Pandemia trava investimentos dos portugueses em 2021
Da compra de casa ou carro, passando pelos mercados financeiros, a pandemia está a travar as decisões e os investimentos dos portugueses, mostra um estudo.
Mudar de emprego, casar ou ter filhos, investir em casa, carro ou mercados financeiros estarão fora dos planos dos portugueses em 2021, mostra um estudo do ISAG – European Business School e do Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC), que revela ainda que o desconforto financeiro foi agravado pela pandemia.
O estudo “Lifestyle e decisões de investimento das famílias portuguesas em 2021” mostra que 76,2% das pessoas estão pessimistas ou muito pessimistas em relação à evolução da economia portuguesa este ano, que será de estagnação no que diz respeito às grandes mudanças de vida e investimentos.
Mudar de emprego está fora dos planos para 77,9% dos inquiridos e 84,7% indicam que não estão à procura de novo trabalho. Nas decisões familiares, casar não será opção para a maioria e ter filhos também não acontecerá para 94,1% dos inquiridos que já os têm e para 89,8% dos que não têm filhos.
A mesma tendência acontece no que toca a investimento: 82,8% dos inquiridos que não têm habitação permanente não procurarão comprá-la em 2021 e, entre os que já a têm, 91% não irão fazer nova compra. Quanto ao carro, 85% não pretendem fazer uma primeira compra em 2021 e 94,2% dos que já têm veículo próprio afirmaram não querer voltar a investir.
No que diz respeito a instrumentos financeiros, 71,3% do total dos respondentes também não demonstraram propensão para investir. Já para os 28,7% que poderão fazê-lo, os instrumentos financeiros estáveis, como os Certificados de Aforro ou do Tesouro, serão as opções mais procuradas, sobretudo, pelas gerações mais velhas (Baby Boomers e Geração X).
Apesar desta falta de apetite por investimentos, o estudo mostra que os Baby Boomers (61 aos 78 anos) estarão disponíveis para gastar mais dinheiro, tanto em investimentos financeiros (numa média superior a 61 mil euros) como na compra de carro (mais de 39 mil euros). Já na compra de habitação, será a Geração X (40 aos 60 anos) a gastar mais, com um investimento médio de mais de 482 mil euros.
O mesmo estudo mostra ainda que as perspetivas dos portugueses para 2021 terão sido impactadas pelo aumento do seu desconforto financeiro. 19,6% dos mais de mil inquiridos admitem que a sua situação financeira é desconfortável ou muito desconfortável, quando, antes da pandemia, apenas 7,3% o indicavam. Do mesmo modo, do cenário antes da pandemia para o atual, houve uma diminuição dos 66,6% para os 52% nos inquiridos que se diziam confortáveis ou muito confortáveis com as suas finanças.
Millennials são os mais disponíveis para mudar de emprego
O estudo analisou ainda os millennials (18 aos 39 anos), concluindo que esta geração, “ao contrário da tendência que se acentuava, mostra estar atualmente a abandonar a mobilidade laboral que a caracteriza”. “Se compararmos a outras gerações, continuarão a ser os millennials os mais disponíveis para mudar de emprego”, dizem as coordenadoras e docentes, Ana Pinto Borges e Elvira Vieira, citadas em comunicado.
Contudo, sublinham, “apenas 31,6% destes millennials admitiram fazê-lo em 2021, um valor muito baixo quando pensamos que a troca frequente de emprego, com a procura de novos desafios e oportunidades, é característica desta geração”.
“85,9% dos que afirmaram querer mudar de emprego irão procurar trabalho por conta de outrem, desvalorizando a criação de negócios e o empreendedorismo que vinham crescendo, nos últimos anos entre os millennials”, acrescentam. Além disso, o estudo mostra ainda que apenas 32% dos millennials quererem investir na área financeira, sendo a “geração que mais admitiu fazê-lo em produtos de risco como as criptomoedas”.
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