Governo dos Açores diz que há proposta para fábrica de transformação de pescado no Pico
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova fábrica até janeiro de 2020. Mas o projeto não avançou.
O secretário regional do Mar dos Açores disse esta segunda-feira que há uma empresa interessada em instalar uma fábrica de transformação de pescado na ilha do Pico, mas acusou o executivo anterior de esconder a desistência da Cofaco.
“Está a ser considerada uma proposta de investimento que ronda os dez milhões de euros e que envolverá a criação de cerca de 150 novos postos de trabalho. De resto, segundo este investidor, o mesmo já havia sido contactado pelo anterior secretário regional da Ciência, Mar e Tecnologia, no verão de 2020”, adiantou o secretário regional do Mar e das Pescas, Manuel São João, numa conferência de imprensa na Câmara Municipal da Madalena, na ilha do Pico.
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores, com o compromisso de abrir uma nova fábrica até janeiro de 2020, com capacidade inicial para 100 trabalhadores e a possibilidade de aumentar o efetivo até 250, mas o projeto nunca avançou.
Manuel São João disse ter tido confirmação, no dia 4 de fevereiro, por parte do administrador do grupo Cofaco, de que a empresa “tinha desistido do projeto”, mas sublinhou que a decisão “já havia sido comunicada ao anterior secretário regional da Ciência, Mar e Tecnologia” do Governo do PS.
O governante deduziu que se o executivo açoriano já tinha contactado outra empresa interessada em investir no Pico, no verão de 2020, sabia da desistência da Cofaco nessa altura, mas não o revelou publicamente, em vésperas de eleições, nem transmitiu essa informação ao novo executivo, de coligação PSD/CDS/PPM, que tomou posse em novembro de 2020.
“Na pasta de transição entre governos nada foi referido em relação a um novo investidor, nem na Secretaria Regional do Mar e das Pescas existe qualquer documentação oficial sobre o assunto. Este Governo soube desta intenção através do próprio interessado e só isso”, salientou.
O projeto de construção da nova fábrica, apresentado pela PDM – Transformação e Comércio de Pescado, Lda., do grupo Cofaco, em 2017, previa um investimento global de cerca de 6,8 milhões de euros, que seria candidato a fundos comunitários, no âmbito do Plano Operacional Mar 2020.
Manuel São João disse que o novo executivo “desenvolveu contactos junto de potenciais investidores que, de algum modo, pudessem estar interessados num investimento de idêntica natureza”, uma vez que os prazos para execução de projetos do Plano Operacional Mar 2020 estão “circunscritos ao final de 2022”.
“Tendo em conta a salvaguarda dos interesses da região no aproveitamento das verbas disponibilizadas pelo PO Mar 2020, entende a Secretaria Regional do Mar e das Pescas que se devem envidar todos esforços para alcançar acordo com o investidor, dentro dos trâmites legais, garantindo uma mais valia para o setor económico regional, em particular da ilha do Pico”, afirmou.
O deputado socialista Miguel Costa, eleito pela ilha do Pico, já tinha revelado, no sábado, em comunicado de imprensa, que o anterior Governo Regional tinha iniciado contactos com vista à instalação de um projeto alternativo à fábrica da Cofaco.
Anunciou ainda a apresentação de um requerimento, no qual questionava o atual executivo sobre o ponto de situação destas negociações.
O secretário regional do Mar alegou, no entanto, que se reuniu com os quatro deputados regionais eleitos pelo Pico no dia 3 de março, tendo transmitido o ponto de situação do processo, e que não recebeu “qualquer comentário sobre o assunto” por parte de Miguel Costa.
O governante acusou o anterior executivo, liderado por Vasco Cordeiro, de não ter salvaguardado os interesses da região, alegando que “entre a comunicação do anterior governo a um potencial investidor até ao dia de hoje passaram sete meses”, tempo que considerou “crucial para a realização ou não de um investimento de muitos milhões de euros”.
“Não foi o promotor que enganou os picoenses. O Governo anterior pode-se ter sentido enganado, mas quem enganou os picoenses foi o Governo socialista, que foi coveiro e cangalheiro neste processo”, acusou.
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