Nova solução permite eliminar vírus em tecidos de colchões, lençóis e fronhas

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

Depois de vários ensaios e testes, o consórcio português descobriu uma formulação que, através de uma tecnologia sustentável – um ‘spray coating’ – permite eliminar vírus em tecidos de colchões.

Um projeto de investigação e desenvolvimento, promovido pela empresa Maroco e por dois centros portugueses, criou uma solução que permite, com recurso a uma tecnologia sustentável, eliminar vírus em tecidos de colchões, lençóis e fronhas, revelou esta sexta-feira o responsável.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Costa, administrador da empresa especializada em produtos para a indústria de estofos em Paços de Ferreira, explicou que o projeto tinha como objetivo “aumentar o grau de segurança de produtos usados no setor hoteleiro”, nomeadamente, ao nível têxtil.

O projeto, intitulado ‘Safety4Guest’, iniciou-se há cerca de seis meses ao abrigo dos programas de apoio do Governo para o desenvolvimento de soluções contra a covid-19 e, além da Maroco, contou com a colaboração do Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI) e do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB).

Depois de vários ensaios e testes, o consórcio português descobriu uma formulação que, através de uma tecnologia sustentável – um ‘spray coating’ – permite eliminar vírus em tecidos de colchões, lençóis e fronhas. A tecnologia de aplicação em spray é uma técnica emergente na indústria têxtil que se distingue por ser “mais ecológica quando comparada com outras técnicas convencionais” ao utilizar menos água, energia e matéria-prima.

Para validar a solução, os investigadores recorreram ao bacteriófago Fi6, que é estruturalmente semelhante ao SARS-CoV-2, mas que infeta “única e exclusivamente bactérias” e que reduz o risco para o utilizador, explicou Joana Barros, investigadora do INEB responsável pela avaliação das propriedades antivíricas associadas às amostras desenvolvidas pelo CeNTI e pela Maroco.

“Após recebermos as amostras, fazíamos a incubação da amostra com uma solução de vírus e incubávamos durante 24 horas. No final, quantificávamos o número de vírus que sobreviviam, permitindo assim obter a percentagem de inibição”, referiu.

Pelo INEB passaram, ao longo do projeto, cerca de seis tipos de têxteis e entre sete e oito formulações diferentes, sendo que “quanto menos composição o tecido tiver, mais disponível fica a formulação para exercer a sua função de inativação do vírus”, esclareceu Joana Barros.

Lorena Coelho, investigadora do CeNTI e que no âmbito do projeto foi responsável pelo desenvolvimento das formulações, salientou que os principais desafios foram “selecionar a formulação que teria desempenho” e a “própria tecnologia de aplicação em spray”.

“Um dos maiores desafios foi selecionar a formulação que teria este desempenho e outro foi a própria tecnologia de funcionalização em si porque é uma tecnologia que acaba por gastar menos matéria-prima, o que consequentemente nos dá menos quantidade de material do têxtil, e ter o mesmo desempenho comparativamente às outras tecnologias é um desafio”, disse.

Apesar dos desafios, o CeNTI identificou “algumas formulações com 100% de desempenho de atividade antivírica”, assegurou Lorena Coelho. A fórmula descoberta já foi testada em várias lavagens domésticas e “continua eficaz” após cinco ciclos de lavagem a 40 graus com um detergente comum, referiu Miguel Costa, acrescentando estarem, neste momento, a ser feitos testes “em máquinas industriais e a temperaturas mais altas”.

Com o foco no setor hoteleiro, o administrador da Maroco afirmou que esta solução permite transmitir “mais segurança às pessoas”. “Tudo o que quero é contribuir para que consigamos ultrapassar isto [pandemia] e que as pessoas comecem a sentir confiança”, disse, revelando estar à espera de uma reunião com a Direção-Geral da Saúde “para que o produto possa ser usado no tratamento da roupa dos profissionais de saúde”.

A validação da solução desenvolvida, segundo os requisitos exigidos pela indústria hoteleira e hospitalar está, neste momento, em curso. Segundo Miguel Costa, a Maroco tem “uma grande capacidade de produção e de aplicação” da solução desenvolvida, conseguindo fazer o tratamento “de 100 a 150 metros de tecido a cada dois minutos”. À Lusa, o administrador da Maroco revelou que o próximo objetivo por “dar proteção aos tecidos usados nas máscaras reutilizáveis (máscaras sociais)”.

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Vista Alegre regista prejuízo de 2,1 milhões em 2020 impactado pela pandemia

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

A empresa tinha lucrado 7,5 milhões de euros em 2019. Apesar do impacto da pandemia, o volume de negócios fixou-se em 110 milhões de euros, com uma diminuição de apenas de 8,1% relativamente a 2019.

O grupo Vista Alegre registou um prejuízo de 2,1 milhões de euros no ano passado, contra lucros de 7,5 milhões de euros em 2019, impactado pela pandemia, anunciou esta quinta-feira a empresa.

“Os resultados consolidados do exercício de 2020 do Grupo Vista Alegre foram fortemente afetados, nomeadamente a partir de março e até final do ano, com restrições severas ao comércio e circulação de pessoas que levaram á diminuição da procura e redução de encomendas“, refere a Vista Alegre, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Apesar de todas as adversidades ao longo do ano, o volume de negócios fixou-se em 110 milhões de euros, com uma diminuição de apenas de 8,1% relativamente ao ano de 2019“, refere a marca, salientando que no segundo semestre “a Vista Alegre registou um crescimento no volume de negócios de 5,1 milhões de euros (+8,2%) face ao período homólogo, demonstrando assim uma assinalável resiliência e robustez do negócio, face ao período difícil que o mundo e a economia global atravessam”.

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) caiu 37% para 16 milhões de euros.

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Obras da Linha Rosa e Amarela da Metro do Porto já arrancaram

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

Neste momento, a obra da Linha Rosa “não produz impactos nas imediações e não impõe, neste momento, qualquer tipo de condicionamento rodoviário”.

As obras de construção da Linha Rosa e de expansão da Linha Amarela da Metro do Porto já arrancaram e “não impõem, neste momento, condicionamentos rodoviários ou desvios de trânsito”, revelou esta sexta-feira à Lusa fonte da empresa.

A fonte da Metro do Porto afirmou que a empreitada de construção da Linha Rosa, que se traduz num novo trajeto no Porto entre a zona de S.Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música, arrancou na segunda-feira, dia 29 de março.

Com quatro novas estações subterrâneas e um percurso em túnel de quase três quilómetros, esta linha tem o cunho de dois prémios Pritzker [considerados o Nobel da Arquitetura] uma vez que Eduardo Souto Moura é o responsável pelos projetos das novas estações, sendo que a de São Bento é assinada em parceria com Álvaro Siza Vieira.

A primeira intervenção da Linha Rosa está em curso no espaço da futura estação da Casa da Música, no gaveto da Avenida de França com a Rotunda da Boavista. “A par do derrube do muro que circunda este terreno, estão a decorrer trabalhos de desbaste do espaço, de instalação de estaleiros de apoio à obra e de prospeção arqueológica”, adiantou.

Neste momento, a obra da Linha Rosa, que se vai ligar às linhas Azul, Vermelha, Verde, Violeta e Laranja na Casa da Música, bem como à Linha Amarela na Estação de S. Bento, “não produz impactos nas imediações e não impõe, neste momento, qualquer tipo de condicionamento rodoviário”.

Em simultâneo, está também em desenvolvimento a empreitada de extensão da Linha Amarela, que atualmente cruza o rio Douro através da ponte Luís I, partindo do Hospital de São João, no Porto, até Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia.

A expansão da Linha Amarela para sul acontecerá através de um viaduto sobre a autoestrada, sendo que depois a linha entrará num túnel até chegar à futura estação Manuel Leão, em Gaia, onde servirá a Escola EB 2-3 Soares dos Reis e o Centro de Produção da RTP no Monte da Virgem.

De seguida, a linha volta à superfície até à estação do Hospital Santos Silva, uma das unidades do Centro Hospital de Vila Nova de Gaia/Espinho, partindo para a urbanização de Vila D’Este, que tem mais de 15 mil residentes.

Segundo fonte da Metro do Porto, o estaleiro social do consórcio Ferrovial/ACA já está montado no início da estrada nacional 222, junto à estação D. João II do metro, e durante a próxima semana “será encerrado o parque de estacionamento público situado na Rua Conceição Fernandes, em frente ao Hospital Santos Silva”.

Os trabalhos preparatórios para o emboquilhamento do túnel que conduzirá o metro à superfície vão iniciar-se neste local, garantindo a Metro do Porto que após a conclusão da obra, o parque de estacionamento “voltará a estar disponível numa nova configuração”. “Nestes primeiros tempos, a empreitada não implica nenhum desvio de trânsito”, acrescentou.

Na cerimónia de consignação das obras da Linha Rosa e Amarela, que decorreu a 16 de março nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga anunciou que os trabalhos “decorrerão durante três anos”, até 2024.

As obras de prolongamento da Linha Amarela e de construção da Linha Rosa representam, no total, “um acréscimo de seis quilómetros e sete estações à rede de metro do Porto e um investimento total superior a 400 milhões de euros”, referiu durante a cerimónia, depois de a 03 de março, fonte oficial da Metro do Porto ter revelado à agência Lusa que o Tribunal de Contas (TdC) deu luz verde a estas obras.

O visto do TdC foi dado aos contratos assinados, em novembro, entre a Metro do Porto e consórcio Ferrovial/ACA.

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Contrarrelógio para portugueses e britânicos nomearem representante fiscal

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

A obrigação apanhou cidadãos e profissionais de surpresa, pois a questão não está a ser comunicada pelos consulados ou pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

Dezenas de milhares de portugueses residentes no Reino Unido, incluindo crianças, e britânicos com segundas residências em Portugal terão de nomear um representante fiscal nos próximos 90 dias ou arriscam uma coima de até 7.500 euros.

A obrigação, uma consequência da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), processo conhecido por ‘Brexit’, apanhou cidadãos e profissionais de surpresa, pois a questão não está a ser comunicada pelos consulados ou pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

Silvia de Sousa, radicada em York, no nordeste de Inglaterra desde 2003, queixa-se de que há falta de informação e considerou que a obrigação de nomear um terceiro como representante é absurdo numa altura em que existem incentivos ao relacionamento com a administração pública remotamente, pela Internet.

“Não faz sentido num mundo digital em que a administração fiscal faz notificação por ‘email’. Além de que eu sempre recebi cartas das Finanças aqui em casa no Reino Unido, não percebo o que é que impede que continuem”, disse Silvia de Sousa à agência Lusa.

Proprietária de um imóvel que recebeu como herança, esta economista explicou que não tem familiares nem amigos a quem quer passar esta responsabilidade. No seu caso, a mãe, octagenária, sofre da doença de Parkinson e por isso está incapaz de tomar conta da correspondência. Outra solução seria contratar o serviço a um advogado, mas o custo anual pode variar entre 50 a 600 euros, segundo vários escritórios consultados pela Lusa.

Esta despesa pode ser multiplicada pelos membros do agregado familiar, já que a obrigação aplica-se a todos os titulares de número de identificação fiscal (NIF), emitido automaticamente com o cartão de cidadão, incluindo menores de idade.

“Esta nova realidade para o residente no Reino Unido poderá levar a situações de abusos. A larga maioria das pessoas detentoras de número de identificação fiscal, não tendo assuntos tributários, não deveriam ter de pagar valores tão elevados só para ter um representante fiscal”, afirmou à Lusa a advogada Sandra Carito, que tem atividade nos dois países.

Na sua opinião, o valor cobrado deveria ser ajustado às necessidades do cliente, sendo normal pagar mais em casos que requerem um serviço específico, ou menos, como uma pessoa que só tenha uma conta bancária em Portugal e não seja titular de bens.

“Por exemplo, em processos sucessórios com vendas subsequentes de imóveis ou contratos de arrendamento, tal implica declarar e pagar mais-valias ou impostos junto da Autoridade Tributária. Nestes casos, o recomendável é que o representante seja um contabilista pois é do âmbito de atividades destes profissionais”, acrescentou.

A falta de designação de representante fiscal, além de uma coima que pode variar entre 75 e 7.500 euros, deixa as pessoas sem possibilidade de reclamar, recorrer ou impugnar uma ordem fiscal, com consequências práticas.

Se se esquecer de pagar o IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis], pode ser executado e a casa ser penhorada e vendida em hasta pública sem ser notificado porque não tem representante fiscal. O banco também pode bloquear a conta, no quadro dos processos de regularização”, explicou à Lusa o advogado Miguel Reis.

A nomeação de representante fiscal é obrigatória para os titulares de NIF com residência fiscal noutro país ou que se ausentem de território português por mais durante seis meses, mas é opcional para os residentes em países da UE ou do Espaço Económico Europeu, que inclui Noruega, Islândia e Liechtenstein.

O Governo português estima que a comunidade portuguesa no Reino Unido ronde as 400 mil pessoas, tendo em conta os cerca de 375 mil inscritos nos consulados e os cerca de 335 mil que têm morada britânica no cartão do cidadão.

Pode ser representante fiscal qualquer pessoa ou entidade em Portugal, que passa a ser o elo de ligação entre o não residente e a Autoridade Tributária (AT). É responsável por receber e guardar correspondência relacionada com rendimentos e contribuições e comunicá-las ao não residente, mas não tem responsabilidade pelo pagamento.

Em 23 de dezembro, a oito dias do fim do período transitório pós-‘Brexit’, o Governo publicou um despacho declarando que “os cidadãos e pessoas coletivas que se encontrem registados na base de dados” da AT teriam seis meses, até 30 de junho, para fazer a nomeação, independentemente da existência de rendimentos ou bens em Portugal.

Apesar de a figura de representante fiscal já existir na Lei Geral Tributária desde 1998 e aplicar-se a todos os titulares de NIF residentes em países terceiros, como no Brasil, desde 2013, não foi dado destaque ao impacto do ‘Brexit’ nesta situação.

Segundo a AT, o Acordo de Comércio e Cooperação dos 27 com o Reino Unido contempla cooperação administrativa e na luta contra a fraude fiscal, mas não isenta os cidadãos desta obrigação, que também vai afetar milhares de britânicos com segundas residências em Portugal.

“Não fazendo o Reino Unido parte do Espaço Económico Europeu, a existência de cooperação administrativa no âmbito da fiscalidade não será aplicável. Importa referir que a figura do representante fiscal foi criada em face da necessidade de assegurar um contacto permanente entre a administração tributária e os sujeitos passivos”, esclareceu a AT à Lusa.

Sandra Carito acredita que os não residentes britânicos vão reclamar porque, na maioria das vezes, vão pagar a uma pessoa por simplesmente receber as cartas de pagamento do IMI. “Quando um residente do Reino Unido muda para o estrangeiro, apenas tem a obrigação de informar a autoridade HMRC, mas fá-lo de forma direta, não lhe é exigido um representante fiscal”, disse.

O assunto já foi levantado por leitores que escreveram ao portal “Portugal Resident”, dirigido à comunidade britânica, indignados com a despesa adicional tendo em conta as contribuições que já fazem para a economia local e nacional.

Christina Hippisley, diretora-geral da Câmara de Comércio Portuguesa no Reino Unido, que realiza regularmente eventos de investimento imobiliário em Portugal, admitiu que a questão tem sido enfatizada e que muitos proprietários britânicos de segundas residências em Portugal já têm representante fiscal, especialmente se fazem arrendamento.

“No entanto, alguns proprietários de segundas residências em ‘resort’ ou condomínio ou que só servem para uso próprio podem ainda não ter cumprido as novas obrigações legais. Estimamos que até 15.000 proprietários britânicos de uma segunda casa em Portugal possam ser afetados”, referiu à Lusa.

Indignada com o impacto desta medida e a falta de resposta às inúmeras cartas ao Governo, Presidente da República e a todos os grupos parlamentares, Sílvia de Sousa pretende iniciar uma queixa ao provedor de Justiça. “Como considero ser esta obrigatoriedade completamente ridícula, pondero mesmo arriscar a multa e continuar a tentar mudar a escrita da lei. O que me ‘irrita’ ainda mais é que não fomos informados de como o ‘Brexit’ nos afeta em território nacional”, concluiu.

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CNE aponta dificuldades em projetos para mudar lei eleitoral autárquica

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

A CNE criticou a “crescente tendência para alterar normas” da lei sobre atos eleitorais “no ano que antecede” a sua realização.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) criticou esta quinta-feira os projetos para corrigir a lei eleitoral autárquica, contestada por grupos de cidadãos, por ser feita a menos de um ano do escrutínio e ter prazos difíceis de cumprir.

No parecer entregue na Assembleia da República, a CNE criticou a “crescente tendência para alterar normas” da lei sobre atos eleitorais “no ano que antecede” a sua realização. O debate na generalidade dos sete projetos do PSD, PAN, PS, BE, PCP e Iniciativa Liberal, para corrigir a lei criticada pelos autarcas por dificultar as candidaturas independentes, está previsto para a próxima semana, no parlamento, faltando fazer a votação final, a seis meses da data das eleições eleições, entre setembro e outubro.

A CNE escreve, nas 24 páginas do parecer, que duvida que seja exequível a alteração proposta para alargar o prazo para a apresentação de candidaturas até ao 30.º dia anterior ao da eleição, porque restam apenas 13 dias para serem enviados os boletins de voto pelo correio.

No texto é explicado que 12 dias “muito dificilmente bastarão para organizar a impressão dos boletins de voto” – são em triplicado, para as assembleias de freguesia, municipal e câmara -, para “as reclamações, decisões e correções, se as houver”, e ainda o envio, por correio, para estudantes, cadeias e hospitais para o voto antecipado.

Considera-se ainda “desproporcionada” a proposta para impedir alguém que é candidato na lista à câmara não poder concorrer a uma assembleia de freguesia, uma inelegibilidade, quando o problema pode ser resolvido com uma incompatibilidade. Ou seja, a pessoa pode ser candidato nas duas listas e depois optar qual o cargo que quer ocupar.

A CNE defende ainda que deve ser mantidas as “regras que facilitem a verificação dos proponentes [das candidaturas], mesmo que não seja obrigatória”, podendo até ser “por amostragem”, sob o risco de ser “suscetível de afetar a integridade do processo eleitoral”.

Outra das reservas relaciona-se com a adoção de um “mecanismo eletrónico” na “dependência do Governo” para subscrever uma candidatura, como também é proposto, porque “possibilita o conhecimento e o controlo de dados pessoais sensíveis” que “deve ser evitada”. O parecer foi aprovado por maioria, em 30 de março, com o voto contra de um dos membros, Carlos Luís.

As alterações à lei eleitoral autárquica, para corrigir aspetos criticados pelos grupos de cidadãos por dificultarem a sua participação, poderão baixar à comissão sem votação, após o debate na generalidade em 08 de abril, no parlamento.

Os pareceres sobre os vários projetos de lei, do BE, CDS, PS, PSD e PCP, estiveram em debate, na quarta-feira, numa reunião na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, durante a qual o deputado socialista Pedro Delgado Alves disse esperar que “possa existir um bom trabalho de especialidade” destes projetos.

Isso só é possível se os projetos forem todos aprovados na generalidade, em plenário, ou se os grupos parlamentares pedirem que baixem à comissão sem votação – recurso que geralmente é usado quando existe uma incerteza quanto à sua aprovação e é, por regra, aprovado pelos restantes grupos parlamentares. Deputados do PS, Bloco de Esquerda e CDS ouvidos pela Lusa admitiram esta segunda possibilidade.

As mais recentes mudanças à lei eleitoral autárquica foram aprovadas no final da sessão legislativa passada, em julho, por PS e PSD, mas foram muito contestadas pela Associação Nacional de Movimentos Autárquicos Independentes (AMAI) por dificultarem a candidatura destes movimentos.

As regras aprovadas – e que os partidos querem agora alterar, embora com soluções diferentes – obrigam os movimentos independentes a recolher assinaturas em separado para concorrer a câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia e impede o uso do mesmo nome para essas candidaturas se apresentarem a votos.

O movimento tinha pedido a intervenção da provedora de Justiça neste assunto em outubro, tendo Maria Lúcia Amaral decidido, em 18 de fevereiro, enviar ao Tribunal Constitucional (TC) para fiscalização sucessiva da lei da eleição dos órgãos autárquicos por eventual “violação dos direitos dos cidadãos de tomar parte na vida política”.

Na quarta-feira, um grupo de autarcas eleitos por movimentos independentes, que tinha pedido uma solução para o problema até quarta-feira, 31 de março, ameaçaram criar um partido político, a partir do dia 09 de abril, caso até essa data não tenham ocorrido alterações à lei eleitoral autárquica.

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Bolsonaro gastou 350 mil euros em férias durante a pandemia

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

O Brasil, que atravessa o momento mais crítico na pandemia, totaliza 325.284 óbitos e 12.839.844 diagnósticos de infeção desde que o primeiro caso foi registado no país, há cerca de 13 meses.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, gastou mais de 2,3 milhões de reais (cerca de 350 mil euros) numas férias realizadas no litoral do país, entre dezembro e janeiro últimos, em plena pandemia, informou um deputado federal.

Os documentos que comprovam os gastos do Presidente nas suas férias, entre 18 de dezembro e 05 de janeiro passados, foram enviados ao deputado federal Elias Vaz (Partido Socialista Brasileiro, PSB) pelos ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, após um pedido de informação oficial feito pelo parlamentar. Os dados foram posteriormente enviados pelo deputado à imprensa local e partilhados nas redes sociais.

Os valores gastos pelo Presidente, e pela sua comitiva, em plena pandemia de covid-19, foram avaliados por Elias Vaz como um “tapa [bofetada] na cara do brasileiro”. De acordo com as informações fornecidas pela Secretaria-Geral da Presidência, foram gastos 1,19 milhões de reais (180 mil euros, no câmbio atual) em despesas com hospedagem do Presidente, da sua família, convidados e toda a equipa de profissionais, alimentação e bebidas consumidas por todos, entretenimento e despesa com locomoção terrestre ou aquática.

Já o GSI, responsável pela segurança de Bolsonaro, informou que foram despendidos 185 mil dólares (cerca de um milhão de reais, ou cerca de 150 mil euros) com transporte aéreo em aeronaves da Força Aérea Brasileira para eventos privados do Presidente neste período, somando manutenção e combustível. No requerimento, a pasta frisou que esses gastos estão previstos no Orçamento Anual da Aeronáutica.

Além disso, foram calculadas despesas de 202 mil reais (30 mil euros) em passagens aéreas e diárias de integrantes da secretaria de segurança e coordenação presidencial. “Numa situação normal, esse gasto já seria um absurdo. Agora, numa situação onde nós tínhamos quase 200 mil mortes [devido à covid-19] naquele período, o fim do auxílio de emergência [para os mais pobres] e a alegada falta de recurso… Nós tínhamos, bem claramente, uma crise sanitária e económica, e ele [Bolsonaro] sai de férias. Já não é uma situação compreensível o Presidente sair de férias num momento desse, e ainda gastou esse dinheiro. É uma afronta ao povo brasileiro”, disse Elias Vaz.

O deputado informou que vai pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue os gastos do chefe de Estado. “Quando o Brasil registava quase 200 mil mortes, o Presidente torrava o dinheiro do povo com passeios. Enquanto isso, falta comida no prato de milhares de cidadãos atingidos em cheio pela crise”, acrescentou Vaz. Nessas férias, Jair Bolsonaro passeou pelas regiões litorais de São Paulo e de Santa Catarina.

O Brasil, que atravessa o momento mais crítico na pandemia, totaliza 325.284 óbitos e 12.839.844 diagnósticos de infeção desde que o primeiro caso foi registado no país, há cerca de 13 meses. A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.816.908 mortos no mundo, resultantes de mais de 128,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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Marcelo assinala “marco histórico” da aprovação da Constituição há 45 anos

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

Nos últimos dias, o texto constitucional esteve no centro do debate político, a propósito de três diplomas aprovados no parlamento e promulgados pelo Presidente da República.

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala esta sexta-feira, passados 45 anos, o “marco histórico” da aprovação da Constituição da República Portuguesa de 1976, afirmando que foi uma honra participar nesse processo como deputado constituinte.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa “recorda o dia 02 de abril de 1976, em que a Constituição foi aprovada em votação final global”. “Recorda, também, a honra de ter participado nessa votação e, em geral, na elaboração da nossa Constituição. Sublinha o facto de ela ter sido e continuar a ser um marco histórico, consagrando o Estado de direito e a democracia política, mas também a democracia económica e social“, lê-se na mesma nota.

Esta curta nota para evocar uma data histórica do período de institucionalização da democracia após o 25 de Abril de 1974 tem como título “Presidente da República saúda 45 anos da Constituição”. Nos últimos dias, o texto constitucional esteve no centro do debate político, a propósito de três diplomas aprovados no parlamento e promulgados pelo Presidente da República que o Governo sustenta que violam a chamada “lei-travão” inscrita na Lei Fundamental.

O Presidente da República promulgou estes diplomas no domingo e justificou a decisão através de uma mensagem escrita, defendendo que os apoios sociais em causa são urgentes e que neste caso “há uma interpretação conforme à Constituição”.

“A interpretação que justifica a promulgação dos presentes três diplomas é simples e é conforme à Constituição: os diplomas podem ser aplicados, na medida em que respeitem os limites resultantes do Orçamento do Estado vigente”, argumentou.

Os três diplomas, aprovados pela Assembleia da República em 03 de março, alteraram decretos-lei do Governo, submetidos a apreciação parlamentar, alargando a abrangência de medidas de apoio a trabalhadores independentes, gerentes e empresários em nome individual, aos pais em teletrabalho e aos profissionais de saúde.

Antes de serem promulgados, o Governo sustentou que estes diplomas violam a “lei-travão” inscrita no n.º 2 do artigo 167.º da Constituição, segundo a qual os deputados e grupos parlamentares “não podem apresentar projetos de lei, propostas de lei ou propostas de alteração que envolvam, no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do Estado previstas no Orçamento”.

Na sequência da sua promulgação, o primeiro-ministro anunciou, na quarta-feira, que vai pedir a fiscalização sucessiva da constitucionalidade destas três leis, com urgência. Em resposta aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, António Costa declarou não existir “nenhum conflito” nem “nenhuma divergência com o senhor Presidente da República”.

O primeiro-ministro considerou que Marcelo Rebelo de Sousa fez até um “esforço de conter os danos constitucionais daquelas leis, dizendo que elas só seriam aplicáveis na medida em que se contivessem no Orçamento do Estado vigente, ou seja, dando quase como que uma carta branca ao Governo” para gerir a sua aplicação.

Marcelo Rebelo de Sousa, professor catedrático de direito entretanto jubilado, assumiu a chefia do Estado em março de 2016 e cerca de um ano depois definia-se como um Presidente que não recorre ao Tribunal Constitucional como “uma espécie de defesa”, mas que exerce “sem complexo nenhum” o veto político, perante fortes divergências.

Demorou mais de três anos a enviar um diploma para fiscalização preventiva da constitucionalidade, só o tendo feito duas vezes até agora, e já vetou 23 diplomas. Na mensagem sobre a promulgação dos três referidos diplomas sobre apoios sociais, incluiu uma explicação sobre os seus critérios de decisão em matéria de promulgação e veto desde que assumiu funções.

Marcelo Rebelo de Sousa explicou que procura “uma interpretação dos diplomas que seja conforme à Constituição” para os promulgar e que “quando é impossível essa interpretação” tem recorrido ao que apelidou de “veto corretivo” e desse modo “convidando a Assembleia da República a aproveitar a sua iniciativa, tornando-a conforme à Constituição”.

Contudo, ressalvou que “em caso de convicção jurídica clara, de se encontrar perante uma inconstitucionalidade e nenhuma justificação substancial legitimar o uso de veto, se reserva o recurso ao Tribunal Constitucional, tal como no caso de a prática parlamentar passar a ser de constante desfiguração do Orçamento de Estado”.

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Contribuintes entregaram mais de 565 mil declarações de IRS no primeiro dia

  • Lusa
  • 2 Abril 2021

Este é o segundo ano consecutivo em que mais de meio milhão de pessoas procede à entrega da declaração do IRS no primeiro dia do prazo, patamar que em 2019 apenas foi atingido no segundo dia.

Mais de 565 mil declarações de IRS foram submetidas pelo Portal das Finanças no primeiro dia do prazo, sendo este o segundo ano consecutivo em que a entrega supera meio milhão. De acordo com os dados disponibilizados no Portal das Finanças, até ao final desta quinta-feira foram entregues 565.903 declarações de IRS.

Daquele total, 479.770 são de contribuintes enquadrados na 1.ª Fase, ou seja, pessoas que em 2020 apenas obtiveram rendimentos de trabalho dependente e/ou de pensões, e 86.133 de contribuintes que auferiram outras tipologias de rendimentos.

Este é o segundo ano consecutivo em que mais de meio milhão de pessoas procede à entrega da declaração do IRS no primeiro dia do prazo, patamar que em 2019 apenas foi atingido no segundo dia. Esta quinta-feira, ao início da noite, o Ministério das Finanças tinha avançado que “até às 19:35 já tinham sido entregues 458.420 declarações de IRS”.

Apesar de oficialmente, o prazo de entrega ter começado dia 01 de abril, no último dia de março já foi possível fazer simulações no portal e até submeter a declaração, razão pela qual, até às 24:00 de quarta-feira, o Portal das Finanças registou a entrega de 198.399 declarações de Imposto sobre as Pessoas Singulares (IRS).

Nos últimos anos, o prazo médio do processamento do reembolso registou diminuições sucessivas, chegando aos 11 dias em 2019. Porém, em 2020, com o início do processo de entrega do IRS a coincidir com o primeiro confinamento geral, os primeiros reembolsos apenas começaram a ser pagos em 21 de abril.

Este ano, a expectativa é que comecem a ser processados mais cedo, segundo indicou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, em entrevista à Lusa, sem, contudo, apontar uma data.

A entrega da declaração anual do IRS relativa aos rendimentos auferidos em 2020 arrancou hoje, prolongando-se até 30 de junho, com quase de dois terços dos contribuintes a poderem, se assim o quiserem, beneficiar do IRS automático. Tal como sucede desde 2018, a entrega da declaração do IRS tem de ser feita exclusivamente por via eletrónica, o que implica que os contribuintes estejam na posse de uma senha válida de acesso ao Portal das Finanças.

Com o alargamento do IRS automático a novas tipologias de rendimentos, o universo potencial de agregados familiares que pode este ano beneficiar deste automatismo ascende a 3,5 milhões, de acordo com o número indicado pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, à Lusa, o que equivale a quase dois terços dos 5,6 milhões de declarações entregues no ano passado.

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S&P 500 fecha acima dos 4.000 pontos pela primeira vez

O S&P 500 superou pela primeira vez o patamar dos quatro mil pontos e acumula um ganho de cerca de 7% desde o início do ano.

Não é mentira: o S&P 500 brilhou na primeira sessão do mês, 1 de abril, e fechou pela primeira vez na sua história acima dos 4.000 pontos. A valorização do setor tecnológico, em particular da Microsoft, Amazon e Alphabet, assim como o otimismo em relação à retoma da economia norte-americana, deram gás a uma sessão de ganhos em Wall Stress.

O Dow Jones subiu 0,52% para os 33.153,21 pontos e o Nasdaq valorizou 1,76% para os 13.480,11 pontos, beneficiando de nesta sessão os ganhos terem sido maiores no setor tecnológico. Mas a estrela foi o S&P 500 com uma subida de 1,18% para os 4.019,86 pontos, ficando na história como a sessão em que ultrapassou este patamar pela primeira vez. O índice acumula um ganho de cerca de 7% desde o início de ano e de cerca de 80% desde o mínimo atingido em março de 2020, no início da pandemia.

Os ganhos do índice também vieram do setor tecnológico — que tinha vindo a sofrer nas últimas semanas em bolsa — com as gigantes Microsoft (que assinou um contrato de 21,9 mil milhões de dólares com o exército norte-americano), Amazon e Alphabet a subir 1% ou mais esta quinta-feira, acompanhadas também das valorizações da Nvidia e da Micron. Esta última cotada, que valorizou 4%, apresentou resultados acima do esperado, além de ter elevado as expectativas em relação aos resultados futuros, contagiando todo o setor.

As bolsas beneficiaram ainda dos detalhes dados pelo presidente norte-americano sobre a proposta de investimento em infraestruturas, o qual inclui estradas, pontes, sistemas de gestão de água e a aposta na energia verde. Apesar destes investimentos serem, no global, positivos para a economia norte-americana, os investidores temem que o aumento de impostos (subida do IRC para 28%) previsto por Biden tenha impacto nos lucros das cotadas e, por isso, na sua cotação em bolsa.

Nas estatísticas tanto houve dados positivos como negativos. Por um lado, um indicador da atividade industrial nos EUA subiu em março para o nível mais elevado em 37 anos, com o emprego nas fábricas a atingir máximos de fevereiro de 2018. Por outro lado, houve mais norte-americanos a pedir o subsídio de desemprego na semana passada, ao contrário do esperado pelos economistas consultados pela Reuters.

Nas cotadas, entre as quedas é de notar a desvalorização de 0,5% das ações da Johnson & Johnson depois de a cotada ter revelado que houve um problema num dos fabricantes da sua vacina, podendo haver um desperdício de 15 milhões de doses, o que poderá prejudicar as entregas previstas.

Pela primeira vez desde março de 2020, o índice de volatilidade (CBOE) ficou abaixo dos 18 pontos, um nível semelhante ao registado antes da crise pandémica, a qual abalou os mercados financeiros.

Esta sexta-feira Wall Street estará fechada por causa do feriado de Páscoa (“Good Friday”).

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Supermercados vão poder voltar a vender roupa e brinquedos. Medida permite “regresso à normalidade”

Com a reabertura das portas das lojas até 200 metros quadrados, supermercados voltam a poder vender bens interditos.

Com a reabertura de mais lojas, na segunda fase do desconfinamento, a partir de segunda-feira, os super e hipermercados vão poder voltar a vender produtos como vestuário, brinquedos e equipamentos desportivos, o que é “mais um passo no regresso à normalidade”. A venda destes bens tinha sido impedida para não levar a concorrência desleal para com os estabelecimentos que tinham de estar encerrado.

“Os estabelecimentos que vendiam produtos e deixaram de poder vender para não fazerem concorrência desleal aos que estavam fechados vão passar a poder vender os mesmos bens que passaram a poder ser vendidos na via pública”, disse António Costa, na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) sublinhou, ao ECO, que o impacto da medida “foi bastante grande, na medida em que estas categorias de produtos podem representar 30% ou mais de espaço em loja”. “À perda de faturação proporcional ao espaço ocupado em loja acresce ainda o investimento que os operadores tiveram de fazer a nível operacional para condicionar o acesso dos consumidores aos referidos bens”, notou o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier.

Para além disso, “esta medida levou a que consumidores recorressem a plataformas de venda online estrangeiras, penalizando as empresas nacionais, não só ao nível de produção e operação, como também ao nível fiscal, dado que não conseguem concorrer com gigantes internacionais de e-commerce, onde, aí sim, há concorrência desleal”, reitera a associação.

Agora, a APED espera que as novas medidas, a entrar em vigor a 5 de abril, ofereçam “condições para que grande parte dos seus associados do retalho especializado possam retomar a sua operação, depois de estarem fechados durante tanto tempo com prejuízos avultados, e que o retalho alimentar retome a sua normalidade”.

Os supermercados deverão assim notar um aumento nas vendas destas categorias. Por um lado, o Continente tinha já na loja online “um canal privilegiado para que os clientes pudessem fazer as suas compras, incluindo de artigos cuja venda foi proibida em loja física”, segundo notou fonte oficial da Sonae MC, ao ECO.

Isto já que o “aparecimento repentino da pandemia, e períodos de confinamento, tiveram como resultado alterações no comportamento dos consumidores”, o que “exigiu um processo de transformação muito rápido da capacidade de servir, com impacto em inúmeros processos ou equipamentos, em ambiente de forte incerteza”, explicou a retalhista.

Ainda assim, “apesar do e-commerce ter ganho muitos novos clientes nos últimos meses e já ser uma alternativa para adquirir os produtos que estavam proibidos em loja, a retoma das vendas nas lojas físicas representa mais um passo no regresso à ‘normalidade’”, sinalizam. É, assim, “expetável que a venda de algumas destas categorias aumente, face ao período em que a sua venda estava restrita”.

APED pede reabertura de mais lojas com espaço limitado

A segunda fase do desconfinamento prevê a reabertura das lojas com porta para a rua com menos de 200 metros quadrados. A APED sinaliza que a medida é positiva, mas pede que se possam abrir as lojas maiores mas limitando o espaço a 200 metros quadrados, como já aconteceu no desconfinamento do ano passado.

“Temos bastantes associados do retalho especializado que vão poder abrir algumas das lojas”, pelo que esta medida “já é um sinal de esperança”, aponta Gonçalo Lobo Xavier, ao ECO. “Já estamos satisfeitos que o plano esteja a ser cumprido como planeado e já dá alguma esperança para olhar para os meses de abril e maio com mais otimismo”.

No entanto, a associação aponta que uma solução boa para esta altura também seria que “lojas superiores a 200 metros quadrados pudessem confinar espaço para poderem vender e receber clientes”, o que foi possível fazer no desconfinamento de maio. “Se puderem limitar espaço disponível, assim podiam ter já alguma atividade”, salientou o diretor geral da APED.

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Site do fisco terá assistente virtual para auxiliar entrega do IRS

Até às 19h30 desta quarta-feira, a Autoridade Tributária recebeu 450 mil declarações de IRS naquele que é o primeiro dia da campanha de IRS, revelou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, revelou que tinham sido entregues 450 mil declarações de IRS até às 19h30 desta quinta-feira. Este é o primeiro dia da campanha de IRS de 2021, a qual contará com a ajuda de um assistente virtual a partir da próxima segunda-feira para tirar dúvidas de forma automática.

Em entrevista à CMTV, o secretário de Estado disse que não houve constrangimentos significativos no Portal das Finanças durante o dia, apesar de uma parte do site ter estado “temporariamente indisponível” durante algum tempo. O problema passava por muitos contribuintes com IRS Automático terem sido direcionados para o preenchimento manual, mas essa funcionalidade estava “temporariamente indisponível”. Mendonça Mendes garantiu que qualquer problema que surja “será temporário”.

Esta manhã o Ministério das Finanças reagia aos problemas afirmando que é “natural” e “comum” haver todos os anos “uma sobrecarga de acessos ao sistema” nas primeiras horas. “E que, por outro lado, sejam necessárias correções ao sistema em face das alterações introduzidas este ano. É por isso que apelamos a que não haja uma ‘corrida’ nas primeiras horas”, acrescentou fonte oficial.

Na mesma entrevista, António Mendonça Mendes garantiu que o “sistema está a responder bem”, apesar das novidades introduzidas este ano, e que “não se reportou nenhum erro em particular que possa causar problemas”. Ainda assim, o secretário de Estado deixou o aviso aos portugueses de que o ideal será entregar a declaração alguns dias após o seu arranque.

Quanto ao prazo de reembolso, uma das questões mais colocadas pelos contribuintes, António Mendonça Mendes prometeu um regresso ao “padrão de rapidez e de segurança” que se verificava antes de 2020. No ano passado, os reembolsos começaram a ser processados um pouco mais tarde do que nos anos anteriores por causa da pandemia, dada a incerteza do momento que se vivia.

Uma das novidades da campanha de IRS chega na próxima segunda-feira, dia 5 de abril: um assistente virtual que estará no Portal das Finanças. “Vamos utilizar essa ferramenta de inteligência artificial que permite responder a questões automaticamente“, revelou Mendonça Mendes, explicando que o seu funcionamento é idêntico ao de outros sites.

Esta nova funcionalidade do site do fisco reflete o “esforço de modernização na forma de comunicar da Autoridade Tributária”, disse.

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Portugal vai receber 160 mil vacinas das 10 milhões de doses “extra” que a Pfizer entregará à UE

A Pfizer anunciou que ia entregar mais 10 milhões de doses à União Europeia no segundo trimestre, face ao esperado. Os Estados-membros decidiram agora como as vacinas vão ser distribuídas.

Portugal vai receber cerca de 160 mil vacinas, segundo disse fonte diplomática ao ECO, das 10 milhões de doses extra que a Pfizer/BioNTech decidiu entregar à União Europeia no segundo trimestre deste ano, face ao que tinha previsto. Os Estados-membros chegaram a acordo esta quinta-feira para a distribuir dessas doses, com 19 países (incluindo Portugal) a decidirem doar algumas das doses a que tinham direito a cinco países. António Costa congratulou-se com o acordo e definiu o objetivo de ter “pelo menos 45% da população até ao final de junho”.

O Conselho Europeu de dia 25 de março tinha decidido que a distribuição seria feita com base na proporção da população de cada país, mas definia que podia haver um acordo entre os países “no espírito de solidariedade” para que mais vacinas fossem para as localizações mais necessitadas de doses. O objetivo passa por tentar diminuir a diferença entre os Estados-membros da percentagem de população vacinada.

Esta quinta-feira os Estados-membros chegaram a uma solução “one-off” que permitirá uma “expressão significativa da solidariedade através da distribuição de quase três milhões de vacinas para os Estados-membros que mais necessitam“, lê-se no comunicado da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia divulgado esta quinta-feira.

Assim, 19 países — Bélgica, Chipre, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polónia, Portugal, Roménia, Espanha e Suécia — decidiram ficar com a sua quota-parte de apenas 6,66 milhões em vez das 10 milhões de doses, libertando quase três milhões de doses para os países mais necessitados.

É o caso da Bulgária, Croácia, Estónia, Letónia e Eslováquia que, além da sua quota-parte relativa às doses extra, recebem ainda mais 2.854.654 de “vacinas solidárias”.

Houve três países — Áustria, República Checa e Eslovénia — que decidiram não fazer parte do acordo e, assim, vão receber a sua quota-parte relativa às 10 milhões de doses.

Apesar de não ter existido um esforço coletivo, o primeiro-ministro português saudou o acordo: “Saúdo o acordo hoje alcançado para a partilha solidária de vacinas entre os EM da #UE, que possibilita a vacinação em todos de pelo menos 45% da população até ao final de junho. Temos agora de acelerar a vacinação e pôr em marcha uma recuperação justa, verde e digital”, escreveu no Twitter.

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