CTP contra profissionais do turismo serem reconvertidos para setor social
Confederação do Turismo de Portugal diz que é inaceitável a proposta do primeiro-ministro de reconverter os desempregados do turismo em trabalhadores de IPSS.
A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) anunciou esta quinta-feira considerar inaceitável a proposta do primeiro-ministro de reconverter os desempregados do turismo em trabalhadores de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) mutualidades, misericórdias ou cooperativas.
“Se o Governo dá por perdida a retoma da atividade turística e os milhares de empregos associados ao setor que tem sido o motor da economia nacional, nós não o faremos. O que nós precisamos é de medidas que permitam manter a atividade e os postos de trabalho, como é o caso do prolongamento do lay-off simplificado que terminou. A nossa solução será sempre a de recuperar as empresas do turismo e não desistir delas”, o presidente da Confederação CTP, Francisco Calheiros, em comunicado.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que os desempregados do turismo, uma das áreas mais atingidas pela crise gerada pela pandemia da Covid-19, podem ser reconvertidos, com a formação necessária, como trabalhadores do setor social.
“Ao contrário das declarações proferidas ontem [quarta-feira] pelo primeiro-ministro na cerimónia de assinatura de declaração de compromisso de parceria para Reforço Excecional dos Serviços Sociais e de Saúde, a CTP considera que os trabalhadores do turismo não têm formação de base para prestar cuidados de saúde e higiene a cidadãos em situação de fragilidade ou à população idosa”, acrescenta a CTP na nota divulgada hoje.
“Nos últimos anos, fizemos uma forte aposta na formação e qualificação dos nossos profissionais de turismo, que não podemos desvalorizar”, sublinha Francisco Calheiros.
Para o responsável da confederação, “a prioridade” terá de ser “garantir que as empresas não encerrem, através de medidas determinantes para a retoma da atividade como o prolongamento das moratórias fiscais e de reembolsos de financiamento para o segundo semestre de 2021, o reforço das linhas de capitalização a fundo perdido para o turismo e o ressurgimento do fundo de turismo de capital de risco”.
Na quarta-feira, António Costa deixou aquela proposta no final da intervenção da cerimónia de assinatura de declaração de compromisso de parceria para Reforço Excecional dos Serviços Sociais e de Saúde e lançamento do programa PARES 3.0.
“Uma palavra final sobre o emprego. Como todos sabemos um dos setores mais atingidos por esta crise económica e que mais duramente vai ser atingido por esta crise económica é, por exemplo, o setor do turismo”, referiu o chefe do executivo.
De acordo com o primeiro-ministro, “muitos dos milhares de pessoas que neste momento estão a perder o emprego no setor do turismo são pessoas que já têm uma formação de base, que já têm uma experiência de cuidado pessoal, de relacionamento pessoal”.
“São um recurso fundamental para, com formação naturalmente, poderem ser facilmente reconvertidas para continuar a trabalhar com pessoas agora nas instituições em que estão associadas nas IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social], nas mutualidades, nas misericórdias ou nas cooperativas”, propôs.
Segundo o primeiro-ministro, “em poucos meses foram destruídos mais de 100 mil postos de trabalho”. “Em poucos meses chegámos a ter 800 mil famílias a depender da situação do lay-off e só manter o emprego porque o emprego estava a ser apoiado por via do Estado e por elas próprias como uma perda de um terço do seu rendimento”, enumerou.
“Porque nós temos de utilizar com inteligência o pouco dinheiro que temos ao nosso dispor e com cada euro temos de conseguir satisfazer pelos menos três objetivos: combater a recessão económica e reanimar a economia, criar postos de trabalho, reanimar a economia e criar postos de trabalho que sejam socialmente úteis para a sociedade”, defendeu.
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