Dividendo intercalar da Galp vai depender do confinamento
Petrolífera cortou o dividendo em 50% após anunciar prejuízos, mas já espera recuperar no próximo ano. Depois da pandemia, o novo CEO quer ter uma política de dividendos definida para dar "clareza".
A Galp Energia aplicou um corte de 50% na remuneração acionista este ano devido à pandemia, mas admite vir a pagar um dividendo intercalar dependendo da pandemia, segundo explicou no novo CEO da petrolífera na conferência com analistas que se seguiu à apresentação de resultados. Com a chegada de Andy Brown, a empresa passará igualmente a definir uma política mínima para trazer “clareza” aos acionistas.
Em ano de pandemia, a Galp Energia registou prejuízos de 42 milhões de euros, o que compara com um resultado positivo de 560 milhões de euros no ano anterior. Apesar do resultado negativo, a empresa decidiu, de qualquer forma, propor um dividendo de 35 cêntimos por ação aos acionistas.
“É um corte de 50% em relação ao nosso dividendo pré-Covid de 70 cêntimos por ação, mas reflete a desaceleração económica que experimentamos e reflete alguma prudência no futuro para mantermos o nosso balanço“, explicou Brown. Não excluiu, ainda assim, um dividendo intercalar, dependendo da pandemia. “Teremos de ver como o mercado desenvolve. Estamos em confinamento geral em Portugal, um dos nossos principais mercados, portanto veremos o que acontece com a Covid-19 e como está a nossa confiança. Espero poder anunciar o pagamento desse dividendo intercalar“.
Para 2021, está já prevista uma recuperação da remuneração acionista para 50 cêntimos por ação e, depois disso, o objetivo é ter uma política definida, o que o CEO irá anunciar no Capital Markets Day, que marcou para maio. “Precisamos de criar alguma clareza”, defendeu.
"Não queremos ser só avaliados pela remuneração acionista, mas sim pela combinação de crescimento com dividendos.”
No entanto, tanto o CEO como o CFO, Filipe Silva, avisaram que a remuneração acionista é apenas um dos focos da gestão. “Apesar da recuperação 2021 parece um ano difícil, ainda não vemos um caminho real de recuperação. Somos uma empresa com crescimento. Não queremos ser só avaliados pela remuneração acionista, mas sim pela combinação de crescimento com dividendos“, afirmou Andy Brown. Silva acrescentou: “Não queremos ser os maiores pagadores de dividendos”.
Um dos pilares de crescimento na Galp Energia será centrado nas energias renováveis. Em 2021, a petrolífera prevê investir entre 500 milhões e 700 milhões de euros, dos quais 200 milhões de euros serão alocados a esse segmento. Após ter comprado a empresa espanhola de energia solar ACS no ano passado, a Galp Energia pretende continuar a apostar neste segmento e espera atingir uma produção de 1,2 gigawatts no fim deste ano e de 10 gigawatts até 2030.
Brown explicou que foram identificadas várias oportunidades de investimento que serão analisadas. Além das renováveis, o pré-sal no Brasil e o gás natural em Moçambique também serão alvo de investimento e está a ser analisada a entrada em novos mercados. No entanto, o gestor garante que a prudência irá ditar os investimentos. “Dado que vamos ser prudentes no capex, temos de o ser na remuneração dos acionistas”, acrescentou.
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