Streaming ilegal de jogos ‘rouba’ 28 mil milhões à indústria do futebol
O streaming ilegal está a desviar um valor potencial de 28 mil milhões de dólares aos detentores de direitos televisivos e emissoras. E os consumidores arriscam a que os seus dados sejam roubados.
Com uma média de entre três a quatro mil milhões de fãs espalhados por todo o mundo, o futebol é líder de audiências na esfera desportiva. A sua vasta popularidade também o torna um dos principais alvos da pirataria online, com elevadas perdas para os detentores de direitos televisivos e emissoras: 28 mil milhões de dólares, estima-se.
“De acordo com as nossas análises, a pirataria online está a retirar perto de 28 mil milhões de dólares potenciais aos detentores de direitos televisivos e às emissoras. As pessoas podem pensar que o futebol já tem receitas suficientes, mas, se pensarmos bem, estes valores seriam mais tarde reinvestidos no futebol e isso seria bastante positivo na sua globalidade”, revelou Simon Brydon, diretor do departamento de Security Business Development na Sports Synamedia, num painel da SIGA Sport Integrity Week 2021, a decorrer online até sexta-feira, sobre a questão da pirataria no futebol.
Perante os avultados danos que o streaming ilegal está a provocar na indústria do futebol, mas não só, o dirigente salientou ser necessário agir o mais rapidamente possível perante este tipo de crime: “Temos que atuar imediatamente e o mais rápido possível na luta contra os streamings ilegais de eventos ao vivo. Precisamos de mostrar às pessoas o quanto sofisticadas são estas organizações criminosas. Não tenho dúvidas de que se trata de uma atividade criminosa organizada”.
Pirataria também ela perigosa para o consumidor
Estas práticas ilícitas não afetam apenas quem detém os direitos televisivos das partidas, mas também o consumidor de futebol. A esmagadora maioria dos espectadores desconhece os perigos que surgem quando acede a plataformas de streaming ilegal para assistir aos jogos.
“Esta situação também é má para os consumidores, pois outro dos métodos que estas plataformas de streaming têm para gerar receitas é através da publicidade. Por exemplo, se uma pessoa clicar num link de acesso a um site de streaming ilegal há uma grande probabilidade dos seus dados pessoais possam ser roubados e vendidos a terceiros, o que pode levar a situações como o caso do roubo de identidade”, referiu Miruna Herovanu, senior EU Affairs Officer da Association of Commercial Television in Europe (ACT).
Há ainda a perceção de quem está por trás da pirataria são simples adolescentes, mas isso está longe de ser verdade. Na realidade, quem está neste meio, são perigosos criminosos que geram milhares de euros todos os anos através do roubo de direitos de transmissão.
No mercado já existem soluções para minimizar os danos causados pela desinformação e o descuido em redor deste tema: “Tem de existir uma campanha de sensibilização sobre este assunto a nível europeu. Há ainda a perceção de quem está por trás da pirataria são simples adolescentes, mas isso está longe de ser verdade. Na realidade, quem está neste meio, são perigosos criminosos que geram milhares de euros todos os anos através do roubo de direitos de transmissão“, afirmou Miruna.
Premier League na vanguarda na luta contra o streaming ilegal
Para além da sensibilização do consumidor, há já outros mecanismos para combater a pirataria online e a Premier League é pioneira no assunto, com a implementação do “Super Block“. Um mecanismo criado em 2017, em que o Tribunal Supremo de Inglaterra concedeu à Premier League poderes para combater a pirataria. Especificamente, estes poderes forçam os ISP (Internet Service Providers) a bloquearem os servidores que hospedam fluxos ilegais assim que forem identificados pela equipa antipirataria da Liga inglesa.
Desde a sua criação há quatro anos, o panorama melhorou e tem sido um exemplo de sucesso dentro do Reino Unido, garante Mathieu Moreuil, diretor de Relações Internacionais de Futebol e Assuntos Europeus da Premier League.
“Tem sido um sucesso, muito eficiente e funciona muito bem no Reino Unido. Obviamente é algo que requer muito trabalho e cooperação mas tem sido um sucesso. No Reino Unido, temos um sistema legal que nos permite que um juiz aceite uma lista de servidores, que estejam a infringir a lei através do streaming de jogos, que possam ser bloqueados enquanto decorrem as partidas de futebol“, explica.
Apesar de demonstrar bons resultados, fora das terras sua de majestade, esta poderá não ser a solução ideal: “Para os titulares de direitos de transmissão, tanto da Premier League como de outras ligas, situados noutros países, esta poderá não ser a solução ‘mágica‘. Mas entretanto temos estado em contacto com várias emissoras fora do Reino Unido com o intuito de arranjar soluções viáveis”.
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