Moody’s “otimista” quanto à capacidade de Portugal usar fundos da UE para potenciar a retoma
Agência antecipa que este dinheiro impulsione o investimento público, incentive reformas no mercado de mercado de trabalho e acelere a convergência dos salários portugueses com os europeus.
Os fundos europeus para a recuperação pós-pandémica são uma “oportunidade única” para a retoma da economia portuguesa, segundo a Moody’s. A agência de notação financeira considera que o país tem um “bom histórico” de aproveitamento de fundos comunitários e está, por isso, confiante em relação ao uso deste dinheiro. Lembra que quanto maior for o crescimento económico, mais fácil será voltar a reduzir a dívida pública.
“Portugal tem um bom histórico de absorção de fundos europeus. Estamos muito otimistas quanto à capacidade de Portugal de usar estes fundos e aproveitar esta oportunidade única para crescer“, diz Sarah Carlson, vice-presidente da Moody’s, num evento sobre Portugal, realizado digitalmente esta quarta-feira. Entre 2014 e 2020, a execução de fundos estruturais em Portugal foi de 62%, contra 55% na média da União Europeia.
Carlson sublinhou que Portugal é um dos países europeus que mais vai beneficiar da “bazuca” europeia (em percentagem do PIB). Entre subsídios no valor de 13,2 mil milhões de euros, 15,2 mil milhões em empréstimos do Next Generation EU e ainda 5,9 mil milhões de euros em financiamento do SURE (dos quais 3 mil milhões já chegaram em 2020), “há o potencial para duplicar o investimento público nos próximos dois anos“.
Além de impulsionar o investimento público, este financiamento poderá igualmente incentivar reformas no mercado de mercado de trabalho e acelerar a convergência dos salários portugueses com os europeus. Em simultâneo, poderá também ajudar a diminuir a dívida. O Governo português antecipa que a mobilização de fundos europeus acrescente 0,5 pontos percentuais ao crescimento económico médio entre 2021 e 2026.
“E é muito mais fácil diminuir a dívida quando a economia está a crescer“, diz Carlson, sublinhando que uma das razões para o rating de qualidade de Portugal antes da pandemia era exatamente a redução do endividamento. Devido à pandemia, a dívida portuguesa atingiu máximos históricos em 2020. “Houve aumentos muito significativos no fardo da dívida em alguns países. Em Portugal não foi tão significativo como em França, mas ainda assim elevada”, afirma a vice-presidente. “Mas os custos de financiamento têm-se mantido contidos”.
Apesar do otimismo quanto à retoma da economia, os analistas da Moody’s alertaram que há fortes incertezas, especialmente associados à evolução da pandemia e à campanha de vacinação. A expetativa da agência é que este confinamento não tenha um impacto tão negativo para a economia como o de março e abril (até porque os vários setores já estão mais adaptados), mas também que a “recuperação será frágil, lenta e desigual”, avisou Carlos Winzers, senior vice president de corporate finance, no mesmo evento.
“Os países que são dependentes do turismo, como Espanha e Portugal, países que têm empresas como a CP – Comboios de Portugal, a IP – Infraestruturas de Portugal e a TAP, irão continuar a ser mais afetados do que os que têm maior foco na indústria ou serviços”, explicou Winzers. O analista acrescentou esperar uma rápida recuperação dos setores do entretenimento e restauração à medida que seja conseguida imunidade de grupo, enquanto a aviação, o turismo e o setor automóvel deverão demorar mais.
(Notícia atualizada às 10h30)
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