Salsa quer duplicar peso do online em cinco anos para quase metade das vendas
A marca portuguesa de jeanswear quer duplicar em cinco anos o peso do negócio online, para 40 a 45% da faturação, disse à Lusa o presidente executivo.
A marca portuguesa de jeanswear Salsa quer duplicar em cinco anos o peso do negócio online, para 40 a 45% da faturação, disse à Lusa o presidente executivo.
Detida na totalidade pelo grupo Sonae – que em abril passado anunciou a aquisição dos 50% da Salsa que ainda não detinha, após ter comprado os primeiros 50% à família Vila Nova em maio de 2016 – a empresa aponta como “prioridade o canal digital” e pretende manter a aposta no crescimento das vendas online, que em 2019 superaram a meta de 15% dos 205 milhões de euros de faturação.
“A previsão para 2020 é difícil, principalmente porque o padrão de comparação não é semelhante ao dos restantes anos”, admitiu o presidente executivo, José António Ramos, em entrevista à agência Lusa.
Segundo recordou, “com o lockdown e as lojas fechadas durante três meses, o digital representou 100% do volume total de vendas” da empresa nesse período.
Apesar do “terreno incerto” e da consciência de que “este é um ano com um comportamento enviesado, que poderá consolidar mudanças de comportamento no futuro”, José António Ramos prevê que “o digital fechará, provavelmente, acima dos 20% em 2020, dependendo também da performance das lojas nesta reta final do ano”.
Já num prazo de quatro a cinco anos, o objetivo da Salsa é que “a loja online represente 40%-45% da faturação”: “Temos tudo para, no médio prazo, estarmos no grupo líder de operadores do omnicanal, que têm taxas de venda online entre os 30% e os 35%”, sustenta, salientando que atual quota online da marca já supera a média dos países onde tem mais representatividade (Portugal, onde a média é de 8%, e Espanha, onde se situa nos 15%).
Convicto de que a tomada do controlo total por parte da Sonae “veio trazer ainda mais força e vigor àquela que era a estratégia da Salsa, digital e internacionalmente”, o CEO salienta também “a estabilidade estratégica e solidez financeira que a Sonae trouxe”.
“Principalmente no momento que atravessamos atualmente e com o impacto que sentimos nos mercados onde nos encontramos”, acrescenta.
A Salsa tem hoje perto de uma centena de lojas próprias divididas por quatro países – 57 em Portugal, 29 em Espanha, oito em França e três no Luxemburgo – possuindo ainda mais de 20 lojas franchisadas na Eslovénia, Qatar, Arábia Saudita, Líbano, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Angola.
A marca está ainda representada em diversas department stores (entre as quais 79 unidades do El Corte Inglés) e em clientes multimarca em mais de 20 países.
No que diz respeito à evolução da rede de lojas, a “instabilidade” decorrente da atual situação de pandemia colocou “em ‘stand by’ algumas aberturas previstas, mas não deverá obrigar a um redimensionamento: “Não temos em mente reduzir significativamente o número de lojas, até porque não temos uma capilaridade assim tão densa que nos obrigue a fazê-lo”, afirmou José António Ramos.
Apesar da “prioridade” dada ao canal digital e ao “crescimento enquanto marca omnicanal”, a Salsa diz acreditar que “as lojas são parte fundamental do processo” e afirma-se “cada vez mais atenta ao detalhe, arquitetura, funcionalidade e experiência” proporcionados aos clientes.
Marca quer entrar na América Latina e no Leste europeu
A marca portuguesa de moda Salsa quer crescer em Espanha e estrear-se na América Latina e no leste europeu para reforçar o peso de 67% das vendas internacionais, disse o presidente executivo.
“Somos uma marca com uma fortíssima componente de internacionalização, perfeitamente consolidada – 67% da nossa faturação vem dos mercados externos – e continuamos em busca de novos mercados, onde possamos explorar com sucesso o nosso produto core, o jeanswear”, afirmou José António Ramos.
Destacando a evolução “muito positiva” da marca em Espanha, o CEO aponta ainda “uma enorme margem de progressão” neste país, que em 2019 “representou 30% das vendas, apenas menos 3% que Portugal, que foi o melhor mercado” da marca.
“A nossa intenção é continuar a crescer nestes mercados, com a certeza de que temos um produto único e todas as condições reunidas para nos tornarmos uma das marcas de jeanswear mais reconhecidas da Europa”, sustenta.
Em matéria de internacionalização, José António Ramos diz que a Salsa tem “alguns [novos] mercados na mira”, considerados, “definitivamente, opções de futuro”, destacando os casos da América Latina e da Europa de Leste.
“A estratégia de internacionalização está bastante consolidada e mantém-se 100% fiel aos nossos objetivos, apesar do momento socioeconómico complexo que atravessamos. Continuamos a avaliar e a estudar a entrada em outros mercados, é algo que temos em mente para o médio prazo”, garantiu.
Já o modelo de expansão para esses novos mercados é que “está em constante desenvolvimento”.
“As nossas lojas próprias representaram 43% da faturação de 2019. É claro que são uma grande aposta, o nosso modelo de marca omnicanal passa por elas e a nossa intenção é que, cada vez mais, as nossas lojas sejam locais de experiências que passem o ADN Salsa ao nosso cliente”, explicou.
Por outro lado, o franchising e o light franchising também são modelos a que a Salsa recorre, nomeadamente m países onde não detém lojas próprias, pelo que “são considerados sempre que se fala de internacionalização”.
Finalmente, recorda o presidente executivo, “as lojas multimarca sempre foram importantes para a Salsa, que nasce nesse modelo de negócio e só mais tarde transita para a loja própria”, tendo no final de 2019 representado 28% da faturação da empresa, com vendas em “mais de 24 países, ainda que grande parte do negócio se concentre em seis países”.
Originalmente uma lavandaria, a Salsa faz questão de manter “esse seu lado de manufatura e de expertise”, lavando atualmente cerca de 70% do ‘denim’ que vende no âmbito da aposta assumida da marca na “produção em proximidade”.
“A produção nacional faz parte portefólio de produtos da Salsa desde sempre, até pela forma como a nossa marca nasceu, cresceu e prosperou, numa zona onde a indústria têxtil é absolutamente rainha e onde há um profundo know-how sobre processos, materiais e técnicas de produção. Temos parceiros de décadas, que começaram a trabalhar connosco desde o início, há 25 anos. Também o nosso calçado é produzido integralmente em Portugal, tirando total proveito da indústria fantástica que temos cá, reconhecida mundialmente”, disse à Lusa José António Ramos.
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