Afinal PIB caiu ligeiramente menos. Contraiu 2,3% em vez de 2,4% no primeiro trimestre
Com a economia em confinamento na segunda quinzena de março, o PIB português contraiu 2,3% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A economia portuguesa contraiu 2,3%, em termos homólogos, no primeiro trimestre de 2020, no qual já foi parcialmente afetada pela pandemia. Este valor fica uma décima abaixo do revelado na estimativa rápida (-2,4%). Os dados foram divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“A contração da atividade económica refletiu o impacto da pandemia Covid-19 que se fez sentir de forma significativa no último mês do trimestre“, explica o gabinete de estatísticas, referindo que a contração em cadeia foi de 3,8% (-3,9% na estimativa rápida). Recorde-se que o PIB tinha crescido 2,2%, em termos homólogos, no quarto trimestre de 2019.
O INE justifica a revisão em baixa com “a incorporação de nova informação de base (…), verificando-se sobretudo uma revisão em alta das exportações líquidas de importações de bens e serviços em volume”. Ou seja, o saldo comercial acabou por ser melhor do que o esperado na estimativa rápida.
Apesar de a queda ter sido ligeiramente menor do que o estimado anteriormente, esta continua a ser a maior quebra homóloga do PIB desde o primeiro trimestre de 2013, período em que a economia contraiu 3,6%.
É de assinalar que o VAB (valor acrescentado bruto), um indicador da produção do país, contraiu 1,7% no primeiro trimestre, refletindo uma queda de 4,1% do setor que conjuga o comércio e reparação de veículos e alojamento e restauração. As outras atividades de serviços e a indústria também registaram quedas significativas. Já a construção desacelerou, mas manteve o seu contributo positivo, assim como o setor financeiro e a agricultura.
Queda das exportações supera a das importações e dá o maior contributo para a quebra do PIB
Tanto a procura interna como a procura externa líquida (exportações descontadas das importações) deram um contributo negativo para o PIB no primeiro trimestre, mas este foi maior no caso das exportações.
As exportações de bens e serviços registaram uma queda homóloga de 4,9% enquanto as importações de bens e serviços desceram 2%, o que resultou num contributo negativo da procura externa líquida de 1,3%.
Este desempenho é explicado pela “interrupção quase total” do turismo a partir do momento em que a pandemia se instalou no país e na Europa. “Para esta evolução, é de destacar a diminuição mais acentuada das exportações de serviços, com uma taxa de variação homóloga de -9,6% (+3% no trimestre anterior), sobretudo em consequência da contração da atividade turística“, esclarece o INE. As exportações de bens também diminuíram, mas menos (-2,7%).
Esse efeito também é visível no consumo privado no território económico, uma componente que engloba não só o consumo privado dos residentes como a dos não residentes (turistas). Este indicador registou uma “expressiva redução da despesa efetuada por não residentes”, tendo contraído 2,2% no primeiro trimestre, em termos homólogos, após um crescimento de 2,7% no quarto trimestre de 2019.
Consumo público foi a única componente a crescer na procura interna
Como seria de esperar, tanto o investimento como o consumo privado já contraíram no primeiro trimestre, mas o consumo público resistiu em virtude dos maiores gastos do Estado.
O contributo da procura interna para o PIB foi de -1,1%, tendo o consumo privado (gastos dos cidadãos) registado uma queda de 1%, em termos homólogos, e o investimento uma quebra de 2,5%.
Já o consumo público (despesas do Estado) desacelerou face ao quarto trimestre de 2019, mas manteve-se em terreno positivo ao crescer 0,5%. Segundo o INE, tal traduz “em certa medida o impacto negativo na produção não mercantil em volume das medidas adotadas para reduzir a propagação do Covid-19, apesar do aumento em termos nominais da despesa pública”.
No que toca ao consumo privado, os consumidores passaram a comprar menos bens duradouros (-5,3%), “refletindo principalmente uma queda das aquisições de veículos automóveis“. Os bens não duradouros e serviços também registaram uma queda, mas inferior (-0,7%), sendo de notar “um crescimento mais acentuado na componente de bens alimentares no primeiro trimestre”, o que poderá estar relacionado com a pandemia.
No caso do investimento, foi a componente das outras máquinas e equipamento que mais caiu (-6,9%) no primeiro trimestre, seguindo-se a queda dos produtos de propriedade intelectual (-0,2%). O investimento em construção desacelerou, mas manteve-se positivo (2,6%). O investimento em equipamento de transporte também aumentou (1,5%), o que é explicado pela “componente de outro material de transporte, refletindo a importação em regime de locação financeira de aeronaves, que mais que compensou a redução na componente de veículos automóveis”.
(Notícia atualizada às 11h40 com mais informação)
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