novos infetados

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2020

Além da China, morreram oito pessoas no Irão, quatro no Japão, duas em Hong Kong, sete na Coreia do Sul, três em Itália, uma nas Filipinas, uma em França, uma nos EUA e outra em Taiwan.

O número de mortos devido ao coronavírus Covid-19 subiu para 2.592 na China continental e foram reportados 409 novos infetados, quase todos na província de Hubei, enquanto a maioria do país não contabilizou novos casos.

Segundo a atualização diária emitida pela Comissão Nacional de Saúde da China, 150 pessoas morreram até à meia-noite de hoje (16:00 de domingo em Lisboa). Entre os novos casos, 398 foram reportados pela província de Hubei, onde várias cidades estão em quarentena desde 23 de janeiro, numa medida que afeta cerca de 60 milhões de pessoas.

O número de pacientes em todo o país fixou-se, no total, em 77.150. No entanto, apenas sete entre as 34 províncias e regiões autónomas da China continental reportaram novos casos diários.

A Comissão Nacional de Saúde indicou que, no total, a China soma 9.915 casos graves de infeção, enquanto 24.734 pessoas já estão curadas e receberam alta.

A mesma fonte acrescentou que, até ao momento, 635.531 pessoas foram colocadas sob observação, após terem tido contacto próximo com os infetados, entre os quais 97.481 ainda estão a ser acompanhados.

Além dos mortos na China continental, morreram oito pessoas no Irão, quatro no Japão, duas na região chinesa de Hong Kong, sete na Coreia do Sul, três em Itália, uma nas Filipinas, uma em França, uma nos Estados Unidos e outra em Taiwan.

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Sonae Capital agrava prejuízos, mas vai dar dividendos

  • Lusa
  • 24 Fevereiro 2020

Venda da participação da RACE levou a empresa a apresentar prejuízos de 12,3 milhões de euros. Apesar dos resultados, vai pagar 15 milhões em dividendos aos acionistas.

A Sonae Capital agravou os prejuízos no ano passado. De 6,04, passaram para para 12,3 milhões de euros, o que reflete sobretudo o impacto da venda da participação da Race.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae Capital informa que “o resultado líquido foi de 12,3 milhões de euros, refletindo principalmente o efeito contabilístico ‘non cash’ associado à venda da participação da RACE“.

“Excluindo este efeito, a evolução do resultado líquido teria sido positiva face ao ano anterior, onde o valor registado foi de seis milhões de euros negativos”, refere a empresa liderada por Miguel Gil Mata.

No mesmo período, o EBITDA consolidado aumentou 9,9%, para 38,1 milhões de euros.

Já o volume de negócios consolidado atingiu 300 milhões de euros em 2019, um crescimento de 27,3% face ao ano anterior.

Por seu lado, o volume de negócios das unidades de negócio situou-se em 269 milhões de euros, valor que traduz um aumento de 46,5% em relação ao ano anterior, sendo realçado “o crescimento de dois dígitos nos segmentos de hotelaria e fitness e de três dígitos no segmento de energia (dada a integração da Futura Energía Inversiones).

Na unidade de ativos imobiliários é de destacar o crescimento de 12,6% do Troia Resort, que reforça o crescimento de 7,4% registado nas Operações de Troia.

O investimento da empresa aumentou 58,6% para a 51,7 milhões de euros em 2019 face ao ano anterior, impulsionado por aquisições na área da energia – a Futura Energía Inversiones por 6,2 milhões de euros -, do fitness, que inclui a aquisição da cadeia Urban Fit, e pela construção de uma central de cogeração alimentada a biomassa, no valor de 27,4 milhões.

Segundo o presidente executivo da Sonae Capital, citado no comunicado, “o projeto de construção da central termoelétrica a biomassa florestal residual, em Mangualde, entrou na sua fase final e mantém-se em linha com o previsto, tanto em cumprimento de prazo, como de montante de investimento”.

No segmento de fitness (Solinca, Pump e One), a Sonae Capital detém 37 clubes e mais de 104 mil sócios ativos, o que representa um crescimento de 21,6% face ao ano de 2018.

Em 31 de dezembro de 2019, o bloco de ativos imobiliários do Grupo Sonae Capital ascendia a 324,6 milhões de euros, refere a empresa no comunicado ao mercado.

Prejuízos, mas há dividendos

Apesar dos prejuízos, a Sonae Capital adianta que “na sequência dos resultados obtidos em 2019, nomeadamente decorrentes da alienação de ativos imobiliários, e uma vez garantida a manutenção de uma estrutura de capital adequada à tipologia de negócios e de ativos em posse do grupo, o Conselho de Administração irá propor, a distribuição de dividendos no valor de 15 milhões de euros, equivalentes a um dividendo ilíquido de 0,060 euros por ação“.

“Este dividendo corresponde a um dividend yield de 8% relativamente à cotação de fecho do dia 31 de dezembro de 2019 (que se fixou em 0,753 euros)”, remata.

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5 coisas que vão marcar o dia

Dados económicos da China e Alemanha e visita de Donald Trump à Índia em destaque, no dia em que o secretário de Estado da Energia português ruma ao Japão para "vender" hidrogénio verde português.

A véspera do dia de Carnaval é marcada pela divulgação de dados económicos na China e Alemanha, números que permitirão avaliar os danos que o surto do coronavírus está a provocar. Na Alemanha, mede-se o sentimento dos investidores, enquanto na China são divulgados dados sobre as vendas de retalho e produção industrial. Nota ainda para o arranque da visita de dois dias de Donald Trump à Índia. Quem também vai estar na Ásia é o secretário de Estado da Energia. João Galamba vai até ao Japão “vender” o hidrogénio verde português.

Como atinge o coronavírus a economia chinesa?

Em plena crise do coronavírus, na China são divulgados dados que permitirão avaliar de que forma a economia chinesa está a ser afetada pelo surto. Nesta segunda-feira é conhecida e evolução das vendas a retalho em janeiro, bem como a produção industrial e o investimento urbano.

A medida do sentimento económico na Alemanha

Hoje é divulgado o Ifo, indicador que mede o clima empresarial na indústria, comércio e construção na Alemanha. A divulgação deste indicador que permitirá medir o pulso à maior economia da União Europeia, cujo crescimento estagnou no último trimestre do ano passado. A mais recente divulgação deste indicador, em janeiro, apontou para uma degradação do clima empresarial.

Com congresso cancelado, Huawei faz evento virtual em Barcelona

A Huawei Mobile exibe uma palestra pré-gravada no local onde decorreria o Mobile World Congress 2020, em Barcelona, evento que foi cancelado devido ao coronavírus. Nesta ocasião, a Huawei deverá apresentar o seu novo smartphone dobrável.

Donald Trump de visita à Índia

O presidente dos Estados Unidos inicia esta segunda-feira uma visita à Índia. Donald Trump vai à capital, Nova Deli, e ao estado de Gujarat, de onde é natural o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. O propósito da viagem que termina esta terça-feira visa “aprofundar a parceria estratégica entre a Índia e os EUA”, declarou a Casa Branca.

Galamba leva hidrogénio verde português até ao Japão

O secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, está de visita ao Japão onde vai apresentar em primeira mão as oportunidades de investimento no âmbito da produção de hidrogénio verde em Sines. Nesta viagem de quatro dias a Tóquio, o governante vai estar acompanhado por 16 empresas, associações e instituições.

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Fundação Oriente “limpa” banco antes de venda a árabes

Banco Português de Gestão, detido pela Fundação Oriente, recebeu de sete milhões no início do mês. Reforço de capital servirá para limpar balanço. Árabes aguardam BCE para concluir compra do banco.

Carlos Monjardino é presidente do conselho de administração do BPG e presidente da Fundação Oriente.António Cotrim/Lusa

A Fundação Oriente voltou a injetar dinheiro no Banco Português de Gestão (BPG) para cobrir perdas com imparidades relacionadas com ativos problemáticos. Este esforço de limpeza do balanço surge numa altura em que prepara a venda do banco aos árabes do IBB Bahrein Holdings. Só falta a autorização dos reguladores.

O BPG, liderado por Carlos Monjardino e detido a 92% pela Fundação Oriente, realizou um aumento no valor de sete milhões de euros no início de fevereiro, reforçando o capital para 76 milhões de euros. Há pouco mais um ano tinham sido injetados outros 15,5 milhões em duas operações de reforço de capital registadas em outubro de 2018 e janeiro de 2019.

“O objetivo deste aumento de capital foi fazer face às exigências de capital provocadas pelas imparidades constituídas”, disse fonte oficial da Fundação Oriente ao ECO em relação ao último reforço. Além da fundação, que é o acionista de referência, o BPG tem ainda como acionista o empresário macaense Stanley Ho (4%), entre outros.

O banco chegou a setembro do ano passado com prejuízos de 2,5 milhões de euros, isto depois de ter fechado 2018 com uma perda de 14 milhões de euros, num desempenho que foi muito pressionado pelo aumento das imparidades para crédito “decorrente de um esforço dirigido a uma redução do peso líquido dos NPL (non performing loan) na carteira de crédito”, notou a instituição nas contas de 2018.

Em maio do ano passado, o ECO Insidernewsletter do ECO reservada a assinantes — dava conta da alienação do BPG ao Bahrain IIBG Holdings, que meses antes tinham anunciado a compra do Banco Efisa, um dos despojos do BPN que estava nas mãos da Parvalorem, por 27 milhões de euros. A limpeza do balanço do BPG era a condição essencial do negócio, acrescentou o ECO Insider na altura.

Sobre o processo de venda, a mesma fonte da Fundação Oriente adiantou que “aguardam-se as autorizações das entidades competentes”. Isto é, Banco de Portugal e Banco Central Europeu. Concluída esta transação, a seguir o investidor árabe promoverá possivelmente uma fusão com o Banco Efisa.

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Segurança Social está a demorar 134 dias a atribuir pensões de velhice

Gabriel Bastos revela ao ECO que o prazo médio de atribuição de pensões de velhice desceu para 134 dias, comprometendo-se o Governo a reduzi-lo para 90 dias até ao final de 2020.

A Segurança Social está a demorar, em média, 134 dias a atribuir pensões de velhice, valor que reflete uma evolução “muito positiva” dos tempos de espera, embora se mantenha acima do prazo previsto na lei. Em entrevista ao ECO, o secretário de Estado da Segurança Social, Gabriel Bastos, adianta que, até ao final de 2020, o Executivo de António Costa quer baixar os tempos de deferimento para os 90 dias indicados na legislação.

Gabriel Bastos, Secretário de Estado da Segurança Social, em entrevista ao ECO - 21FEV20
Gabriel Bastos diz ao ECO que pendências como mais de 90 dias têm sido reduzidas.Hugo Amaral/ECO

“No âmbito da pensão de velhice, a redução já foi, neste momento, para 134 dias. No âmbito da invalidez, passámos de 201 dias para 122 dias. E no âmbito da sobrevivência, estamos neste momento já em cerca de 89 dias”, salienta o responsável.

De acordo com os dados divulgados em dezembro, o prazo médio de atribuição de pensões de velhice pela Segurança Social estava, nessa ocasião, nos 156 dias, número que fica, ainda assim, aquém dos 166 dias registados em dezembro de 2018. Tudo somado, Gabriel Bastos frisa: “É uma evolução que considero muito positiva”.

O secretário de Estado nota, contudo, que o tempo de espera médio das pensões de velhice mantém-se acima do 90 dias previstos na lei, sendo meta do Governo dar resposta a todos os pedidos dentro dos “prazos razoáveis e que respondem às necessidades dos futuros pensionistas”.

Ao ECO, o responsável garante que o Executivo pretende atingir esse objetivo até ao final de 2020 e acrescenta que, no mesmo calendário, o Governo deverá também estar em condições de “esgotar o stock” de pedidos pendentes com mais de 90 dias.

A propósito, no último ano, a Segurança Social conseguiu uma “redução substancial do volume de pendências de requerimentos de pensões com mais de 90 dias”, tendo concluído cerca de 60% das pendências de pensões de velhice, cerca de 65% das pendências de pensões de invalidez e mais de 80% das pendências de pensões de sobrevivência.

“Estou convencido que, nos próximos meses e durante este ano, seremos capazes de atingir esse grande objetivo que é o do esgotar esse stock [de pendências com mais de 90 dias] e de termos um volume de pendências natural. Esse será o aspeto decisivo”, assegura o secretário de Estado.

Os atrasos na atribuição de pensões têm sido, de resto, um dos principais motivos de queixa, junto da Provedora de Justiça, em relação à Segurança Social. O assunto tem, além disso, motivado múltiplas críticas ao Executivo de António Costa, que tinha prometido resolver esta situação até ao final do primeiro semestre de 2019, o que acabou, contudo, por não acontecer.

No Parlamento, durante o debate do Orçamento do Estado para este ano, a ministra do Trabalho e da Segurança Social garantiu, no entanto, que a regularização da atribuição de pensões deverá ficar fechada ao longo de 2020, tendo sido criada uma task force para o efeito.

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IRS de 28% ou 10%? Saiba que tipo de contrato de arrendamento tem de fazer

Os senhorios que celebrem contratos de arrendamento com dois ou mais anos vão ter descontos na taxa de IRS, que pode descer até aos 10%. Sabe como? O ECO explica.

O Governo decidiu compensar os senhorios que celebrem contratos de arrendamento com dois ou mais anos, oferecendo-lhes, em troca, uma redução na taxa de IRS. Em vez dos habituais 28%, a taxa a aplicar pode ser bem mais baixa, podendo ir até aos 10%. O tamanho do “desconto” depende exclusivamente da duração e do período de renovação dos contratos.

Os valores destes “descontos” — que se aplicam apenas nos contratos celebrados após janeiro de 2019 (altura em que a lei entrou em vigor) — variam conforme a duração dos contratos: aos contratos com duração entre dois a cinco anos, é aplicada uma taxa de 26% face aos “normais” 28%; aos contratos entre cinco e dez anos, é aplicada uma taxa de 23%; aos contratos com mais de dez anos é aplicada uma taxa de 14% e, por fim, aos contratos com mais de 20 anos é aplicada uma taxa de apenas 10%.

Redução a aplicar nas taxas de IRS em função da duração dos contratos de arrendamento celebrados após janeiro de 2019 | (p.p. significa pontos percentuais).

Importa sublinhar que, nos dois primeiros casos, os descontos podem ser ainda maiores. Aos contratos que variam entre os dois e os cinco anos e os cinco e os dez anos, é ainda aplicado outra redução de dois ou cinco pontos percentuais, respetivamente, por cada renovação que seja feita por igual período, até se chegar a uma taxa de 14%.

Eis um exemplo. Se um senhorio assina um contrato de arrendamento por seis anos, vai pagar uma taxa de IRS de 23%. Findo esse período, se renovar por mais seis anos, terá direito a um desconto ainda maior: 23% menos cinco pontos percentuais. Ou seja, a taxa será de apenas 18%. Numa segunda renovação, o cálculo é o mesmo: aos 18% será aplicada outra redução de cinco pontos percentuais. Mas como aqui daria uma taxa de 13%, o valor a aplicar seria de 14%, dado que este é a descida máxima nas renovações.

Exemplo de desconto na taxa de IRS para um contrato de seis anos, renovável por igual período.

E quando o período de renovação é diferente da duração do contrato?

Os cálculos são um pouco diferentes quando o período de renovação é diferente do período de duração do contrato, mostra um ofício-circulado da Autoridade Tributária (AT) a que o ECO teve acesso. Neste caso, é necessário fazer uma espécie de combinação. Isto é, a taxa de IRS é calculada a partir do “desconto” a aplicar consoante a duração do contrato, somado ao “desconto” aplicado ao período de renovação.

Eis um exemplo: um contrato de seis anos, mas renovado por apenas três, dará direito a uma taxa de IRS de 21%. Porquê? Os seis anos de duração significam, automaticamente, uma taxa de 23% (segundo escalão da tabela), mas, após a renovação de três anos, o senhorio passa a ter um “desconto” de dois pontos percentuais (primeiro escalão da tabela). Feitas as contas, após renovar o contrato, a taxa de IRS passará a ser de 21%.

Outro exemplo: No caso de um contrato com duração de quatro anos, mas renovável por cinco, a taxa de IRS a aplicar será de 21%. Porquê? Os quatro anos de duração dão direito a uma taxa de 26% (primeiro escalão da tabela) e, no momento de renovação, a esta vai-se acrescentar uma redução de cinco pontos percentuais (segundo escalão da tabela) pelos cinco anos de renovação.

Já no caso de um contrato com duração de três anos, mas renovável por dez anos, por exemplo, a taxa de IRS a aplicar será de 14%. Isto porque os três anos de duração preveem uma taxa de 26%, mas no momento em que o contrato for renovado por mais dez anos, passa a aplicar-se automaticamente a taxa de 14%.

Cálculo da taxa de IRS quando o período de renovação é diferente do período de duração do contrato.

A única situação em que a taxa de IRS a aplicar pode ser inferior a 14% é quando o período de renovação é igual ou superior a 20 anos. Neste caso, é aplicada uma taxa de 10%.

Como funcionam estes “descontos” para os contratos celebrados antes de janeiro de 2019?

Todos os cálculos enumerados até agora dizem respeito a contratos celebrados após 1 de janeiro de 2019, altura em que esta lei entrou em vigor. No entanto, no caso de contratos celebrados antes desta data, o cenário é um pouco diferente. A regra, conforme o ofício-circulado a que o ECO teve acesso, diz que, independentemente da duração dos contratos de arrendamento, o que conta é o período de renovação dos contratos.

Ou seja, no caso de um contrato de dez anos, renovável por cinco, a taxa de IRS será calculada com base nestes cinco anos. Será, então, de 23%. Já no caso de um contrato de três anos, renovável por 15 anos, a taxa a aplicar será de 14% (o teto máximo). O valor da taxa só poderá ser inferior a 14% quando o período de renovação for superior a 20 anos, neste caso será de 10%.

E quando a renovação do contrato acontece a meio do ano?

Outra situação distintiva acontece quando o período de renovação do contrato acontece a meio do ano. A dúvida que se coloca é exatamente como é feito o cálculo da taxa de IRS a aplicar aos contribuintes? A resposta é simples: aplicam-se duas taxas distintas.

Ou seja, até ao fim do contrato aplica-se a taxa equivalente — 28%, 26%, 14%, etc. — e, a partir do primeiro mês de renovação, aplica-se o devido desconto consoante o período de renovação. Exemplo prático: um contrato iniciado a 1 de junho de 2016 e com fim a 31 de maio de 2019, renovado por três anos, a taxa de IRS será calculada tendo em conta os rendimentos obtidos entre 1 de janeiro e 31 de maio de 2019 multiplicados por 28% mais os rendimentos obtidos entre 1 de junho e 31 de dezembro de 2019 multiplicados por 26% (primeiro escalão da tabela).

Cálculo de taxa de IRS quando a renovação do contrato acontece a meio do ano.

Havendo uma nova renovação em 2022, também por três anos, os cálculos são diferentes, uma vez que há lugar a novo “desconto”. Então, a taxa de IRS será calculada com base nos rendimentos obtidos entre 1 de janeiro e 31 de maio de 2022 vezes 26%, somados aos rendimentos obtidos entre 1 de junho e 31 de dezembro vezes 24% (dado que há desconto de dois pontos percentuais, primeiro escalão).

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Energia verde ‘made in’ Coimbra para todo o país. SunEnergy já instalou mais de 35 mil painéis solares

Empresa de energias renováveis instalou mais de dez mil painéis de norte a sul em 2019. Permitiram uma poupança superior a 500 mil euros e evitaram a emissão de sete mil toneladas de CO2.

A PME portuguesa SunEnergy bateu recordes e instalou no ano passado mais de dez mil painéis solares, o que equivale a cerca de um terço do total das instalações em 10 anos, e a 3.000 quilowatts (3 MW) de potência instalada. Todos os sistemas instalados do norte ao sul do país, ao longo de 2019, permitiram aos clientes da empresa poupanças anuais superiores a meio milhão de euros e evitaram a emissão de sete mil toneladas de CO2.

Numa década de vida, a Sunenergy já totaliza 35,000 painéis solares instalados com 10MW de potência instalada, que por ano evitaram mais de 7200 toneladas de CO2.

Também em 2019, a empresa especialista em soluções de produção de energia elétrica a partir do sol duplicou a sua faturação, tendo alcançado um volume de negócios de 3 milhões de euros.

Grupo Rodi, Logoplaste, Bacalhôa Vinhos de Portugal, Armazéns Reis, Gráfica Ideal, Adega de Monção, são alguns das dezenas de clientes da empresa. Raul Santos, diretor geral da SunEnergy, explica que estes dez mil painéis são “suficientes para abastecer cerca de mil casas anualmente em Portugal”.

A empresa de energias renováveis com sede em Coimbra está neste momento a instalar 2.000 painéis de energia solar numa unidade industrial da Logoplaste, na Mealhada, e estão a ser instalados mais 2.000 painéis no grupo Rodi, em Aveiro. Raul Santos explica que na empresa Gráfica Ideal, em Águeda, foram instalados, o ano passado, 1.744 painéis solares, na empresa de vinho Bacalhôa, em Azeitão, mais 1.100 painéis, e no Armazém Reis outros 345 painéis solares fotovoltaicos, entre muitos outras empresas.

Há uma preocupação crescente por parte dos decisores em relação a esta problemática das alterações climáticas.

Raul Santos

Diretor geral da SunEnergy

“Temos em carteira outros projetos para executar, acreditamos que durante este ano vamos continuar a executar projetos desta dimensão e até superiores“, refere Raul Santos, diretor geral da SunEnergy.

As perspetivas para 2020 são positivas. Prevemos um incremento de atividade, não só ao nível dos clientes empresariais, como também nos particulares e, sobretudo no mercado mais citadino, com a publicação recente do novo enquadramento legal, o Decreto-Lei 162/2019 que vem permitir o autoconsumo coletivo e as comunidades de energia renovável”, acrescenta o responsável da SunEnergy. “Com a alteração legislativa de 2014, começou a ser possível fazer autoconsumo e os clientes particulares e empresariais já produzem pelo menos parte da energia de que necessitam para a sua atividade” conclui.

90% destes dez mil painéis instalados em 2019 estão localizados de norte a sul do país, na zona litoral, a cerca de 70 a 80 quilómetros da faixa costeira. A SunEnergy tem uma forte presença no distrito de Aveiro, Coimbra e Leiria. É o setor industrial que mais adjudica este tipo de soluções mais amigas do ambiente. “A indústria que é normalmente grande consumidora de energia elétrica em particular, está muito sensível a este tipo de investimentos”, explica Raul Santos.

“As empresas industriais e o turismo são os setores mais relevantes para nós (…) são setores que têm estado muito presentes e que têm procurado bastante os nossos serviços. Também é uma forma de mostrar aos seus clientes que têm feito investimentos nesta área de forma a garantir a sustentabilidade e ajudar no combate às alterações climáticas”, refere o diretor geral da SunEnergy.

Empresas portuguesas estão mais amigas do ambiente

Para o diretor geral da SunEnergy, as empresas estão mais sensíveis a esta causa e estão a apostar em energias verdes. “Existe uma preocupação crescente por parte dos decisores em encontrar soluções mais ecofriendly”, refere. Raul Santos, destaca que as motivações são sobretudo duas: “a poupança e uma maior preocupação por parte dos gestores no sentido de reduzirem a sua pegada ecológica e darem um contribuído para a sustentabilidade de forma a ajudar no combate às alterações climáticas”, refere.

Explica ainda que “há uns anos a principal motivação dos decisores prendia-se com a questão da poupança, atualmente a questão da sustentabilidade e do combate às alterações climáticas já está praticamente ao mesmo nível da questão da poupança, explica Raul Santos.

A empresa, que conta com um volume de negócios superior a três milhões de euros e que está a comemorar dez anos de atividade, tem planos de expansão. Raul Santos adiantou à Capital Verde do ECO que este ano está prevista a abertura de pelo menos duas delegações de forma a estarem mais “próximos dos clientes”.

A SunEnergy conta com nove franchisados de norte a sul de Portugal, que empregam mais de 50 pessoas, sendo que em breve irá anunciar a décima unidade.

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Sonae Capital abre novo hotel na Avenida dos Aliados

  • ECO
  • 24 Fevereiro 2020

A empresa vai reforçar a aposta no setor hoteleiro, preparando-se para inaugurar um novo hotel na Avenida dos Aliados, no Porto, com abertura prevista para 2021.

A Sonae Capital continua a apostar no setor hoteleiro. Desta vez, através da sua unidade de negócio de hotelaria, assinou um contrato para a instalação de mais uma unidade hoteleira na cidade do Porto, localizada na Avenida dos Aliados.

Poucos detalhes foram adiantados, mas já se sabe que este novo hotel deverá abrir portas no primeiro semestre de 2021. Com 70 quartos, oferecerá aos hóspedes “serviços de bar e restaurante, salas de reunião com luz natural, piscina exterior e ginásio” e contribuirá para o “reforço da oferta de hotéis boutique em destinos urbanos”, refere a Sonae Capital, em comunicado.

Atualmente, a empresa tem sob exploração seis unidades hoteleiras: três no Porto — Porto Palácio Hotel, The Artist e The House –, duas na Península de Tróia — Aqualuz Tróia e Tróia Residence — e uma na zona do Algarve — Aqualuz Suite Hotel Lagos (que comprou no ano passado).

Além disso, tem já em curso o desenvolvimento de uma nova unidade em Lisboa, no edifício da Estação Ferroviária de Santa Apolónia. Em janeiro do ano passado, a empresa venceu a concessão deste imóvel, que será transformado num hotel de quatro estrelas, resultado de um investimento de 12 milhões de euros. Inserido num edifício “emblemático e de enorme cariz histórico”, terá mais de 100 quartos e deverá abrir portas no segundo semestre de 2021.

O negócio de hotelaria da Sonae Capital foi o que mais cresceu no ano passado, tendo registado um aumento de 16,4% do seu volume de negócios, atingindo os 27,7 milhões de euros.

Futuro hotel da Sonae Capital nos Aliados, no Porto.

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“Neeleman prepara-se para vender a TAP”. Se houver prémios, Estado convocará AG para destituir gestão, diz Marques Mendes

Marques Mendes revelou que David Neeleman está a negociar a venda da sua posição na TAP a “uma grande companhia aérea europeia”. O ECO já tinha noticiado que a Lufthansa era a mais bem posicionada.

É uma das polémicas que marcou a semana, o confronto entre o ministro Pedro Nuno Santos e os acionistas privados da TAP.

O ministro das Infraestruturas criticou as contas da companhia que previam lucros, mas que acabaram por dar prejuízos. “O orçamento da TAP que a comissão executiva apresentou ao Conselho de Administração para 2018 e para 2019 previa lucro. Aquilo que nós tivemos não foi um desvio qualquer, de lucro para mais de 100 milhões de euros de prejuízo”, referiu o ministro das Infraestruturas e da Habitação, que falava aos jornalistas esta semana à margem do almoço/debate no International Club of Portugal.

Sobre este tema, na SIC, Marques Mendes considerou que “Pedro Nuno Santos tem razão, já que não é um desvio qualquer”. E anunciou que David Neeleman, o maior acionista privado da TAP, prepara-se para vender a posição que detém na companhia de bandeira portuguesa.

O comentador revela ainda que as negociações para a venda “estão bem encaminhadas” para que Neeleman aliene a sua posição a “uma grande companhia aérea europeia”.

O ECO noticiou em novembro que a Lufthansa estava à frente na corrida para entrar no capital da TAP e, a 14 de fevereiro, antecipou também em primeira mão que a Luftansa e a United estavam em parceria nas negociações com Neeleman. Segundo revelaram ao ECO duas fontes conhecedoras deste processo, as negociações com outras companhias aéreas continuam: Lufthansa, United Airlines (estes coordenados com os alemães) e Air France/KLM. O objetivo de Neeleman é vender já uma parte da sua posição acionista e vender o resto a prazo. Outra alternativa é uma operação de dispersão de capital da TAP em bolsa, opção que o Governo de António Costa não quer.

O capital da TAP é detido em 50% pelo Estado, em 5% pelos trabalhadores e em 45% pelo consórcio Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa.

Além dos prejuízos, o Estado e os privados da TAP não se entendem sobre o pagamento de prémios num ano em que a companhia aérea teve prejuízos. Marques Mendes referiu no seu comentário na SIC que “se a gestão for para frente, o acionista Estado irá convocar uma assembleia geral para pedir a destituirão da administração”. Confirmando assim a notícia em primeira mão do ECO Insider — a newsletter do ECO exclusiva para assinantes — desta sexta-feira.

Depois da polémica do ano passado, Mendes defendeu que pagar prémios este ano “seria mais grave porque já se sabe qual é a posição do acionistas Estado”. Recorde-se que Pedro Nuno Santos afirmou esta semana que seria “imoral” a TAP pagar prémios quando tem prejuízos de mais de 100 milhões de euros.

Se houver prémios na TAP, o ministro Pedro Nuno Santos fica desautorizado”, sentencia Manques Mendes que afirma “que não faz sentido dar prémios só a alguns e não dar aos outros 99% dos trabalhadores. Não é justo, o ministro tem toda a razão”.

(Notícia atualizada às 21h23)

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Desfile da ‘designer’ Alexandra Moura em Milão vai realizar-se à porta fechada

  • Lusa
  • 23 Fevereiro 2020

A desfile da coleção de Alexandra Moura, na Semana de Moda de Milão, marcado para segunda-feira, vai realizar-se à porta fechada, sem a presença de compradores e imprensa.

A decisão integra-se no âmbito das medidas para contenção do novo coronavírus, tomadas pelo Governo Italiano, que levaram o estilista Giorgio Armani a restringir o acesso ao desfile e a organização da Semana de Moda de Milão a optar pela apresentação de portas fechadas, com transmissão pelas redes sociais.

Alexandra Moura, que continua a apostar na internacionalização, como explicou à Lusa, em entrevista, na passada quarta-feira, integra novamente o calendário oficial da semana de moda de Milão, a decorrer até dia 24 em Itália.

A ‘designer’ tem também marcada a presença em ‘showrooms’ em Paris.

Alexandra Moura, que há um ano se tornou na primeira portuguesa a fazer parte do calendário oficial da Semana de Moda de Milão, apresenta, na segunda-feira, na capital da moda italiana a coleção “Nu mistura”, para o inverno 2020/2021.

“Sentimos uma crescente curiosidade em relação ao nosso trabalho, à nossa marca. Não só pelo maior pedido de acreditações, até a um aumento de curiosidade por compradores de loja. Isto são sinais de que a internacionalização já está a dar frutos, e que este caminho e este nosso trabalho, que andamos a fazer já há um tempo não podia parar e tem que continuar e tínhamos que estar presentes, obviamente, para que estes frutos possam continuar e possam crescer ainda mais”, disse à Lusa, na semana passada, ainda antes de tomada a decisão de fechar os desfiles ao público, à imprensa e a convidados.

Depois do desfile em Milão, a coleção de Alexandra Moura segue para Paris, onde será apresentada em ‘showroom’. Só depois será mostrada em Portugal, num desfile no Portugal Fashion, que irá decorrer entre 12 e 14 de março, no Porto.

Itália, o país europeu que regista mais casos de infeção pelo novo coronavírus, anunciou hoje a terceira morte no país devido à doença, uma mulher de idade avançada e com cancro, que estava internada “em estado grave” há alguns dias na unidade de oncologia de um hospital de Cremona, na Lombardia, região do norte de Itália que regista 89 casos desta pneumonia viral.

Os casos em Itália estão para já circunscritos a quatro regiões do norte do país: Lombardia, Veneto, Emilia Romanha, Piemonte e Lácio.

As autoridades italianas não conseguiram até ao momento determinar o “paciente zero”, o primeiro caso em território italiano, o que torna difícil prever a propagação do vírus.

O principal foco do que as autoridades admitem poder ser um surto autónomo, não-relacionado com a cidade chinesa de Wuhan onde surgiram os primeiros casos, é Codogno, uma localidade de 15.000 habitantes na Lombardia.

O Carnaval de Veneza foi cancelado, as aulas foram suspensas em escolas das regiões italianas, e conhecido Teatro alla Scala, de Milão, suspendeu hoje todas as suas atividades.

Desde que foi detetado no final do ano passado, na China, o coronavírus Covid-19 provocou 2.467 mortos e infetou mais de 78 mil pessoas a nível mundial.

A maioria dos casos ocorreu na China, em particular na província de Hubei, no centro do país, a mais afetada pela epidemia.

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Eutanásia: projetos de lei esquecem seguros

  • ECO Seguros
  • 23 Fevereiro 2020

Os projetos de lei aprovados no Parlamento para despenalizar a eutanásia não articulam as implicações do evento de morte com os seguros. Associação de Seguradores lamenta ainda não ter sido ouvida.

A lei atual, em vigor há 12 anos, contempla os casos de suicídio e homicídio, mas é omissa para o caso da eutanásia.

Os cinco projetos de lei aprovados na semana passada correspondem às iniciativas do PS, BE, PEV, PAN e Iniciativa Liberal. No entanto, nenhuma das propostas preveniu uma solução que garanta o pagamento da indemnização de seguro aos beneficiários de titulares de apólices Vida.

Neste cenário, de acordo com informação recolhida junto da entidade setorial, a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) lamenta não ter sido chamada ao debate para ajudar a “esclarecer dúvidas e incertezas sobre a matéria”. Adianta também desconhecer o impacto que a despenalização da eutanásia terá ao nível das apólices de seguros.

A APS alega ser “impossível” prever as implicações da lei da morte assistida, nomeadamente porque “os contratos de seguros de vida têm clausulados livremente ajustados entre as partes e foram celebrados em momentos muito diferentes, ao abrigo de normas e leis que também elas foram variando no tempo”.

Por isso, impõe esclarecer como ficam os beneficiários (herdeiros) de alguém que, sendo titular de um seguro de vida, recorra à eutanásia ou a morte medicamente assistida.

Nuno Luís Sapateiro, da sociedade de advogados PLMJ e especialista nas áreas financeira e bancária, disse ao jornal Público que “existem apólices que excluem a cobertura de morte que decorra, direta ou indiretamente, do uso de estupefacientes ou medicamentos sem prescrição médica. Ora, uma interpretação a contrario desta norma poderá sustentar a tese de que uma morte com recurso à eutanásia ativa estará coberta, uma vez que os fármacos letais terão sido prescritos por um médico”.

“A prática de mercado vai claramente no sentido de manter a exclusão [da cobertura], independentemente de se tratar de seguros de vida em geral ou fazerem parte do pacote de garantias associado ao crédito à habitação”, explica o advogado defendendo que o setor segurador deve ser ouvido, por ser aquele a quem caberá o eventual pagamento da indemnização do seguro, podendo ter que litigar com os herdeiros.

Noutros países, os modelos adotados para resolver a questão do enquadramento dos seguros Vida seguem orientações diversas. No Luxemburgo, introduziu-se uma emenda legislativa que considera a morte medicamente assistida como sendo de causa natural; na Austrália (estado de Victoria), a solução foi no sentido de considerar a doença de que padecia o doente como a causa da morte.

Nos EUA, nos estados onde a eutanásia se tornou prática legal, a indemnização do seguro Vida por morte assistida apenas é paga nos casos em que já tenha decorrido dois anos da subscrição do seguro.

De acordo com o Jornal de Notícias, o caminho para a solução pode estar nos projetos do PAN e do BE que consideram que a doença do requerente deve ser considerada a causa de morte.

A deputada Isabel Moreira (PS) adianta que “o procedimento de fim de vida ficará registado como tal, mas, a partir do momento em que é legal, ninguém poderá sair prejudicado”. A especificação desta e de outras matérias, não estando acautelada no articulado da proposta, “ficará para a fase da regulamentação” da lei.

Os projetos de lei aprovados na semana passada vão descer à comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Liberdades e Garantias, onde os partidos com assento parlamentar tentarão conciliar um “texto comum”.

Segundo representantes dos partidos em declarações recolhidas pelo semanário Expresso, a versão final da lei deverá suprir a lacuna quanto ao pagamento dos seguros vida, garantindo que as situações de eutanásia não sejam equiparadas às de suicídio.

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AGCS passa de lucros a prejuízo anual de 284 milhões

  • ECO Seguros
  • 23 Fevereiro 2020

Principal unidade da Allianz para riscos globais e linhas de seguro no segmento corporate, a AGCS justifica as perdas com a constituição de reservas para gerir exposição prolongada a riscos.

A AGCS encerrou o exercício com 9,1 mil milhões de euros em valor bruto de prémios emitidos, cerca de 11,2% mais do que no ano anterior, conseguindo crescer mais de 10% (em média) no conjunto das 10 linhas de seguro em portefólio, incluindo renovações e 1,7 mil milhões de euros em novos contratos.

O acréscimo no volume de prémios emitidos compensou critérios mais apertados em novas subscrições e a redução da exposição a partes do negócio, mas não impediu 284 milhões de euros de prejuízo operacional em 2019, contra um resultado positivo de 282 milhões no ano precedente, revelam números da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS).

O rácio combinado (indicador que já vinha de situação negativa ao fixar-se em 101,5%, em 2018), alcançou os 112,3% no final de 2019, apresentando uma deterioração de 10,8 pontos percentuais (pp). Segundo explica a companhia em comunicado, “o contexto de indemnizações vindo do ano anterior por exposição [a riscos] de duração mais prolongada deteriorou-se” em 2019.

Este ambiente pressionou a atividade de subscrição e obrigou a mobilizar 591 milhões de euros para reservas, revela o documento. O esforço anulou os ganhos do ano anterior e impacta negativamente o balanço de 2019.

Enquanto as perdas relacionadas com catástrofes diminuíram face a 2018, verificou-se um incremento significativo das indemnizações por sinistros, nomeadamente na cobertura de responsabilidades contratuais, aviação e engenharia, concretiza a AGCS. A cobertura de riscos financeiros (no Reino Unido e Austrália); os custos com recall’ de produtos na Europa e despesas em linhas de responsabilidades gerais no mercado norte-americano foram determinantes para agravar o resultado técnico.

No entanto, a entidade salienta que apesar de algum decréscimo na rentabilidade dos investimentos, a gestão mais criteriosa da despesa ajudou, de alguma forma, a atenuar o desempenho negativo.

A AGCS, marca criada em 2006 como subsidiária integralmente detida pela Allianz SE, dispõe de equipas especializadas em 33 países, beneficiando ainda da estrutura global da Allianz, cuja rede e parcerias abrangem cerca de 200 países e territórios por todo o mundo.

Allianz SE alcança lucro operacional recorde

Apesar dos números desfavoráveis da sua unidade global especialista na gestão de risco e soluções à medida em 10 linhas de seguro Property-Casualty (P&C) para o mercado corporate, o grupo Allianz fechou o exercício de 2019 com um lucro operacional recorde.

Em comunicado, a companhia alemã de seguros e gestão de ativos fixa as receitas anuais consolidadas em 142,2 mil milhões de euros, 7,6% acima do alcançado um ano antes, com o lucro operacional a crescer 3%, para 11,85 mil milhões um valor recorde na história da Allianz SE.

O negócio Vida e Saúde foi o segmento em destaque em termos do crescimento de lucro operacional, sobretudo pelo acréscimo de volumes (receita total subiu 8,5%, para 76,4 mil milhões de euros). Além do negócio Vida e Saúde, o que tem maior expressão no balanço consolidado da Allianz, os seguros P&C contribuíram com 59,2 mil milhões de euros para a receita do grupo (+6,8% do que em 2018).

De acordo com os dados do balanço da matriz, as reservas para suprir eventuais necessidades da AGCS tiveram reflexo direto no resultado do segmento P&C do grupo e também se refletiu no rácio combinado desta atividade, o qual se deteriorou em 1,5 pp, face ao nível de 2018, para se fixar nos 95,5%.

A parcela seguinte do balanço mostra que o aumento das margens obtidas com investimentos e os ganhos gerados com operações não recorrentes (nos EUA) também beneficiaram a melhoria do resultado anual da Allianz.

A área de gestão de ativos (operação que é parcialmente partilhada com a Pimco) foi a terceira maior fonte de receitas (7,2 mil milhões de euros, a crescer 6,4% face a 2018) sendo também a terceira que mais contribuiu para o resultado operacional (2,7 mil milhões de euros, ou quase 7% acima do apurado um ano antes).

Assim, de acordo com as contas (ainda preliminares), a Allianz concluiu o exercício com lucros líquidos de 7,9 mil milhões de euros (+6,1% em variação homóloga), elevando o lucro por ação (eps) para um recorde de 18,90 euros por ação. A rentabilidade de capitais próprios (RoE) fechou o ano em 13,6% e, de acordo com a informação divulgada, o rácio de requisito de capital de solvência (‘Solvência II’) recuou cerca de 17 pp face a 2018, para 212%.

Mas, a Allianz adianta também que o valor do dividendo a distribuir dos lucros de 2019 será aumentado e que, em 2020, serão aplicados até 1,5 mil milhões de euros em recompras de ações próprias (share buyback), replicando o montante de recompras já realizadas em 2019, sempre com o objetivo de melhorar a remuneração dos seus acionistas.

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