Administrador do Grupo K alerta para risco de bares e discotecas desaparecerem
Ainda não há data para bares e discotecas reabrirem portas. Acumulam-se as dívidas no setor, onde já há situações de insolvência. O administrador do Grupo K defende a necessidade de compensações.
Foi a 18 de março que teve início o primeiro estado de emergência no país, que determinou o encerramento de vários espaços. Depois do período mais crítico da pandemia, começaram a levantar-se as medidas de restrição e os estabelecimentos que tinham fechado voltaram a abrir portas. Mas nem todos o puderam fazer, como os bares e discotecas. Já são cerca de cinco meses de inatividade, que fazem elevar o risco de o setor “pura e simplesmente desaparecer”, diz ao ECO Paulo Dâmaso, administrador do Grupo K, que detém vários espaços de animação noturna como a discoteca Urban.
O mais recente entrevistado da nova rubrica do ECO, chamada “Dar a Volta ao Turismo“, adianta que já se estão a verificar situações de insolvência no setor da animação noturna. “Os meses vão passando, as dívidas vão acumulando”, aponta, já que grande parte dos empresários do setor paga rendas, bem como lay-off, que “também tem uma componente importante que empresas têm de garantir”.
Previsões de reabertura? “Todos os dias esperamos uma notícia positiva”
O setor da animação noturna não tem ainda uma previsão de quando irá reabrir, estando diariamente à espera de uma notícia positiva, sendo que afasta à partida um cenário em que as portas ficam fechadas até ao outono. Os “estabelecimentos continuam sem data razoável para reabertura para reestruturarmos e reorganizar a retoma”, aponta o empresário.
Apesar de admitir que mecanismos como o lay-off e as moratórias trouxeram algum alívio às tesourarias, estes representam também um acumular de compromissos e obrigações que terão de ser pagos. Por isso, defende serem necessárias compensações para os empresários do setor equilibrarem as contas. A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) já avançou com algumas propostas neste sentido, que estão, no entanto, ainda a ser analisadas pelo Ministério da Economia, sinaliza.
Discotecas do futuro? Menos lotação, mais lugares sentados e fitas led na pista
Ir a uma discoteca ou a um bar não vai ser a mesma coisa. “Terá de haver uma diminuição da lotação, com mais espaços sentados”, aponta Paulo Dâmaso. Já na pista de dança, para sinalizar as distâncias de segurança entre as pessoas, vão existir orientações através de fitas led ou fluorescentes. Para além disso, terá também de ser dada formação aos seguranças ou vigilantes dos espaços.
Bares fechados dão “péssima imagem” para turistas
Tendo em conta que os turistas estrangeiros têm vindo a ganhar cada vez mais peso na área, chegando já a compor 50% da clientela em Lisboa e cerca de 80% nos bares e discotecas do Algarve, o regresso dos visitantes internacionais iria também ajudar o negócio. Atualmente, no entanto, “os turistas que viajam para Portugal não podem ir a estes estabelecimentos, ainda encerrados, o que transmite um sentimento «negativo» a quem nos procura”, defende.
O ECO arrancou em julho com uma rubrica nova chamada “Dar a Volta ao Turismo“, em que entrevista empresários e governantes do setor para perceber os impactos que a pandemia trouxe para o turismo e de que maneira se poderá dar a volta por cima.
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