PIB cresceu menos no final do ano passado. INE revê de 0,4% para 0,2%
A economia portuguesa contraiu 7,6% em 2020 por causa da crise pandémica, confirmou o INE. Contudo, no quarto trimestre o PIB cresceu menos em cadeia face ao estimado anteriormente.
A pandemia provocou uma queda de 7,6% na economia portuguesa em 2020 face a 2019, confirmou a segunda estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgada esta sexta-feira. A última previsão do Governo feita em outubro apontava para uma contração anual de 8,5%, mas o ministro das Finanças, João Leão, já tinha admitido que o desempenho do PIB tinha sido melhor. Para este resultado contribuiu o desempenho mais forte do quarto trimestre face ao antecipado, continuando a recuperação económica.
“Em 2020, o PIB contraiu 7,6% em volume (crescimento de 2,5% em 2019), refletindo os efeitos marcadamente adversos da pandemia COVID-19 sobre a atividade económica“, revela o gabinete de estatísticas. Esta é a maior queda do PIB no período democrático de Portugal e fica abaixo das últimas previsões divulgadas pela principais entidades: Conselho das Finanças Públicas (-9,3%), Fundo Monetário Internacional (-10%), Comissão Europeia (-9,3%), OCDE (-8,4%) e Banco de Portugal (-8,1%).
A queda do PIB em valor (inclui o efeito da evolução dos preços) foi de 5,3%. Nesta ótica o PIB fixou-se nos 202,7 mil milhões de euros, baixando 10,6 mil milhões de euros face aos 213,3 mil milhões de euros no final de 2019.
Pandemia provoca maior queda do PIB da democracia
O maior contributo negativo (-4,6 pontos percentuais) veio da procura interna, sobretudo devido à contração do consumo privado. A procura externa líquida (exportações menos importações) deu um contributo negativo de três pontos percentuais, “refletindo sobretudo a diminuição sem precedente das exportações de turismo“. As exportações de bens e serviços caíram 18,6% ao passo que as importações baixaram 12%, o que resultou numa balança comercial negativa em 2020, “contrariamente ao observado desde 2013”, nota o INE.
O consumo privado baixou 5,9% no ano passado, “traduzindo-se na redução mais acentuada da atual série (aumento de 2,6% em 2019)”, assinala o INE, esclarecendo que “esta evolução refletiu principalmente o comportamento das Despesas de Consumo Final das Famílias Residentes em bens não duradouros e serviços (-5,9%)”. A quebra do consumo é explicada em particular pela menor aquisição de bens duradouros (-7,6%), como é normal nas crises económicas, registando-se um “decréscimo significativo” na compra de carros.
Do lado do consumo público, houve um aumento ligeiro de 0,5% que é explicado pelo encerramento de vários serviços públicos. Porém, “em termos nominais, em consequência do maior aumento do deflator deste agregado da despesa, o consumo público registou um crescimento de 6,1% (3,4% em 2019)”.
O investimento na economia portuguesa baixou 4,9% em 2020, resistindo melhor do que em outras crises. Todas as componentes deram um contributo negativo com o investimento em equipamento de transporte a cair 27,2%, mas houve uma exceção: em contraciclo, o investimento em construção aumentou 4,8% em 2020, o que compara com uma subida de 7,2% em 2019.
Afinal economia cresceu menos no quarto trimestre
A economia portuguesa surpreendeu no quarto trimestre ao ter crescido face ao terceiro trimestre mesmo com a introdução de restrições mais duras para controlar a pandemia. Inicialmente, o INE apontava para um crescimento de 0,4% em cadeia, mas o valor foi agora revisto para metade (0,2%).
Em termos homólogos (quarto trimestre de 2020 face ao quarto trimestre de 2019), a queda aumentou de 5,9% para 6,1% por causa desta revisão fruto da incorporação de mais informação. Contudo, esta revisão não se traduziu numa mudança no valor anual.
No quarto trimestre, segundo o INE, a procura interna deu um contributo menos negativo para o PIB, face ao terceiro trimestre, o que é explicado, “em larga medida”, pela contração “menos pronunciada” do investimento. O melhor desempenho do investimento permitiu compensar uma queda do consumo privado maior no final do ano do que no terceiro trimestre.
A procura externa líquida deu um contributo negativo de 3,5 pontos percentuais, acima dos 2,1 pontos percentuais registados no terceiro trimestre.
Contudo, o comportamento do investimento no quarto trimestre foi “determinada pelo comportamento da Variação de Existências”, isto é, os stocks. “Note-se que o contributo da Variação de Existências no 3º trimestre refletiu um efeito de base significativo, verificando-se também um escoamento de existências acumuladas anteriormente”, explica o INE.
PIB cresceu mais em 2019
A incorporação de nova informação nas contas nacionais levou a uma revisão em alta do PIB de 2019 de 2,2% para os 2,5%.
“Os dados provisórios de 2019 foram revistos devido à incorporação de nova informação de base, observando-se revisões em alta do saldo externo de serviços e do consumo privado“, explica o gabinete de estatísticas.
(Notícia atualizada às 11h58 com mais informação)
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