Fábrica da Tryba em Famalicão entra em produção em 2022
Janelas de alumínio ou em PVC e vidros duplos vão sair das três naves fabris que estarão operacionais no início do próximo ano. Projeto tem apoio de 9,57 milhões a fundo perdido do PT2020.
O projeto da Tryba começou a ser desenhado há precisamente um ano. O objetivo é criar uma fábrica para a produção de janelas em alumínio e em PVC, mas também vidros duplos. Mas o contrato de investimento, para obter apoio do Portugal 2020 só foi assinado a semana passada e a fábrica começa agora a ganhar forma. Em causa está um investimento de 49,27 milhões de euros que pretende criar 200 postos de trabalho em Famalicão.
Com capital do grupo francês Atrya e da portuguesa Caixiave, a Tryba deverá começar a produzir já em janeiro de 2022. “As obras arrancaram em outubro do ano passado, mas o inverno não ajudou nos trabalhos de terraplanagem, que estão agora em fase final, e por isso só agora estamos a lançar a estrutura de betão armado”, conta ao ECO o presidente executivo da Caixiave. Carlos Sá aponta para que “a primeira nave industrial esteja concluída no final do ano e que entre em produção em janeiro de 2022 e a segunda em abril ou maio desse ano”.
O projeto consiste numa unidade de produção de janelas de alumínio, orientada para o mercado em geral e para o mercado ibérico, e uma segunda unidade para janelas standardizadas de PVC para as grandes superfícies como o Leroy Merlin. O objetivo é satisfazer mercados como França, Itália ou Grécia, onde o grupo Atrya — que detém 49% do capital da Caixiave — já está presente. Além disso, numa terceira nave fabril serão produzidos vidros duplos para alimentar estas janelas e encurtar o tempo de resposta aos clientes, explica Carlos Sá.
“Para o funcionamento destas três unidades de fabrico serão necessários 222 postos de trabalho, 21 dos quais altamente qualificados”, diz ainda o responsável. Uma contratação que deverá acontecer até 2025. A previsão é a Tryba atingir um volume de negócios de 50 milhões de euros, em 2025, quando já estiver em velocidade cruzeiro.
O anúncio do investimento de quase 50 milhões da Tryba foi feito em maio do ano passado, apesar de a candidatura do projeto ao apoio do Portugal 2020 ter sido submetida em março de 2020. A decisão da Comissão Interministerial de Coordenação do Acordo de Parceria – CIC Portugal 2020 só surgiu em fevereiro deste ano, com uma resposta afirmativa a um apoio a fundo perdido de 9,57 milhões de euros para “a instalação de uma unidade fabril destinada à produção de janelas e portas de elevada performance em alumínio, PVC e pérgulas bioclimáticas, com produção própria de vidro duplo, distinguindo-se pelas características inovadoras de isolamento térmico, acústico, otimização de luz e segurança”.
Neste investimento total, 1,31 milhões de euros corresponderam à aquisição dos terrenos para a instalação de raiz desta fábrica.
O presidente da Câmara de Famalicão atribui esta demora no arranque do projeto a uma “conjugação de fatores”: a pandemia e as “questões burocráticas dos apoios”. Mas saúda o facto de, apesar da Covid-19, “não ter havido qualquer tipo de recuo ou de oscilação na intenção de investimento”. Em declarações ao ECO, Paulo Cunha recorda ainda que o projeto contou também com apoios da autarquia já que foi classificado “projeto empresarial de interesse municipal ao abrigo do regulamento Made 2IN”. Isto significa que obteve uma redução de 91% de taxas municipais de licenciamento das operações urbanísticas, correspondendo ao montante estimado de 210,41 mil euros, tendo o contrato sido assinado a 10 de dezembro de 2020.
Por outro lado, através da Aicep, a Tryba beneficiará ainda de uma redução de 91% do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para um período de cinco anos, cuja estimativa calculada é de 20,94 mil euros e uma redução de 91% do Imposto Municipal sobre Transações (IMT) cuja estimativa da respetiva despesa fiscal é de 77,78 mil euros, de acordo com os dados que a Câmara avançou ao ECO. Ou seja a empresa vai beneficiar de um conjunto de benefícios de natureza fiscal no valor de 309 mil euros.
Caixiave também investe no aumento de produção
Para as soluções costumizadas de janelas em PVP a resposta vai continuar a ser dada pela Caixiave que também já está “no limite dos limites”, diz o responsável. Por isso está também em marcha um investimento para aumentar a produção. Números ainda não há, para já, mas a empresa comprou o terreno adjacente para se poder expandir. Carlos Sá ainda está a fazer contas aos equipamentos que terá de adquirir, mas admite fazer nova candidatura ao Portugal 2020 para apoiar mais este investimento.
Os apoios que existem para a substituição de janelas mais eficientes do ponto de vista energético têm gerado um “acréscimo de procura significativo”, reconhece o presidente executivo. A empresa terminou o ano passado com um volume de negócios de 29,26 milhões de euros dos quais 34% resultaram da exportação dos seus produtos (9,95 milhões de euros).
“As pessoas têm uma ideia dos apoios, mas há sempre falta de elementos para a candidatura. Temos duas pessoas dedicadas a isso e por vezes até ajudamos a preencher a candidatura”, acrescenta. Mas os apoios lançados em setembro para substituir janelas antigas por novas, mais eficientes, com apoio do Fundo Ambiental, esgotaram rapidamente, por isso, a empresa tem agora os olhos postos no novo concurso que será lançado em abril e as medidas que vierem a ser lançadas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.
O potencial de negócio é grande já que 29% dos edifícios em Portugal precisam de obras de reabilitação, 70% dos edifícios foram construídos sem requisitos de eficiência energética e apenas 6% dos fogos têm soluções de construção com requisitos de qualidade térmica e eficiência energética. O universo em causa são 3,5 milhões de edifícios e 5,9 milhões de fogos em Portugal, de acordo com os dados fornecidos pela Caixiave.
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