Comissário europeu considera que ideia dos eurobonds se tornou tóxica
"Acho que, para algumas pessoas, a ideia de [criar] títulos se tornou tóxica desde a crise do euro", disse o comissário europeu para o Orçamento.
O comissário europeu para Orçamento, o austríaco Johannes Hahn, pediu este domingo, numa entrevista publicada pela revista alemã Der Spiegel, mais solidariedade para com o sul da Europa, embora tenha contestado a ideia de criar eurobonds para combater a crise.
“Sinceramente, acho que, para algumas pessoas, a ideia de [criar] títulos [bonds] se tornou tóxica desde a crise do euro”, considerou na entrevista, defendendo que os países “não se devem agarrar a conceitos que geram divergências”. Para o comissário, é melhor optar por outras ferramentas. “Temos de encontrar instrumentos comuns que fortaleçam a resistência dos Estados-membros nas áreas social e económica”, acrescentou.
Na segunda-feira passada, a Comissão Europeia admitiu que a emissão de títulos de dívida conjunta (eurobonds, chamados atualmente de coronabonds por visarem a crise provocada pelo coronavírus) é “uma opção em cima da mesa no quadro da resposta europeia aos choques provocados na economia pela pandemia de Covid-19. No entanto, na sexta-feira, o vice-presidente do executivo comunitário para a Economia, Valdis Dombrovskis, manifestou preferência pelo crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
De acordo com Valdis Dombrovskis, certo é o apoio do executivo comunitário às linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da Zona Euro, que tem uma capacidade de empréstimo de até 410 mil milhões de euros e que pode conceder créditos até 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país comunitário afetado pela Covid-19.
“Continuamos a trabalhar no apoio [a uma solução] por meio do MEE. Acreditamos que esse mecanismo deveria ser usado nas circunstâncias atuais porque possui o capital desembolsado pelos Estados-membros e capacidade de empréstimo”, referiu o comissário europeu. “E, portanto, devemos usá-lo para financiar os Estados-membros em condições favoráveis”, insistiu o político letão.
Na entrevista de hoje à Der Spiegel, Hahn também defendeu que os Estados do norte da Europa não devem tratar a ajuda a países como a Itália como “esmolas”. “São esses países que tiram vantagem do mercado único. Quando ajudam países como a Itália, não estão a dar uma esmola. Pelo contrário. Estão a trabalhar para o seu próprio interesse”, sublinhou.
O comissário do Orçamento disse ainda acreditar que a proposta da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, de criar um fundo para apoiar a redução das jornadas laborais diárias em toda a Europa será um teste de solidariedade na UE, já que fará aumentar claramente o orçamento europeu”.
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