Dos Estados Unidos a Singapura quem está a vacinar adolescentes?
Com a maior disponibilidade de vacinas e o consequente aumento do ritmo de vacinação, dos EUA, passando pelo Canadá e até Singapura, há já alguns países a vacinarem crianças a partir dos 12 anos.
Desde o final do ano passado, que a vacinação contra a Covid-19 tem sido uma das principais preocupações dos países a nível mundial, já que é vista como a grande esperança para travar a disseminação da doença. Numa altura em que existe uma maior disponibilidade de vacinas e, consequentemente, um aumento do ritmo de vacinação, dos Estados Unidos, passando pelo Canadá e até Singapura, há já alguns países a vacinarem crianças a partir dos 12 anos.
Considerada uma das maiores campanhas de vacinação da história mundial, até esta terça-feira já tinham sido administradas 1,48 mil milhões de doses de vacinas contra a Covid em cerca de 176 países a nível mundial, segundo os dados monitorizados pela Bloomberg (acesso livre, conteúdo em inglês). Isto significa, que, pelo menos, 9,7% da população mundial estará completamente imunizada contra o Sars-CoV-2. Atualmente estão a ser administradas, em média, 24,5 milhões de doses por dia.
Apesar de as campanhas de vacinação não decorrerem ao mesmo ritmo em todos os países, com os países de baixos rendimentos a terem menos acesso às vacinas e, consequentemente, a vacinar a um ritmo 25 vezes inferior aos países mais ricos, a maior disponibilidade de vacinas veio proporcionar um aumento do ritmo das campanhas de vacinação.
E se numa fase inicial, a prioridade foi imunizar as pessoas mais velhas ou com patologias de risco, já que teriam maior probabilidade de desenvolverem complicações mais gravosas da doença — só em Portugal 96% dos óbitos pela Covid sucederam em pessoas com mais de 60 anos –, a maior disponibilidade de vacinas levou a que haja já alguns países a vacinar crianças com mais de 12 anos com a vacina da Pfizer.
O Canadá foi o primeiro país a nível mundial a dar “luz verde” à administração da vacina da Pfizer/BioNTech a crianças entre os 12 e os 15 anos. A decisão foi comunicada oficialmente pelas autoridades de saúde canadianas a 5 de maio, depois de a farmacêutica norte-americana ter revelado que a sua vacina é 100% eficaz nestas faixas etárias, segundo os resultados de um ensaio clínico de fase 3, apresentado no final de março e que envolveu 2.260 adolescentes nos Estados Unidos.
Cinco dias depois, a Food and Drug Administration (FDA na sigla em inglês), que regula o setor farmacêutico nos EUA, anunciou que as crianças entre os 12 e os 15 anos já podem receber a vacina contra o SARS-CoV-2 da Pfizer, o que vai permitir a vacinação de milhares de estudantes antes do início do próximo ano letivo. Só na semana passada as autoridades norte-americanas vacinaram 600 mil jovens nestas faixas etárias, sendo que no total já foram vacinados quatro milhões de jovens abaixo dos 17 anos do outro lado do Atlântico.
Mas recentemente, esta terça-feira, também Singapura seguiu os passos do Canadá e dos EUA e autorizou o uso desta vacina em crianças entre os 15 e os 12 anos, numa altura em que o país enfrenta um aumento no número de infeções. De notar que, tal como acontece na Europa, até então esta vacina só estava autorizada para ser administrada a maiores de 16 anos, dado que ainda não existiam estudos suficientes da sua eficácia em populações mais jovens e que estas faixas etárias tinham menor probabilidade de desenvolverem complicações graves da doença.
Pelo bloco europeu, França já recebeu autorização por parte do respetivo regulador para a utilização da vacina em jovens entre os 12 e os 15 anos. Já a Alemanha pretende vacinar todos os adolescentes maiores de 12 anos até ao fim de agosto, embora dependa da “luz verde” da Agência Europeia do Medicamento (EMA) que ainda está a analisar a possível administração desta vacina para estas faixas etárias.
Quanto a Portugal, também as autoridades de saúde estão a aguardar as diretrizes do regulador europeu, apesar de deste a semana passada os médicos assistentes terem passado a poder encaminhar para vacinação prioritária os jovens de 16 ou mais anos, com doenças graves ou em tratamento nos hospitais. Até então havia alguns jovens com menos de 18 anos a serem vacinados, contudo, os contextos eram muito limitados.
Certo é que a decisão de começar a vacinar os mais jovens enquanto há países mais atrasados no processo de vacinação está a suscitar algumas críticas. Entre as “vozes” mais críticas está o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) que apelou a estes países que cedam estas vacinas ao mecanismo Covax, permitindo imunizar os grupos de risco em países menos desenvolvidos. “Em alguns países ricos, que compraram a maioria das vacinas disponíveis, os grupos de menor risco estão a ser vacinados. Entendo que esses países querem vacinar as suas crianças e os seus adolescentes, porém, encorajo estes países a reconsiderarem esta decisão e a doarem as suas vacinas ao Covax”, afirmou Tedros Ghebreyesus.
De sublinhar que no final de março, a Pfizer deu início também ao ensaio clínico com crianças entre os 6 meses e os 11 anos e espera poder ter resultados na segunda metade de 2021. No entanto, a vacinação deste grupo não deverá começar antes de 2022, segundo o jornal The New York Times (acesso pago, conteúdo em inglês).
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