TAP com prejuízos de 700 milhões até setembro. Viagens caíram 70%
A companhia aérea portuguesa está a ser fortemente afetada pela pandemia. Verão agravou as contas em 118 milhões, elevando para 700,6 milhões de euros os prejuízos nos primeiros nove meses do ano.
A TAP perdeu mais de 700 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Fortemente penalizada pela pandemia, que ditou uma quebra de 70% no número de passageiros transportados, a companhia aérea está preparada para um “período de incerteza sem precedentes” que poderá agravar ainda mais as contas. O cenário de prejuízos de mil milhões em 2020 está em cima da mesa.
Depois de ter perdido 585 milhões nos primeiros seis meses, o verão, a época alta da companhia aérea, até começou bem, mas a segunda vaga da pandemia acabou por fazer nova mossa nas contas. A companhia apresentou um “resultado líquido negativo de 118,7 milhões de euros, no terceiro trimestre“.
Estes prejuízos contribuíram “para o resultado liquido negativo de 700,6 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2020”, de acordo com o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O quarto trimestre tende a ser mais fraco, sendo que com o agravar da pandemia, a TAP prepara-se para um agravar das perdas. A administração da TAP assume um cenário de prejuízos de mil milhões, sabe o ECO.
“Prevê-se que, nos próximos meses, a indústria da aviação na Europa continue a enfrentar um período de incerteza sem precedentes no que diz respeito à evolução da procura”, nota a empresa, isto depois dos já difíceis meses vividos este ano. “No acumulado dos primeiros nove meses do ano, as receitas operacionais totalizaram 841,3 milhões de euros, menos 66% que em igual período de 2019″, diz a TAP, salientando que no terceiro trimestre a quebra foi de 81%, para 195,2 milhões de euros.
Prevê-se que, nos próximos meses, a indústria da aviação na Europa continue a enfrentar um período de incerteza sem precedentes no que diz respeito à evolução da procura.
Estes números são reflexo da forte redução no número de passageiros transportados este ano, tendo em conta que a Covid-19 começou a ter impacto na Europa logo em março. Assim, “no acumulado dos primeiros nove meses de 2020, o número de passageiros caiu 70%“, diz a TAP, notando que esta quebra representa uma redução de nove milhões de passageiros.
Longo curso atenua perdas, lay-off também
A quebra nas contas da TAP é expressiva, embora esta tenha de ser vir à luz do contexto pandémico que está a impactar negativamente toda a indústria da aviação. Apesar dos prejuízos elevados, os resultados operacionais foram negativos, mas com uma expressão bem menor: o EBITDA caiu para -48,7 milhões no terceiro trimestre, sendo negativo em 172,9 milhões no acumulado do ano.
Este resultado traduz tanto os cortes de capacidade, como as medidas de redução de custos adotadas pela companhia, que “permitiram que os custos operacionais fossem reduzidos” em 41%, este ano. A TAP reduziu de forma expressiva o número de aviões no ar, sendo que em resultado da sua frota conseguiu apresentar taxas de ocupação superiores na comparação com outras empresas do setor.
Os A321 Long Range, nos voos de longo curso, mais pequenos que os de concorrentes, acabaram por permitir à empresa ser mais eficiente, enquanto os Embraer da Portugália mereceram a aposta da companhia nos voos de médio curso.
Importante na redução de custos foi igualmente a redução da fatura com os salários. Depois do lay-off simplificado, a TAP recorreu ao Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva, “através do qual se estabeleceu um mecanismo de redução do horário de trabalho entre 70% e 5%”. “Este novo regime foi um contributo muito importante, mas a natureza temporária deste enquadramento torna imperativa a adoção de soluções permanentes, a serem alcançadas através das negociações com os sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP”, alerta a empresa.
Inverno rigoroso até à vacina
O contexto desafiante vivido pela TAP, que aguarda a implementação do plano de reestruturação, manter-se-á porquanto continuarem a sentir-se os efeitos da pandemia. Neste sentido, a empresa antecipa um inverno rigoroso. “A TAP estima que a redução da sua capacidade operacional no período de inverno 2020/2021 seja entre 60 e 70%, em comparação com o inverno anterior“, diz em comunicado.
"A TAP estima que a redução da sua capacidade operacional no período de inverno 2020/2021 seja entre 60 e 70%, em comparação com o inverno anterior.”
Contudo, está esperançosa que em breve a pandemia possa dar tréguas. “São encorajadoras as notícias mais recentes que reportam a eficiência de vacinas para a Covid-19 e o desenvolvimento dum plano de vacinação, a par com a possibilidade de aceitação e realização de testes pré-voo, que podem indicar um caminho de recuperação das viagens aéreas internacionais”, nota a empresa.
São já várias as farmacêuticas que estão a apresentar resultados promissores em termos de eficácia das suas vacinas contra a Covid-19, entre elas a Pfizer, a Moderna ou a AstraZeneca. E estão já a ser solicitadas autorizações para que estas possam começar a ser expedidas para arrancar a vacinação, um processo de elevada complexidade logística do qual a TAP poderá fazer parte.
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