Contratar e construir equipas tech. “Portugal é uma grande combinação de fatores, não é apenas barato”
Mão de obra mais barata, excelente localização, infraestruturas e clima são apenas alguns dos fatores que tornam Portugal atrativo para trabalhar. As pessoas são o elemento fundamental.
A opinião foi unânime: Portugal é um país muito atrativo, não só para turismo, mas também para contratar talento e fazer negócio. E os números têm-no provado. Ainda recentemente, o país foi eleito o 26.º destino mais atrativo para trabalhadores estrangeiros em 2020, o que representa uma subida de quatro posições face a 2018, segundo um estudo da BCG. Têm também sido várias as empresas internacionais a estabelecer-se no país, contribuindo para um ecossistema de inovação cada vez maior e mais diversificado.
Os fatores que tornam Portugal um país ideal para contratar e construir equipas tech são, contudo, vários, e vão muito mais longe do que apenas a mão de obra barata.
“Não venham para cá só por os custos serem mais baixos. Há sítios mais baratos ainda, mas para os quais as pessoas não querem ir”, começa por dizer John Graham-Cumming, CTO da Cloudflare, que já conta com 100 pessoas no centro criado no verão de 2019 em Lisboa. “Isto é sobre pessoas, não sobre salários. Sim, é mais barato contratar aqui do que em Londres por exemplo, mas Portugal é uma grande combinação de fatores, não é apenas barato”, continua.
John Graham-Cumming fez parte do debate “Hiring and Building Tech Teams in Portugal – Why and How”, organizado pela Landing.Jobs, juntamente com Mark Jacobi, managing director da Volkswagen Digital Solutions, João Borga, diretor executivo da Startup Portugal e managing director da Rede Nacional de Incubadoras (RNI), e Diogo Oliveira, CEO da Landing.Jobs. Para o CTO da Cloudflare, o tempo, o custo de vida, a cultura, as próprias pessoas e a educação são fatores que tornam Portugal um destino tão atrativo para contratar e construir equipas. “Não é sobre tech, é sobre tudo aquilo que está à volta do tech”, remata.
Para Mark Jacobi, as empresas devem procurar o pack completo. Além dos fatores mencionados por John Graham-Cumming, o managing director da Volkswagen Digital Solutions salienta a “excelente localização” do país, as infraestuturas e as “ótimas ideias e soluções” que nascem de profissionais portugueses. “As pessoas em Portugal são desenrascadas, não gostam de rotina”, afirma, acrescentando que, no país lusitano, as coisas acontecem independente das adversidades e de forma criativa.
Já no que toca à educação, Diogo Oliveira diz que as empresas e as instituições públicas devem olhar para o reskilling e upskilling como formas de aumentar o talento e a competitividade. Os bootcamps, salienta, são uma forma muito rápida de fazê-lo. “As pessoas aprendem muito rapidamente, num período curto de tempo, e de uma forma muito dedicada”, afirma. João Borga considera que as startups, scaleups e unicórnios estão agora mais conectados e mais próximos das universidades, tentando criar, numa solução tailor-made, as skills de que mais necessitam.
A grande dificuldade na atração de talento está, contudo, no custo do imobiliário no país. “O preço da cerveja pode ser um euro, mas o custo do imobiliário é muito alto. É o elefante na sala”, diz John Graham-Cumming.
Mais mulheres no setor tech. Mais diversidade de pensamento e experiências
A necessidade de maior diversidade de género no setor da tecnologia continua a ser um dos temas principais, e também uma das maiores dificuldades. “É muito difícil promover a inclusão de mulheres no setor tech. Precisamos de criar heróis e exemplos que inspirem outros”, afirma João Borga, salientando que trazer mais talento feminino para o setor é também uma forma de aumentar o talento disponível.
É muito difícil promover a inclusão de mulheres no setor tech. Precisamos de criar heróis e exemplos que inspirem outros.
Na Volkswagen Digital Solutions, apenas 25% do talento é feminino, uma percentagem que Mark Jacobi pretende duplicar, apesar das dificuldades que encontra pelo caminho. “Parece que estamos a andar ao contrário no setor tecnológico”, diz. Este trabalho tem de ser feito em equipa, com exemplos de sucesso que inspirem outros e desde cedo, não só nas empresas, mas na escola. “É aí que podemos aumentar o número de mulheres no setor”, refere João Borga.
A diversidade deve, contudo, ser encarada de uma forma mais holística. Não só de género, mas também de experiências, ideias, backgrounds. Diversidade cognitiva, no fundo. Para John Graham-Cumming, as empresas devem recrutar a pensar nas vantagens que várias perspetivas trazem ao negócio e não procurando cópias.
Para facilitar o caminho das empresas estrangeiras que queiram contratar em Portugal ou estabelecer-se no país, a Landing.Jobs lançou a segunda edição do livro “Hiring in Portugal”. A ideia deste e-book é facilitar este processo de “chegada” ao mercado, detalhando os processos instituídos e simplificando-os. Este ano, o livro é lançado em colaboração com a Aicep, e conta ainda com o apoio da Startup Portugal, da Invest Lisboa, InvestPorto e da revista Pessoas. Pode fazer o download do e-book através deste link.
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