Lucro do BCP cai 55% após imparidades de 109 milhões para a pandemia

Banco liderado por Miguel Maya constitui imparidades de 108,8 milhões de euros por causa da pandemia de Covid-19, o que atirou os lucros do semestre para 76 milhões de euros.

O BCP registou um lucro de 76 milhões de euros no primeiro semestre do ano, uma queda de 55% em termos homólogos que se deve às imparidades de 108,8 milhões de euros que o banco constituiu para enfrentar a crise provocada pela pandemia.

Todo o setor da banca tem vindo a colocar dinheiro de parte para fazer face a eventuais contratempos no crédito, devido à contração da economia após o surto de Covid-19 ter imposto o encerramento parcial de muitas fábricas e serviços.

“Foi um trimestre verdadeiramente extraordinário. Foi único para nós. Foi um trimestre muito marcado pelo abrandamento, pelo lockdown, pelo distanciamento e isso tem implicações significativas no negócio bancário”, resumiu o presidente do BCP na conferência de resultados.

A margem financeira do banco subiu 2,6% para 759,1 milhões de euros, ainda que o produto bancário tenha reduzido 4,6% para 1.070 milhões de euros. As comissões bancárias em Portugal caíram 1,3% para 232,4 milhões de euros. Neste ponto, Maya mostrou uma “preocupação grande com iniciativas legislativas que não percebemos o alcance mas reduz a competitividade dos bancos portugueses”, depois de o Parlamento ter aprovado alterações na política de comissões.

O crédito a clientes avançou 3,2% para 53,72 mil milhões de euros, à boleia das linhas Covid-19 em que o BCP esteve em grande destaque: o banco conseguiu uma quota de 38% nestas linhas, que compara com a quota de empresas do banco que é inferior a 20%.

Já os depósitos aumentaram 5% para 83,2 mil milhões de euros, num período em que os portugueses reforçaram as suas poupanças.

Em relação à qualidade do crédito, um indicador que vai ganhar relevância nos próximos tempos devido ao impacto da pandemia no nível de incumprimento, o BCP viu o rácio de ativos não produtivos (non performing exposure/crédito a clientes) descer de 9,1% em junho do ano passado para 7% no final de junho deste ano.

Por outro lado, com o reforço das imparidades, o custo do risco agravou-se durante este período, passando dos 74 pontos base para os 85 pontos base, uma tendência que se tem verificado no resto do setor.

No que diz respeito aos rácios de capital, apesar da ligeira descida nos rácios CET1, o rácio total fully implemented subiu dos 14,7% em junho de 2019 para 15,5% no final do mês passado. “Temos uma folga de 2,2 pontos percentuais face aos requisitos regulamentares. É um indicador de resiliência para enfrentar o contexto de pandemia que vamos ter pela frente”, frisou Miguel Maya.

O BCP foi o primeiro dos grandes bancos nacionais a prestar contas da primeira metade do ano. Caixa Geral de Depósitos e BPI vão apresentar os resultados na próxima sexta-feira.

(Notícia atualizada às 17h39)

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