Mesmo nos “bastiões”, partidos não deixam de investir nas campanhas autárquicas
Em algumas câmaras do país, foi sempre o mesmo partido a assegurar a gestão. Mesmo nestas zonas, PSD, PS e PCP continuam a planear gastos com a campanha em linha com outros locais da mesma dimensão.
Há cerca de 30 câmaras no país cuja gestão nunca mudou de mãos, estando sempre a cargo do mesmo partido. Mas mesmo nesses municípios, os partidos não se dão ao luxo de não investir nas campanhas, como demonstram os orçamentos para as eleições autárquicas deste ano, que se realizam em setembro. Gastos previstos do PSD, PS e PCP nos “bastiões” estão em linha com as despesas para os municípios da mesma dimensão ou mesmo acima.
No caso do PSD, há onze municípios que sempre tiveram uma autarquia laranja. Na Madeira, a Calheta (com despesas previstas de 36 mil euros) e Câmara de Lobos (45 mil) até têm um orçamento mais elevado que outros municípios da mesma dimensão.
Em Santa Maria da Feira, o partido planeia mesmo ter gastos à volta de 170 mil euros. Para Coimbra, que tem aproximadamente os mesmos habitantes, o orçamento (para uma candidatura que é em coligação com outros partidos) é de 100 mil euros e para Leiria de 70 mil euros.
Já olhando para Boticas, concelho onde se têm verificado maiorias absolutas do PSD, o partido orçamenta despesas de 19 mil euros. Comparando com outros concelhos da mesma dimensão, o valor varia muito, mas por exemplo para a Aljezur, que tem aproximadamente o mesmo número de habitantes, o orçamento é de 8.585 euros.
É de notar também que os restantes partidos não apostam muito nas câmaras que nunca mudaram de cor. Utilizando o mesmo exemplo, de Boticas, o PS não tem um candidato, apoiando um independente. Já para Calheta, o PS vai gastar cerca de metade do PSD, e o PCP apenas prevê despesas de 1.750 euros.
Vendo o caso do PS, também com 11 “bastiões”, os orçamentos para os municípios que têm escolhido o partido nas autárquicas variam, mas não fogem muito aos da mesma dimensão. Para a Câmara de Gavião, a campanha socialista deverá custar cerca de 25,7 mil euros. Acima dos 16 mil euros para Góis ou Constância, que contam com sensivelmente o mesmo número de habitantes.
Por outro lado, para Portimão, que tem cerca de 55 mil habitantes, as despesas devem apontar também a 25 mil euros. Quanto a Olhão, também incluído na lista do PS, o orçamento é de 45,7 mil euros. Comparando com Faro, também no sul mas que nas últimas autárquicas deu mais votos ao PSD, aí as despesas fixam-se nos 42.969 euros.
Por fim, no que diz respeito ao PCP, que nas autárquicas concorre com a coligação CDU, muitas vezes o investimento nas câmaras tipicamente comunistas acaba por ser até mais elevado que noutros municípios da mesma dimensão. Em Avis e Mora, as despesas com a campanha vão rondar os 35 mil euros. Valores comparam com Cuba, onde o orçamento é de 30 mil euros, ou Constância, com 20 mil.
Já para Santiago do Cacém, Serpa e Montemor-o-Novo, todos aproximadamente da mesma dimensão, o investimento na campanha para estas autárquicas é de cerca de 50 mil euros. Comparando com Beja, que é até um pouco maior, aí a despesa é de 44.200 euros.
Moita e Palmela também terão custos semelhantes para a campanha comunista, à volta de 66 mil euros. É mais do que para Évora, que tem quase a mesma dimensão mas cujo orçamento é de cerca de 42,5 mil euros. Já o Seixal é o maior concelho “vermelho” e conta com um orçamento de 120 mil euros.
Olhando para os investimentos dos outros partidos nestes bastiões do PCP, a dimensão é muito menor. O PSD prevê gastar 21 mil em Palmela e o PS 35 mil euros, ambos menos do que a campanha comunista. O mesmo para o Seixal, zona onde o PSD vai investir 38 mil euros e o PS 84 mil.
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