Von der Leyen nota que a meio do caminho UE e Reino Unido estão longe de acordo
Von der Leyen aponta que a recusa de Londres em prolongar o período de transição significa que UE e Reino Unido estão a meio das negociações, “mas definitivamente não a meio caminho de acordo".
A presidente da Comissão Europeia observou esta quarta-feira que a recusa de Londres em prolongar o período de transição significa que UE e Reino Unido estão a meio do período de negociações, “mas definitivamente não a meio caminho de um acordo”.
Num debate no Parlamento Europeu sobre as negociações em curso entre União Europeia e Reino Unido relativamente à futura parceria no pós-‘Brexit’, Ursula von de Leyen, reportando-se à videoconferência da passada segunda-feira entre os líderes das instituições europeias e o primeiro-ministro britânico, apontou que Boris Johnson “confirmou que não quer prolongar o período de transição além do final deste ano”, apesar de a UE sempre ter deixado a porta aberta a esse cenário.
“Do nosso lado, sempre estivemos disponíveis para conceder uma extensão, mas são necessários dois para dançar o tango, e isto significa que estamos agora a meio do período de negociações, apenas com cinco meses pela frente. Mas definitivamente não estamos a meio caminho de alcançar um acordo”, sublinhou.
A presidente do executivo comunitário reiterou que, “no pouco tempo que há pela frente”, o bloco europeu vai fazer tudo ao seu alcance para alcançar um acordo com Londres.
“Vamos ser construtivos, como sempre fomos, e seremos criativos para encontrar um terreno comum, mesmo onde parece não haver nenhum. O que não estamos dispostos a fazer é colocar em questão os nossos princípios e a integridade da nossa União”, advertiu.
“Ninguém pode dizer ao certo como estarão as negociações no final do ano. O que sei é que seguramente nós teremos feito tudo para alcançar um acordo e ter um bom início de relação com o Reino Unido enquanto país terceiro”, acrescentou, saudando ainda o “excelente trabalho” que tem sido desenvolvido pelo negociador-chefe da UE, Michel Barnier.
Já Barnier, no encerramento do debate, voltou a queixar-se da postura negocial do Reino Unido – criticada também por muitos dos eurodeputados que intervieram –, acusando Londres de querer apenas abordar as questões económicas do seu interesse e de pretender ser um ‘quase-membro’, designadamente do mercado único, mas só a nível de benefícios, e não de obrigações.
Ainda assim, o responsável francês considerou ser “possível” alcançar um acordo até final do ano, mas reiterou que a UE não fechará um acordo “a qualquer preço” e que está a preparar-se para um cenário de não-acordo.
Após o debate de hoje, o Parlamento Europeu adotará na quinta-feira uma resolução sobre as negociações com o Reino Unido, tema que também faz parte da agenda da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE que se celebra na próxima sexta-feira por videoconferência.
Na videoconferência celebrada na passada segunda-feira, as partes comprometeram-se a “trabalhar arduamente” para chegar a um acordo sobre as relações pós-‘Brexit’ antes do final do ano, tendo ficado clara a decisão do Reino Unido de não solicitar qualquer extensão ao período de transição que acaba em 31 de dezembro de 2020.
Terminada a quarta ronda de negociações sem grande progresso e com um impasse numa série de questões, os negociadores-chefes europeu, Michel Barnier, e britânico, David Frost, já tinham decidido intensificar as reuniões nas próximas semanas e meses.
Os dirigentes europeus e Boris Johnson admitiram que “era necessário um novo impulso” e aprovaram os planos para intensificar as negociações a partir de julho de forma a “criar condições mais favoráveis para a conclusão e ratificação de um acordo antes do final de 2020”.
O Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro passado, mas permanece dentro do seu espaço económico e regulatório até ao final do ano, durante o chamado período de transição.
Entre os entre os assuntos com mais divergências nas negociações estão o acesso equilibrado a ambos os mercados, a governança da futura parceria, a proteção dos direitos fundamentais e o setor das pescas.
O governo britânico tinha admitido, em fevereiro, abandonar as negociações para um acordo pós-‘Brexit’ se não encontrasse progressos até junho.
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