BNI Europa agravou prejuízos para 6,6 milhões até junho e reduziu trabalhadores em 40%
O agravamento de prejuízos aconteceu num período em que o banco dispensou 45 trabalhadores (40%), dos quais dez foram por despedimento coletivo.
O BNI Europa teve prejuízos de 6,6 milhões de euros até junho, agravando os 800 mil euros negativos do mesmo período de 2019, e reduziu os trabalhadores em 40%, dos quais 10 por despedimento coletivo, segundo fonte oficial.
Na semana passada, o jornal online Eco noticiou que cerca de 45 trabalhadores saíram do banco BNI Europa (detido pelo angolano BNI) nos últimos meses, na sequência do falhanço da venda ao grupo chinês KWG e da deterioração das condições do mercado devido à crise desencadeada pela covid-19.
À Lusa, fonte oficial do banco disse que – após ter falhado a operação de venda do capital e devido às atuais e futuras condições de mercado – “tem vindo a redimensionar a sua estrutura e modo de funcionamento, com vista a dotá-lo de maior funcionalidade e articulação interna/externa, a par da melhoria da eficiência/eficácia e performance num contexto de racionalização de custos”.
O banco “reduziu em cerca de 40% o número total de colaboradores, não se perspetivando para já mais dispensas”, acrescentou.
A maioria dos trabalhadores que saíram, afirmou fonte oficial, foram relativos a “contratos de outsourcing que terminaram, pessoas que saíram por sua iniciativa, entre outras situações”, tendo havido ainda um despedimento coletivo que abrangeu 10 funcionários.
De momento, o banco conta com 70 trabalhadores.
Quanto a resultados, o BNI Europa teve prejuízos de 6,6 milhões de euros, agravando os prejuízos de 800 mil euros do primeiro semestre de 2019.
O banco indicou ainda que, em 30 de junho de 2020, tinha 252,1 milhões de euros em depósitos de clientes, o que significa uma redução de 106,5 milhões de euros face aos 358,6 milhões de euros de junho de 2019 (equivalente a uma queda de 30% nos depósitos).
O ativo líquido total era em junho passado de 351,5 milhões de euros, neste caso menos 66,5 milhões de euros face a junho de 2019.
Ainda segundo fonte oficial, o capital social era de 47 milhões de euros, valor para que já conta o aumento de capital de três milhões de euros feito em julho deste ano.
Questionada sobre os objetivos de negócio a médio e longo prazo, fonte oficial disse que o banco, apesar de estar a adaptar “algumas das suas linhas de negócio às presentes circunstâncias”, que, em conjunto com o acionista, “mantém o compromisso de continuar a disponibilizar produtos e serviços aos seus clientes com os mesmos padrões de qualidade, rigor e transparência que têm pautado a sua atuação”.
O BNI Europa – cujo presidente executivo é Pedro Pinto Coelho – é detido pelo angolano Banco de Negócios Internacional (BNI), liderado por Mário Palhares, ex-vice-governador do supervisor Banco Nacional de Angola.
O BNI fez um acordo com o grupo chinês KWG para a venda de 80% do BNI Europa, mas o negócio acabou por não se concretizar.
Em janeiro, a SIC divulgou uma reportagem sobre bancos de capital angolano que operam em Portugal, noticiando que inspetores do Banco de Portugal detetaram graves problemas na prevenção de branqueamento de capitais e prevenção de terrorismo nos bancos EuroBic, BNI e BPA – Banco Atlântico Europa (em que um dos principais acionistas será, segundo a reportagem, Manuel Vicente, antigo vice-Presidente de Angola) e que para esses três bancos os técnicos propuseram 38 contraordenações.
Segundo a SIC, dois dos bancos em causa, BNI e BPA, dizem nunca ter recebido informação sobre a aplicação de contraordenações pelo BdP.
Num esclarecimento divulgado após a reportagem, o BdP indicou que adotou integralmente as sugestões dos inspetores que encontraram problemas em bancos de capital angolano, em 2015 e 2016, e que instaurou processos de contraordenação, que estão de momento a correr para avaliar a aplicação de sanções.
Em abril, a organização não-governamental (ONG) internacional Friends of Angola apelou ao Banco Central Europeu (BCE) e ao Banco de Portugal que avancem com uma investigação formal ou cancelem as licenças das subsidiárias portuguesas de bancos angolanos.
Em comunicado, o angolano BNI disse que não responde a falsidades e a insinuações mal-intencionadas, reiterando que permanece à disposição das autoridades, e que “tanto quanto é do seu conhecimento, até à data o BNI Europa não foi objeto de qualquer acusação ou, menos ainda, de decisão condenatória por parte do Banco de Portugal a respeito daquela inspeção”.
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