Novos créditos para a casa com taxa fixa quase duplicam
Peso dos créditos com taxa fixa aumentou, com taxa mista também. Maioria dos empréstimos para a casa continua a ser, no entanto, com taxa variável, que apresenta um custo inferior ao fim do mês.
Mesmo com a pandemia, que mergulhou o país numa crise sem precedentes, os portugueses continuaram a comprar casas. Recorreram a financiamento junto da banca, optando quase sempre pelo indexante tradicional, a taxa variável, que por ser mais baixa garante acesso a prestações também elas mais reduzidas. Mas cresceu o peso dos empréstimos com taxa fixa. Praticamente duplicou a proporção de novos créditos em que as famílias preferiram a estabilidade da mensalidade mesmo que sendo superior.
“A generalidade dos novos contratos de crédito à habitação continuou a ter taxa variável, mas este tipo de taxa perdeu importância”, diz o Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho de 2020. Representou “82,3% dos contratos celebrados em 2020 e 82,9% do montante de crédito concedido”, ainda assim proporções inferiores às de 2019: 86,4% e 87,4%, respetivamente, perdendo “terreno” para os financiamentos que foram indexados a taxas mistas ou fixas.
Segundo dados do Banco de Portugal, “aumentou a importância dos contratos com taxa mista (que têm um período inicial de taxa fixa seguido de um período de taxa variável)”, que passou de 10,3% para 12% dos novos empréstimos. Mas o maior salto foi dado pelos créditos com taxa fixa, apesar de continuarem a ser os que tiveram menor peso no total dos financiamentos para a compra de casa.
A proporção dos contratos com taxa fixa quase duplicou. “Representaram 5,7% do número de contratos celebrados e 5% do montante de crédito concedido”, o que compara com 3,3% e 2,8% em 2019, respetivamente, segundo dados do regulador. Contudo, considerando o total dos empréstimos em carteira, a taxa fixa continua a ser residual.
A taxa variável representava 93,3% do total de contratos em carteira no final de 2020, a taxa mista correspondia a 5,5% dos contratos, “enquanto a taxa fixa continuava a ter um peso residual, representando 1,2% do número de contratos em carteira e 1,3% do saldo em dívida”.
Aproveitar os juros baixos, mas a prémio
Assistiu-se, durante o ano passado, a uma crescente aposta na taxa fixa nos créditos para a casa, mas insuficiente para contrariar a “avalanche” de empréstimos associados às Euribor. Portugal continua, assim, a contrariar a tendência da generalidade dos países europeus em que o peso da taxa fixa é elevado.
A escolha pela taxa variável é simples de explicar: os indexantes são, por norma, mais baixos. Atualmente, as Euribor, independentemente do prazo ser a 3, 6 ou 12 meses, estão em valores inferiores a zero, reflexo da política monetária seguida pelo Banco Central Europeu. A perspetiva de juros baixos por mais tempo vai manter estas taxas de mercado nestes níveis mais alguns anos, sendo os juros negativos descontados nos spreads que, também eles, têm vindo a baixar.
A tradução desta conjugação de fatores é uma taxa associada aos financiamentos para a compra de casa que é baixa, levando a que as prestações mensais sejam também elas reduzidas. E, assim, o esforço ao final do mês acaba por ser menor, o que tende a ser privilegiado em detrimento da estabilidade associada à taxa fixa.
Os dados do Banco de Portugal tornam isso mesmo evidente. No global, a TAEG média dos contratos de crédito à habitação celebrados em 2020 foi de 2,9%, sendo que nos empréstimos com taxa variável “foi de 2,8%, abaixo da TAEG dos contratos a taxa mista e dos contratos a taxa fixa”, de 3,3% em ambos os casos.
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