Acaba-se a moratória, sobe a prestação da casa
Famílias conseguiram uma folga com as moratórias no crédito da casa, mas agora voltam a ter de pagar as prestações. E a fatura que chegar em abril trará uma mensalidade mais elevada.
Foi há pouco mais de um ano que a pandemia do novo coronavírus mudou a vida de todos. Perante um vírus altamente contagioso, o mundo começou, aos poucos, a fechar-se, encerrando negócios e empurrando as famílias para a segurança das suas casas. Um cenário inimaginável com fortes consequências para as economias e as poupanças de muitos que, para evitarem incumprir nos créditos contraídos, viram nas moratórias uma “tábua de salvação”. Algumas dessas terminam agora, trazendo uma fatura mais pesada já na próxima prestação.
Quase em simultâneo, os bancos começaram a preparar-se para as dificuldades que muitas famílias iriam ter em pagar os seus créditos, nomeadamente os que contraíram para a compra de casa. Avançaram com soluções próprias que depois decidiram consolidar naquelas que são conhecidas como moratórias privadas. Foram disponibilizadas praticamente ao mesmo tempo que o Governo avançou com a moratória pública, oferecendo quase as mesmas condições.
Foram todas pensadas para um prazo curto, acreditando-se que a pandemia poderia ser passageira, mas a realidade veio a mostrar-se mais grave do que o antecipado. De seis meses, passaram a ter uma validade de 12 meses, e o prazo ainda aumentou mais, mas apenas no caso da moratória pública que vai vigorar, no limite, até ao final de dezembro.
Para parte dos clientes bancários com crédito à habitação, termina agora o período em que puderam não carregar o fardo da prestação da casa, sem qualquer penalização. São dezenas de milhares de famílias que, agora, voltam a ter de pagar o crédito, mas que vão confrontar-se com uma prestação mais elevada.
Em moratória, considerando como exemplo um financiamento de 150 mil euros por um prazo de 30 anos (dez dos quais já passados) indexado à Euribor a seis meses e com um spread de 1,5%, conseguiram uma folga de 2.963 euros nos seus orçamentos. Isto tendo em conta a prestação mensal de 495 euros.
Agora, com a primeira fatura após a moratória, o valor da prestação é mais elevado. Excluindo da simulação a variação do indexante do crédito, só pela capitalização de juros no total do montante ainda em dívida, a mensalidade vai agravar-se.
A retoma do pagamento da prestação em abril de 2021 acarreta um custo extra de 1,2% face à pré-pandemia, de acordo com cálculos realizados pela Deco. No que respeita ao valor da prestação, considerando esta simulação, esta poderá fixar-se em 500,72 euros, ou seja, 5,72 euros acima dos encargos mensais prévios à moratória.
Este extra vem aumentar em mais 68,64 euros de encargos anuais com o empréstimo da casa, valor que se multiplica pelo número de anos até ao final do financiamento. E é preciso ter em conta também que haverá outros encargos, como comissões e seguros, que terão de ser suportados durante mais tempo já que os meses em que o empréstimo esteve em moratória são adicionados ao final do prazo inicial.
O agravamento dos encargos pode não parecer elevado, mas poderá não ser comportável para muitas famílias, principalmente aquelas que continuam a sentir o impacto da pandemia nos seus rendimentos, seja pela quebra dos mesmos, seja pela ausência destes em resultado de desemprego.
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