Banco de Portugal manda Bison Bank aumentar capital em 19 milhões até final do mês
Banco de Portugal enviou carta à administração do Bison Bank, agora controlado pelos chineses da Bison Capital Financial, a sublinhar necessidade de reforço de capital de 19 milhões.
Os acionistas chineses do Bison Bank vão ter de injetar 19 milhões de euros no banco de investimento do antigo Banif. Este reforço terá de ser feito rapidamente, sendo o prazo limite o final deste mês.
É uma determinação do Banco de Portugal que enviou, em dezembro passado, uma carta à comissão executiva do Bison Bank dando conta da necessidade de se efetuar um aumento de capital no banco no valor de 19 milhões até ao próximo dia 30 de junho. A carta do supervisor foi imediatamente reencaminhada pela gestão do banco, liderada por Fang Bian, para o acionista, a Bison Capital Financial, quem terá agora a responsabilidade de reforçar de capital, isto na ausência de outros investidores.
Contactada pelo ECO, fonte oficial do Bison Bank adiantou que “o acionista do banco está em permanente contacto com o Banco de Portugal para que todos os compromissos necessários sejam e continuem, sempre, a serem cumpridos”.
Acrescentou ainda que o banco “possui, à data de 31 de dezembro de 2019, sem qualquer alteração relevante até à presente data, elevados níveis de capital (Tier 1 Common equity de 85,6%) e de liquidez (Liquidity Coverage Ratio de 526,2%)”.
O Bison Bank é detido pela Bison Capital Financial, que é detido por sua vez pela Bison Capital Holding Company Limited, com sede em Hong Kong.
"O acionista do banco está em permanente contacto com o Banco de Portugal para que todos os compromissos necessários sejam e continuem, sempre, a serem cumpridos.”
Quando comprou o antigo banco de investimento do Banif, o grupo chinês comprometeu-se perante o Banco de Portugal a injetar 60 milhões de euros no Bison Bank até final de 2019, como revelou o ECO. Porém, só colocou 41 milhões através de um aumento de capital realizado em julho de 2018, quando adquiriu o banco aquisição à Oitante. Tem agora até 30 de junho para injetar os 19 milhões que faltam.
Em novembro, o ECO revelou que o Bison Bank estava à procura de novos investidores, mas a informação foi negada pelo banco.
Complemento ao novo plano de negócios
A necessidade de reforçar o capital visa responder à exigência do Banco de Portugal, mas não só. A operação também é importante no desenvolvimento do novo plano de negócios para 2020-2022 que o conselho de administração do Bison Bank reviu no final do ano passado. Foi isso que destacou o auditor na certificação legal de contas que acompanha o relatório e contas de 2019 aprovado este mês.
A revisão do business plan foi “motivada pela necessidade de acomodar as mudanças entretanto efetuadas no desenho das medidas estratégicas de ligação ao mercado asiático”, incluindo a abertura de um escritório de representação em Hong Kong e adiamento do desenvolvimento das áreas de negócio de Wealth Management e Banca de Investimento.
Não obstante estas mudanças, as contas de 2019 foram preparadas “tendo por base o princípio da continuidade das operações, perspetivando-se o sucesso futuro do referido plano, orientado para um maior desenvolvimento do negócio e concretização das receitas, complementado pelo aumento de capital no montante de 19 milhões de euros a ocorrer até junho de 2020”, destaca a PwC.
O Bison Bank sublinha que estas mudanças em relação ao mercado asiático, que se apresenta como a principal geografia de originação de receitas no futuro”, são “cruciais” para tornar o banco “plenamente funcional e lucrativo nos próximos anos”. Revela mesmo que o escritório de representação em Hong Kong se encontra em fase final de aprovação pelas entidades reguladoras.
Ainda assim, o banco diz que o seu plano de negócios está enfrentar desafios por causa da pandemia do novo coronavírus. “A extensão e o grau de severidade desta pandemia não são determináveis na presente data. Não obstante, a posição sólida de capital e liquidez permite que o banco esteja bem preparado para absorver choques relevantes e respetivos desvios ao seu plano de negócios”, destaca.
Prejuízos de sete milhões
O Bison Bank terminou 2019 com prejuízos de sete milhões de euros, o que representa uma ligeira melhoria face aos prejuízos de 9,4 milhões registados em 2018.
Do lado positivo, salienta-se o produto bancário positivo de 2,4 milhões de euros, “representando uma recuperação da atividade operacional do banco face a 2018 em que o produto bancário foi negativo em 125 mil euros”.
Segundo o banco, a melhoria do negócio deveu-se essencialmente a três fatores: ao aumento de 422 mil de euros da margem financeira; à redução de 1,06 milhões de euros das perdas com ativos e passivos financeiros contabilizados pelo justo valor através dos resultados, que em 31 de dezembro de 2018 respeitavam essencialmente às perdas verificadas no carve-out; e ao recebimento de 509 milhares de euros decorrentes do processo de liquidação da Banif Finance.
As receitas com comissões aumentaram dos 1,9 milhões de euros para os 2,3 milhões.
O banco fechou o ano passado com um ativo líquido de 88 milhões de euros, menos dois milhões em relação ao ano anterior. O passivo líquido era de 38,5 milhões, uma redução de quase cinco milhões face a 2018.
O Bison Bank empregava 57 trabalhadores no final de 2019, menos dois trabalhados em relação a 2018.
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