Centeno recomenda que medidas de apoio sejam adaptadas à crise

  • ECO
  • 29 Dezembro 2020

Num artigo de opinião no Diário de Notícias, o governador do Banco de Portugal lembra que "as moratórias não são um perdão de crédito" e que as medidas de apoio não devem terminar abruptamente.

As medidas adotadas para combater os efeitos da pandemia “devem, em 2021, ser adaptadas à evolução da crise e devem servir para preparar a recuperação”, defende o governador do Banco de Portugal num artigo de opinião publicado esta terça-feira no Diário de Notícias (acesso pago). Este é apenas um dos alertas que Mário Centeno deixa.

“O grau de implementação das medidas em Portugal foi muito elevado. Os apoios ao rendimento, como o lay-off simplificado, e os apoios à liquidez, como as moratórias, pelo seu impacto e eficácia, devem ser mantidos ao longo do ano, mas devem ser adaptados à evolução da crise económica“, diz Centeno, frisando que “as autoridades orçamentais devem evitar os impactos negativos associados ao término abrupto de algumas medidas”.

As moratórias são também outra das preocupações do governador porque “não são um perdão de crédito” e “as famílias e as empresas devem retomar o reembolso dos créditos, mas de forma gradual e efetiva, permitindo um retorno à normalidade sem sobressaltos”. De acordo com as estimativas do Banco de Portugal, até setembro de 2021, sejam adiados até 11 mil milhões de euros de reembolsos previstos nos planos de créditos devido às moratórias.

Não se trata de um acumular de dívida, mas sim de um adiamento do pagamento, acomodando esse momento ao retorno da atividade a níveis mais próximos do período anterior à crise”, lembra Centeno, acrescentando que esta regra se aplica também aos Estados que têm aumentado os níveis de endividamento para combater os efeitos da crise pandémica. “Na verdade, o mesmo se espera que venha a acontecer com as Regras Orçamentais na Europa e com a política monetária do Eurossistema”, escreve Centeno.

Centeno defende que “as condições de acesso ao crédito devem ser favoráveis”, mas alerta que “não se deve incentivar empréstimos sem sustentabilidade económica”, conclui.

 

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