Pandemia deverá provocar primeira queda de energias renováveis em 20 anos
A queda na produção de novas instalações será particularmente pronunciada na Europa, onde poderá ir até menos um terço do que o previsto, alerta a AIE.
A Agência Internacional da Energia (AIE) prevê que 2020 registe a primeira queda na produção de instalações de energias renováveis nos últimos 20 anos, responsabilizando os atrasos provocados pela crise sanitária.
No relatório anual divulgado esta quarta-feira, a agência, ligada à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), calcula que este ano se registe uma descida de 13% nas novas instalações renováveis de produção elétrica ligadas à rede, o que representaria menos 20% do que era antecipado antes dos efeitos da pandemia.
De acordo com a AIE, a quebra explica-se pelos atrasos na construção provocados pelo confinamento e pelas medidas de distanciamento social, além do aumento dos custos e dificuldades financeiras para prosseguir com os projetos.
A queda na produção de novas instalações será particularmente pronunciada na Europa, onde poderá ir até menos um terço do que o previsto, após um ano “excecional” em 2019, alertou a agência, sediada em Paris.
A pandemia também afetou o mercado dos biocombustíveis, informou a AIE, já que a contração do consumo de carburantes, de -9% no caso da gasolina e -6% do gasóleo, e a queda do preço do barril de petróleo, os tornou menos competitivos.
Por essa razão, os biocombustíveis deverão registar uma queda de 13% em 2020, segundo a agência.
As previsões da AIE juntam-se aos avisos do Fórum Económico Mundial (FEM), que alertou em 13 de maio para eventuais retrocessos à escala global na transição energética para energias mais limpas, devido à pandemia de Covid-19.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 320 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,7 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,1 milhões contra mais de 1,9 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (quase 128 mil contra mais de 168 mil).
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.
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