Carruagens compradas pela CP a Espanha vão ter espaço para bicicletas
As 51 carruagens adquiridas pela CP à Renfe serão alvo de intervenção para permitirem o transporte de bicicletas. Custaram 1,6 milhões e o Governo prevê gastar até 150 mil a mais em cada uma delas.
As 51 carruagens que a CP vai comprar a Espanha por 1,6 milhões de euros serão intervencionadas para permitir que os passageiros transporte bicicletas no interior. A informação foi revelada pelo ministro Pedro Nuno Santos, que garante que serão gastos entre 30 mil e 150 mil euros em cada uma, no máximo.
“Precisamos de que o material circulante que é usado de forma crescente em Portugal possa casar com a utilização da bicicleta. Por isso é que nas alterações que vão ser feitas nestas carruagens, elas vão ter espaço para que os passageiros que se movimentam de bicicleta possam colocar a sua bicicleta na carruagem”, garantiu o ministro que tutela a pasta das infraestruturas, a partir das oficinas da CP em Guifões (Matosinhos). As
Segundo o ministro, esta decisão permite dar passos no sentido de uma mobilidade mais sustentável no futuro. “Se conseguirmos que, de uma vez por todas, os comboios, sejam eles regionais, de longo curso ou urbanos, tenham espaço para guardarmos as nossas bicicletas, estamos a dar um contributo muito importante para uma vida mais sustentável”, disse, em declarações transmitidas pela RTP3.
Questionado acerca do dossiê quente da TAP, depois de uma semana crítica em que o Estado chegou a acordo para reforçar o capital na companhia aérea e afastar o acionista privado David Neeleman, o ministro recusou falar do assunto: “Podem tentar, sobre a TAP direi zero”, afirmou. “Sistematicamente, vamos desvalorizando a importância da ferrovia no país. Transporta Portugal inteiro”, contrapôs, garantindo que a ferrovia é “imbatível” do “ponto de vista ambiental”.
Primeiras carruagens começam a circular entre dezembro e janeiro na Linha do Minho
As primeiras carruagens do pacote de 51 compradas pela CP à espanhola Renfe destinam-se à Linha do Minho e vão estar a funcionar entre dezembro e janeiro, avançou também o ministro Pedro Nuno Santos.
“A aquisição de material circulante disponível em Espanha faz parte de um esforço de curto prazo para fazer face às necessidades dos portugueses. A CP com 1,65 milhões de euros comprou 51 carruagens [usadas] que novas custariam [cada uma] mais de um milhão de euros”, destacou o ministro das Infraestruturas e da Habitação.
Ainda de acordo com o governante, o investimento total, contando com a requalificação, poderá rondar os sete a oito milhões de euros e as carruagens vão estar ao serviço das linhas de intercidades e regionais, podendo circular a 200 quilómetros por hora.
Já de acordo com o presidente da CP, Nuno Freitas, 18 das 51 carruagens já se encontram em Guifões, três “chegam ainda hoje” [segunda-feira] e as restantes “muito em breve”. Nuno Freitas avançou que as primeiras que ficarão prontas servirão para a inauguração da requalificação da Linha do Minho prevista para dezembro ou janeiro.
“Constitui um aumento de 50% do parque que pode ser destinado ao intercidades. Pode-se dizer o que se quiser, mas nos últimos anos, nomeadamente no último ano, fez-se aquilo na ferrovia que não se fez durante décadas. O país precisa de material circulante novo. Não abdicamos de lançar concurso. Mas demora alguns anos e não podemos ficar à espera”, disse Pedro Nuno Santos.
Ao lado da presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, o ministro recordou ainda uma visita que fez à fábrica de Guifões em janeiro, lembrando que esta estava vazia, ao contrário de agora, segundo disse, que “está cheia e a trabalhar a toda a força”.
“Num momento em que ouvimos grandes valores em outras empresas e passamos por dificuldades, a CP que é uma empresa que merece muito mais do país do que aquilo que tem recebido está a fazer um trabalho excecional. Estamos disponíveis para ensinar outros Estados estrangeiros, mas também privados a fazer bons negócios”, disse o governante.
Portugal quer lançar concursos para material circulante mas ministro não avança datas
O ministro das Infraestruturas e da Habitação disse esta segunda-feira, sem adiantar datas, que Portugal está a trabalhar no lançamento de concursos para comprar material circulante para a ferrovia nacional, admitindo que a situação atual é “grave”.
“Estamos a fazer um grande trabalho de requalificação do que estava encostado, compramos estas [51 carruagens usadas à espanhola Renfe para apetrechar as linhas regionais e intercidades], mas não tenhamos ilusões. Portugal é um país com um parque ferroviário muito antigo e precisamos de lançar concurso para comprar material novo. Mas vai demorar”, disse Pedro Nuno Santos.
O governante, que falava em Guifões, concelho de Matosinhos, no parque oficial da CP – Comboios de Portugal, disse que a aposta em compra de material “é imprescindível”, não tendo adiantado datas. “Daqui a alguns anos a situação agrava-se. Temos comboios com 70 anos a circular em Portugal na linha de Cascais, por exemplo”, referiu.
Pedro Nuno Santos respondia à pergunta sobre se Portugal está preparado, ao nível dos transportes, para a pressão que a pandemia da covid-19 está a criar progressivamente com mais pessoas a recorrer aos comboios e metropolitanos à medida que as medidas de desconfinamento vão sendo alargadas, tendo admitido que “a maior pressão está nos grandes centros urbanos, como Lisboa e do Porto”.
“A situação só ainda não é mais grave porque ainda temos uma grande percentagem de pessoas que não está a trabalhar ou porque está em ‘lay-off’ ou porque as escolas estão fechadas (…). Temos consciência de que os problemas que existiam antes da covid existem e serão intensificados, mas não tenhamos ilusões que este [material] não vai dar resposta e só temos duas soluções que têm de ser feitas em simultâneo. Investir na infraestrutura, nomeadamente na linha de Sintra, com duplicação entre Areeiro e Oriente. E compra de comboios novos”, sintetizou.
(Notícia atualizada às 14h25 com mais informações)
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