Costa ameaça com crise política, PCP e BE reagem. Marcelo alerta para a “aventura”
António Costa ameaçou a esquerda, PCP e Bloco já reagiram. Marcelo, adivinhando as difíceis negociações para o OE 2021, já tinha alertado para a "aventura" de uma crise política.
No momento em que estão a retomar as negociações para o Orçamento do Estado (OE) para 2021, António Costa deixou um aviso sério aos partidos de esquerda. Diz que se não houver acordo que permita aprovar o documento na Assembleia da República, o país enfrentará uma crise política. Bloco de Esquerda critica ultimato, enquanto o PCP avisa que continuará a defender os interesses dos trabalhadores e do povo. Marcelo Rebelo de Sousa alerta para “aventuras” em plena crise.
Após terem arrancado em julho, depois da aprovação do Orçamento Suplementar, as negociações para o OE 2021 — que terá de ser entregue na Assembleia da República a 10 de outubro — retomaram agora com a ideia de que este poderá ser um dos orçamentos mais difíceis dos últimos anos devido à incerteza da crise pandémica. Este regresso à mesa das negociações veio com um aviso: “Se não houver acordo, é simples: não há Orçamento e há uma crise política”, disse Costa ao Expresso.
“Aí estaremos a discutir qual é a data em que o Presidente [da República] terá de fazer o inevitável”, ou seja, marcar novas eleições para que os portugueses possam escolher um novo Governo. Um cenário extremo posto em cima da mesa pelo primeiro-ministro numa altura em que o Presidente da República se prepara para ficar sem o poder para dissolver Parlamento.
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As declarações de António Costa tiveram resposta imediata por parte dos partidos à esquerda, que chegaram a fazer parte da geringonça, algo que Costa procura reeditar. “Não é o primeiro ultimato sobre crise política”, escreveu Catarina Martins no Twitter, em reação à entrevista de Costa. A líder do Bloco de Esquerda criticou a postura do líder do Executivo, dizendo que este tipo de ameaças “não resolve nada e não mobiliza ninguém”.
“Precisamos, isso sim, de respostas fortes à crise sanitária, social e económica. Desde logo, no OE2021“, que terá de ser entregue na Assembleia da República até 10 de outubro. “O Bloco concentra-se nas soluções para o país”, rematou.
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O PCP, também no Twitter, não se referiu diretamente ao “ultimato” de Costa, mas reiterou que continuará a luta pelos direitos dos trabalhadores numa altura em que muitos começam a perder os empregos por causa da crise provocada pela pandemia. “Sejam quais forem as circunstâncias em que tenha que intervir, o PCP reafirma a sua determinação na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo e das liberdades democráticas”, diz o partido liderado por Jerónimo de Sousa.
“Uma crise política ou a ameaça é ficção”
Antes ainda de Costa ter avisado para o risco de o país enfrentar uma crise política, Marcelo Rebelo de Sousa tinha já deixado o alerta ao Governo, mas também aos partidos de esquerda quanto à “aventura” que esse cenário pode significar. “Adivinhando” o aviso de Costa, o Presidente da República antecipou-se na chamada de atenção aos responsáveis políticos.
“Desenganem-se os que pensam que se não houver um esforço de entendimento que vai haver dissolução do Parlamento no curto espaço de tempo que o Presidente tem para isso que é até ao dia 8 de setembro”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa durante uma visita à abertura da Feira do Livro de Lisboa. “Uma crise política ou a ameaça é ficção, é para romance, e romances há muitos na Feira do Livro”, atirou, alertando que os portugueses não compreenderiam tal cenário num contexto de crise como a atual.
"Desenganem-se os que pensam que se não houver um esforço de entendimento que vai haver dissolução do Parlamento no curto espaço de tempo que o Presidente tem para isso que é até ao dia 8 de setembro”
Marcelo foi claro ao dizer aos partidos para não contarem com ele para consumar uma crise política até 8 de setembro, nem a alternativa de uma “crise a prazo”, ou seja, que um “Presidente empossado — seja quem for — a 9 de março estar a dissolver [o Parlamento] para [marcar] eleições em junho”. “Isto não existe, isto é ficção”.
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