CDS espera que não sejam precisos mais seis anos para existir julgamento
Cecília Meireles espera que não sejam precisos mais seis anos para que o processo sobre o Banco Espírito Santo (BES) e o Grupo Espírito Santo (GES) chegue a julgamento.
O CDS disse esta quarta-feira esperar que não sejam precisos mais seis anos, o mesmo tempo que demorou a acusação, para que o processo sobre o Banco Espírito Santo (BES) e o Grupo Espírito Santo (GES) chegue a julgamento.
“Demorámos seis anos a chegar aqui, espero que não demoremos seis anos a chegar a um julgamento, porque era importante que a justiça fosse mais rápida”, disse a deputada Cecília Meireles em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa.
O Ministério Público acusou na terça-feira 18 pessoas e sete empresas de vários crimes económico-financeiros no processo sobre o Banco Espírito Santo (BES) e o Grupo Espírito Santo (GES), em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
Segundo uma nota da Procuradoria-Geral da República (PGR), Ricardo Salgado foi acusado de 65 crimes, incluindo associação criminosa, corrupção ativa no setor privado, burla qualificada, branqueamento de capitais e fraude fiscal, no processo BES/GES.
“A resolução do BES foi feita em agosto de 2014. Nós estamos em julho de 2020, passaram seis anos, é muito tempo e, portanto, a única coisa que eu desejo e que eu acho que é profundamente aconselhável é que não seja preciso um outro tanto para chegarmos ao fim deste processo e que possa realmente haver justiça, até porque a justiça que demora anos não é aquela que desejamos”, insistiu.
“O que me parece muito relevante é que este capítulo seja encerrado e isso é verdadeiro tanto do ponto de vista financeiro, do impacto que ele tem no bolso dos contribuintes, quer do ponto de vista da justiça”, vincou a democrata-cristã.
No início da sua declaração, Cecília Meireles defendeu que “não cabe aos políticos serem comentadores de processos judiciais nem de casos concretos”, e apelou ao respeito pela separação de poderes, apontando que quando à questão judicial não iria dizer “mais nada”.
Quanto aos assuntos “que são do domínio do poder político”, a parlamentar apontou “que se percebe desta acusação, aliás, como já se tinha percebido da comissão de inquérito, que os problemas no GES eram antigos” e “não começaram em agosto de 2014, eles já em 2009 e 2010 se faziam sentir e o grupo estava em muito má situação financeira”.
Na sua ótica, “o Banco de Portugal podia e devia ter atuado mais depressa e ter percebido que o BES precisava de uma intervenção mais depressa”, embora tenha existido “um momento em que soube ser firme e soube atuar”.
“E também houve nessa altura um Governo [PSD/CDS] em Portugal que não interveio para salvar o GES, ao contrário do que acho que é bem visível da acusação que poderia ser expectável”, assinalou, observando que essa atitude “denota uma modificação na sociedade portuguesa e na maneira como o poder político em Portugal se comportou, que é saudável e é boa” e permitiu independência na atuação do supervisor.
Cecília Meireles considerou igualmente que o BES “não é um infelizmente um problema do passado, é também um problema do presente”, porque o “Estado decidiu vender com aquilo que é na prática uma garantia pública até ao montante de 3.900 milhões de euros”, o que faz com que todos os anos exista a discussão sobre “injeções de liquidez” no Novo Banco.
A centrista pediu que “haja uma absoluta transparência naquilo que é a injeção de dinheiros no fundo de resolução para o Novo Banco”, e na auditoria anunciada, sob pena de se “minar a confiança dos portugueses quer no sistema bancário quer no sistema político”.
Questionada se a resolução do último Governo PSD/CDS foi preponderante para abrir caminho para o processo judicial e chegar até aqui, Cecília Meireles respondeu que “sem dúvida que sim”.
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