Movimento nos portos do continente caiu 6% em 2020 para quase 82 milhões de toneladas
Pelo menos desde 2000, Lisboa não contabilizava um volume de carga movimentada inferior a 10 milhões de toneladas, adianta a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
Os portos do continente movimentaram 81,85 milhões de toneladas em 2020, menos 6% do que no ano anterior, uma quebra impactada pelo carvão e produtos petrolíferos, segundo dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
“Os portos do continente registaram em 2020 um volume total de carga 81,85 milhões de toneladas, uma quebra de -6% face ao ano anterior, que reflete, em volume, -5,22 milhões de toneladas”, indicou, em comunicado, a AMT.
Para este desempenho contribuíram, sobretudo, o carvão, “que afetou quase integralmente o porto de Sines”, e os produtos petrolíferos, com menos 2,14 milhões de toneladas.
Entre as principais descidas estão ainda granéis sólidos, produtos aquícolas e a carga fracionada com, respetivamente, menos 745,5 mil toneladas, 423,5 mil toneladas e 348,3 mil toneladas.
No sentido inverso, destaca-se a carga contentorizada com uma quota recorde de 38,9%, o que representa uma subida respetiva de 1,54 milhões de toneladas.
“O efeito conjugado do comportamento das cargas a nível dos portos determina variações positivas apenas em Sines, Faro e Figueira da Foz, registando acréscimos de +0,9%, +61,8% e +1,6%”, lê-se no documento.
Por sua vez, Leixões e Lisboa apresentaram retrocessos de 2,48 milhões de toneladas e 2,46 milhões de toneladas, respetivamente.
Pelo menos desde 2000, Lisboa não contabilizava um volume de carga movimentada inferior a 10 milhões de toneladas.
A liderar o volume de carga movimentada ficou o porto de Sines com uma quota de 51,5%, mais 3,5 pontos percentuais do que no final de 2019, seguido por Leixões (20,9%), Lisboa (11%), Setúbal (7,7%), Aveiro (5,9%) e Figueira da Foz (2,4%).
Em 2020, o mercado de carga contentorizada avançou 5,1% para 31,8 milhões de toneladas, impulsionado por Sines.
Já o segmento dos contentores terminou 2020 com um volume de 2,8 milhões de TEU (medida-padrão utilizada para calcular o volume de carga de um contentor), mais 2,6% do que no período homólogo, valor para o qual contribuiu sobretudo o porto de Sines, com um acréscimo de 13,3%.
Leixões e Setúbal também tiveram recordes de volumes anuais de TEU ao atingirem 703,93 mil TEU e 166,86 mil TEU, respetivamente, o equivalente a acréscimos de 2,6% e de 22,2%.
O porto de Sines mantém a liderança neste segmento com uma quota de 57,6%, um aumento de 5,4 pontos percentuais em comparação com 2019.
Seguem-se Leixões (25,1%), Lisboa (10,7%), Setúbal (6%) e Figueira da Foz (0,6%).
Nos portos comerciais, por seu turno, verificaram-se 9.424 escalas de navios, o que correspondeu a um volume global de arqueação bruta (GT) de 167,97 milhões, um retrocesso de 17,7% face a 2019.
“Para este comportamento negativo do movimento de navios contribuiu a maioria dos portos, sendo que apenas Setúbal, Faro e Figueira da Foz registaram aumentos do número de escalas, de, respetivamente, +83 (+5,4%), +17 (+58,6%) e +3 (+0,7%). Dos portos que assistiram a uma diminuição do número de escalas sobressai Lisboa, que regista -934 (incluindo cerca de 345 relativas a cancelamentos ocorridos no contexto das medidas de combate à pandemia de covid-19)”, precisou.
No ano passado, a quota mais elevada foi a dos portos do Douro e Leixões, que corresponde a 26,4% do total, seguida por Sines (21,2%), Lisboa (17,6%), Setúbal (17,1%), Aveiro (10,3%), Figueira da Foz (4,9%), Viana do Castelo (1,9%), Faro (0,5%) e Portimão (0,1%).
Conforme apontou a AMT, a variação negativa do volume de carga movimentada em 2020 resulta dos comportamentos negativos das operações de embarque e desembarque, o que se insere no contexto do comércio internacional que se caracterizou, no ano em causa, por uma redução de 15,2% do valor do valor das importações de bens e de 10,2% nas exportações.
O fluxo de embarque foi influenciado pelo comportamento positivo de 15 dos 55 mercados, movimentando mais 4,98 milhões de toneladas do que em 2019, enquanto no segmento das operações de desembarque destaca-se o impacto negativo causado pelo carvão de Sines, cuja quebra ultrapassou os 2,61 milhões de toneladas.
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