Fernando Rosas defende voto contra do Bloco no OE, “mesmo com custo eleitoral”
Fernando Rosas, um dos fundadores do BE, defende a posição do partido no OE 2021, o qual "está longe de responder à crise". Mesmo a hipótese de duodécimos não é "razão suficiente" para viabilizar.
O histórico bloquista defende a decisão da Mesa Nacional tomada este domingo de votar contra a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2021. Em declarações ao ECO, Fernando Rosas diz que o BE “deve orientar-se de acordo com a sua visão do interesse do país, mesmo com custo eleitoral” e que este é Orçamento “está longe de responder à crise” pelo que a hipótese de duodécimos não é “razão suficiente” para o viabilizar.
“Há aí uma fábula corrente de que por virtude da gravidade da situação que se vive os partidos têm de votar um orçamento qualquer mesmo quando este não responde à maior crise social da história deste país, como é manifestamente o caso“, começa por explicar o fundador do BE, do qual agora apenas é militante de base, sem nenhum cargo ou presença na Mesa Nacional. Rosas defende a posição anunciada por Catarina Martins este domingo, em rotura com o PS.
Para Fernando Rosas este Orçamento, “apesar de ter alguns elementos novos e positivos, está longe de responder à gravidade da crise“. E dá os exemplos elencados pelos bloquistas: a falta de recursos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), a falta de ambição no novo apoio social — argumentando que em alguns casos os beneficiados ficam com menos dinheiro do que com os apoios atuais –, e ainda a herança da troika na legislação laboral onde se mantêm “aspetos gravemente lesivos para os direitos dos trabalhadores”. A fechar as reclamações está o Novo Banco: “uma vergonha”, classifica.
"Há aí uma fábula corrente de que por virtude da gravidade da situação que se vive os partidos têm de votar um orçamento qualquer mesmo quando este não responde à maior crise social da história deste país, como é manifestamente o caso.”
Estas razões levam o histórico bloquista a apoiar a decisão do BE de votar contra nesta primeira votação. E se acontecer o mesmo que em 2011 quando o BE ajudou a chumbar o PEC IV e foi penalizado nas urnas? Fernando Rosas é direto: “Os partidos devem orientar-se de acordo com a sua visão do interesse, mesmo com custo eleitoral“, afirma, relembrando que, embora tenha descido nas eleições de 2011, os bloquistas recuperaram significativamente nas eleições de 2015. “O que interessa agora não são os votos, mas sim saber se este OE responde ou não à crise”, resume.
Orçamento em duodécimos “não é razão suficiente” para viabilizar OE
Além disso, o historiador relembra que a posição do partido “está em aberto” para a especialidade. “O Bloco não encerrou nenhum voto”, disse Catarina Martins este domingo. Fernando Rosas diz que “teoricamente” é possível que haja uma mudança do sentido de voto do BE desde que haja “disponibilidade” de fazer mudanças na especialidade, apoiando a ideia da coordenadora do BE de que é possível negociar um orçamento alternativo.
“Não é obrigatório ir para duodécimos, não percebo tanta estupefação da parte do Governo por causa disso”, diz Rosas, argumentando que “pior é haver um orçamento mau, que cria a incapacidade de o país responder necessidades“. No limite, o Executivo “governa até junho em duodécimos e depois vai para eleições”. E isso seria melhor do que o atual OE? “O problema é que essa [duodécimos] não é uma razão suficientemente forte para votar um orçamento que durante um ano não vai fazer frente à crise”, riposta.
Quanto à possibilidade do Governo de excluir os bloquistas das negociações, “o Governo assumirá a responsabilidade dessa decisão de excluir o BE”, responde. Mais: em política, “não há impossíveis eternos” e, portanto, a relação futura do BE e do Governo poderá mudar caso seja para apoiar as pessoas mais desfavorecidas, por exemplo. Tal dependerá “das atitudes do PS”, diz, classificando o Governo de “bastante dançarino” ao tanto ir para o lado do PSD como para a esquerda.
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