Centeno sai do Eurogrupo. Entra Donohoe, mas sem a cerimónia de passagem do sino
Desta vez não haverá cerimónia para Mário Centeno entregar no arranque do mandato o sino a Paschal Donohoe, o novo presidente do Eurogrupo, tal como aconteceu com Jeroen Dijsselbloem em 2018.
Em janeiro de 2018, uma fotografia marcaria a história do Eurogrupo: Jeroen Dijsselbloem, que meses antes tinha criticado os países do Sul da Europa por gastaram dinheiro em “álcool e mulheres”, entregava o sino de presidente do Eurogrupo ao ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno, que recentemente tinha conseguido escapar a sanções europeias por ter violado as regras orçamentais. A cerimónia que nessa transição ocorreu na embaixada portuguesa em Paris não vai, contudo, repetir-se desta vez com Paschal Donohoe, o novo presidente do Eurogrupo.
Foi assim que começou em 2018 um mandato de dois anos e meio de Mário Centeno à frente do Eurogrupo, cujas reuniões começaram com o som do sino que lhe fora entregue por Dijsselbloem. Este símbolo do grupo informal dos ministros das Finanças da Zona Euro — não por acaso a foto em que Centeno anuncia a eleição de Donohoe tem o sino ao centro — deverá passar para as mãos do novo presidente, Paschal Donohoe, eleito na semana passada, mas não haverá cerimónia oficial para marcar o início do novo mandato.
Ao ECO, fonte oficial do Eurogrupo explica que a agenda era curta e que as circunstâncias eram “demasiado complicadas” para organizar este tipo de evento pelo que não haverá uma cerimónia de passagem do sino. Ou seja, a eleição já perto do final do mandato — com Dijsselbloem, este prolongou o mandato e Centeno apenas entrou várias semanas depois de ter sido eleito — e o coronavírus ditaram o “fim” da tradição este ano.
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Ainda assim, começa oficialmente nesta segunda-feira, 13 de julho, o mandato do irlandês Paschal Donohoe, que faz parte do Eurogrupo desde 2017 e que foi recentemente reconduzido como ministro das Finanças da Irlanda após o acordo de coligação para a formação do Governo. Salvo eventos excecionais, Donohoe será o quarto presidente do Eurogrupo e ficará no cargo até ao início de 2023, tendo como prioridade a resposta à crise pandémica e a recuperação da economia europeia.
Na passada quinta-feira, dia da eleição na reunião do Eurogrupo, o novo presidente — que é do partido Fine Gael, o qual faz parte do Partido Popular Europeu (PPE), o mesmo do PSD e CDS — disse esperar “poder trabalhar com todos os colegas no Eurogrupo durante os próximos anos para garantir uma recuperação justa e inclusiva para todos, enquanto enfrentamos os desafios que se nos deparam com determinação“.
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Apesar de começar agora o mandato, o primeiro desafio do irlandês só deverá ocorrer a 11 de setembro, dia para o qual está marcada a próxima reunião do Eurogrupo, o qual costuma ter reuniões mensais. Contudo, uma vez que o fundo de recuperação europeu deverá ser negociado durante este verão no Conselho Europeu, não é de excluir que haja reuniões extraordinárias dos ministros das Finanças nas próximas semanas para aproximar posições.
Ainda que a pandemia vá ser um dos principais problemas do seu mandato, Donohoe também terá de lidar com outras questões que já estão em cima da mesa a serem negociadas, como é o caso da tributação das gigantes tecnológicas, as quais têm sede europeia maioritariamente na Irlanda. Recentemente, em entrevista ao Financial Times, o ministro irlandês mostrou-se contra a imposição de um imposto ou taxa de forma unilateral por parte da UE, como resposta à falta de acordo na discussão dentro da OCDE, temendo uma guerra comercial entre os EUA e a UE.
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