Europa confinada, mas até quando?

Alguns países europeus já começaram a desconfinar (de novo), mas a maioria dos confinamentos deverá acabar em fevereiro. Já em Portugal o estado de emergência deve estender-se até meados de março.

O ano de 2020 já passou, mas nem assim a pandemia de Covid-19 tem dado algum descanso à Europa, muito menos a Portugal, que chegou a ser o país do mundo com mais novas infeções por milhão de habitantes.

Em Portugal, a ministra da Saúde já admitiu ser necessário um confinamento “prolongado por mais tempo” para reduzir os internamentos em unidades de cuidados intensivos até menos de 200 (eram 853 segundo o boletim de quarta-feira), mesmo para lá do mês de fevereiro. O mesmo já tinha sido admitido pelo Presidente da República.

No entanto, os especialistas pedem ainda mais. O epidemiologista Baltazar Nunes disse ser necessário “manter estas medidas de confinamento por um período de dois meses” e ainda assim poderá não ser suficiente para se chegar ao objetivo de menos de 200 internados em UCI.

Por cá, os portugueses vão aguardando, de duas em duas semanas, para saber quando chega a altura de desconfinar, algo que ainda parece distante. Mas e no resto da Europa? Alguns países já começaram a reabrir, mas há ainda muitos a prolongar os seus confinamentos com medo das novas variantes e de ressurgimento de surtos.

Alemanha

A Alemanha planeia prolongar o confinamento até ao dia 14 de março, de acordo com o projeto apresentado e discutido na quarta-feira entre Angela Merkel e os líderes dos 16 estados federais. Apesar do número de infeções ter diminuído e alguns líderes estarem já a pressionar para se reabrir o país, há ainda preocupações com as novas estirpes do SARS-CoV-2. Winfried Kretschmann, líder de um dos estados, disse ao jornal Spiegel que é a “fase mais difícil da pandemia” e que “se vê noutros países, tais como Portugal, que rapidamente a maré pode mudar”.

O projeto discutido na quarta-feira inclui a reabertura de cabeleireiros a 1 de março. Além do mais, Merkel já disse que a prioridade, ao desconfinar, será as crianças mais novas e, consequentemente, a reabertura de infantários e escolas primárias.

Itália

Apesar da estratégia utilizada pelo governo italiano ser semelhante à utilizada em Portugal e noutros países europeus (por zonas de risco), a 5 de janeiro foi declarado que todo o país estaria no nível “vermelho” (mais grave). Mas, entretanto, algumas regiões italianas começaram a reabrir, especialmente a 1 de fevereiro, quando a maior parte do país passou para “amarelo” (com restrições mais leves). Ainda assim, as restrições às viagens continuam em vigor, bem como a obrigatoriedade do uso de máscara e o recolher obrigatório às 22h.

No início desta semana o cenário continuava igual, estando algumas regiões no nível “laranja” (Sicília, Apúlia, Úmbria e Bolzano) e alguns municípios ainda no “vermelho”, como Trentino-Alto Adige (norte de Itália, até 28 de fevereiro), Perugia e outras cidades de Úmbria (centro do país, até 21 de fevereiro) e mais 32 municípios espalhados pelo país.

Espanha

Além do recolher obrigatório nacional que vigora até maio de 2021, cada comunidade em Espanha tem o seu próprio confinamento e as suas próprias regras. As datas previstas para o levantamento dos confinamentos variam entre 15 de fevereiro e 9 de maio, mas em algumas regiões não há sequer data prevista para levantar as restrições. Por outro lado algumas comunidades, como por exemplo o País Basco, a Estremadura e as Ilhas Baleares, já levantaram o confinamento durante o mês de janeiro.

Dinamarca

A Dinamarca estendeu o confinamento até 28 de fevereiro, apesar dos diversos protestos que têm acontecido pelo país contra as medidas restritivas. Ainda assim, desde o início desta semana que as escolas primárias voltaram a abrir.

As medidas incluem o encerramento dos restantes estabelecimentos de ensino. Também as lojas, bares e restaurantes continuam fechados. À semelhança de Portugal, o governo dinamarquês ainda não apontou datas para o desconfinamento.

Países Baixos

Na segunda-feira, o governo provisório holandês anunciou, em comunicado, que o confinamento irá continuar até 3 de março, devido à “possibilidade de uma nova vaga de infeções”. Apesar do prolongamento do confinamento, os infantários e as escolas primárias reabriram na segunda-feira e na quarta-feira o comércio não essencial foi autorizado a deixar os clientes recolher as encomendas pessoalmente. Novas decisões serão tomadas a 23 de fevereiro.

Bélgica

A Bélgica prolongou o confinamento até 1 de abril. Mais precisamente, o governo tem agora a possibilidade das medidas atualmente em vigor (encerramento de vários setores, recolher obrigatório, teletrabalho, entre outras) serem legais à luz da constituição belga até 1 de abril. No entanto, se o governo belga assim decidir, o confinamento poderá terminar antes dessa data. As alterações às atuais medidas – e, eventualmente, um alívio das mesmas – poderão acontecer a 26 de fevereiro, altura em que as autoridades e especialistas se irão reunir.

Grécia

Depois de um rigoroso confinamento que vinha desde novembro, que ajudou a conter os surtos no país, a Grécia conseguiu reabrir infantários, escolas primárias e alguns setores económicos, como o comércio. No entanto, a 29 de janeiro, o governo grego voltou a decretar um confinamento para as zonas “vermelhas”, isto é, áreas com elevadas taxas de infeção, na qual se inclui Atenas. Mas na terça-feira o confinamento alastrou-se a toda a região de Ática (cuja capital é Atenas) e assim irá permanecer, no mínimo, até 28 de fevereiro.

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