Menos viagens, mais teletrabalho. Despesas do Banco de Portugal encolheram, até com o BES
Banco de Portugal lucrou 535 milhões de euros, tendo poupado 1,7 milhões com a Covid-19. Além da pandemia, a redução do gasto com assessoria jurídica e financeira no âmbito do BES também ajudou.
O teletrabalho foi generalizado a muitos setores em 2020 e várias empresas acabaram por conseguir poupar nas despesas devido a esta modalidade adotada para conter o coronavírus. O Banco de Portugal não foi exceção, tendo conseguido reduzido custos com as instalações, mas principalmente com deslocações. Em sentido contrário, teve de investir para manter o funcionamento nas casas dos trabalhadores.
“A crise pandémica Covid-19 resultou numa redução de gastos, estimada em 3,2 milhões de euros, onde se destacam os associados a consumos de energia elétrica e água, deslocações e estadas, eventos e formação”, revela o Relatório do Conselho de Administração de 2020 do supervisor, divulgado esta semana.
Só os gastos com deslocações, estadas e outros transportes caíram para 1,278 milhões de euros em 2020, menos de metade do que os 3,304 milhões registados em 2019. Esta diminuição de gastos foi, no entanto, parcialmente compensada pela atualização salarial de 0,3% efetuada no âmbito da revisão das tabelas salariais.
"A crise pandémica Covid-19 resultou numa redução de gastos, estimada em 3,2 milhões de euros, onde se destacam os associados a consumos de energia elétrica e água, deslocações e estadas, eventos e formação”
Por outro lado, houve também gastos adicionais em sistemas e tecnologias de informação, no âmbito da continuidade de negócio na criação de condições para o teletrabalho, assim como com aquisições de material e equipamento para proteção e higienização adicional de pessoas e bens. “Estima-se que estas despesas adicionais tenham totalizado cerca de 1,5 milhões de euros“, explica.
A poupança líquida relacionada com a pandemia situou-se assim em cerca de 1,7 milhões de euros. Em 2020, os custos com fornecimentos e serviços de terceiros (que representa cerca de 23% do total dos gastos de natureza administrativa) aproximaram-se de 45 milhões de euros, refletindo um decréscimo de 2,324 milhões face a 2019.
O Banco de Portugal fechou o ano com um lucro de 535 milhões de euros. O resultado líquido fica acima do orçamentado em 31 milhões de euros, mas 30% abaixo dos 759 milhões de euros registados em 2019. Face a este resultado, o banco central entregou ao acionista Estado 671 milhões de euros em dividendos e impostos.
BES custa menos um milhão
Além da pandemia, outra rubrica contribuiu para o decréscimo nos custos do supervisor da banca. “Nesta variação destaca-se o decréscimo dos gastos associados a fatores de natureza extraordinária, sobretudo relacionados com a prestação de assessoria jurídica e financeira no âmbito da medida de resolução do Banco Espírito Santo“, aponta o relatório. O custo foi inferior em um milhão de euros ao registado no ano anterior.
“Pela sua natureza”, o processo de resolução do BES e transferência da maior parte da atividade e do património para o Novo Banco deu origem a um “significativo aumento da litigância”, tendo sido o Banco de Portugal demandado em tribunais nacionais (cíveis e administrativos). Em causa estão vários processos em tribunal, incluindo intimações para a prestação de informações e passagem de certidões, pedidos de anulação da medida de resolução aplicada, pedidos de pagamento de reembolso dos valores transferidos e/ou indemnização, entre outros processos relacionados com a medida de resolução aplicada ao BES.
No Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa encontram-se pendentes ações intentadas pela Goldman Sachs, Oak Finance e pelos Tutores do New Zealand Superannuation Fund, e outros fundos relacionados, nas quais pedem a impugnação das deliberações do Banco de Portugal sobre a transferência de um financiamento de 835 milhões de dólares para o banco mau na sequência da resolução.
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