Fed sinaliza redução dos estímulos “em breve” e subida dos juros já em 2022
Fed avisou esta quarta-feira que vai começar a reduzir as compras de dívida "em breve". Metade dos membros aponta para a subida das taxas de juro já em 2022, mais cedo do que o esperado.
A Reserva Federal norte-americana (Fed) sinalizou esta quarta-feira que vai dar início à retirada dos estímulos “em breve” e que a subida das taxas diretoras poderá ocorrer mais cedo do que o esperado, com metade dos 18 membros do banco central a projetar um agravamento do preço do dinheiro já no próximo ano.
Os analistas já antecipavam que a Fed fosse preparar o terreno para anunciar ainda este ano a redução do ritmo de compras de dívida, atualmente nos 120 mil milhões de euros por mês. E assim foi.
Em conferência de imprensa após a reunião de dois dias, o presidente Jerome Powell adiantou que o tapering pode ser decidido já na reunião de novembro, mas sublinhou que gostaria de ver um “decente” relatório sobre a criação de emprego antes de tomar qualquer decisão. Também revelou que, tendo em conta o atual contexto, pode ser apropriado reduzir os estímulos monetários progressivamente até meados do próximo ano.
Sobre os problemas da Evergrande, Powell disse que é uma “situação específica da China” e assegurou que os EUA não têm uma exposição muito grande ao gigante imobiliário que atravessa dificuldades financeiras. Ainda assim, ficaria preocupado se o caso viesse a afetar “os canais de confiança”.
Mais membros veem subida dos juros em 2022
Outro tema que estava na mira dos investidores: as expectativas para a evolução dos juros. O chamado dot plot mostra que há agora mais dois membros do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) a antecipar subidas das taxas diretoras em 2022, num total de nove dos 18 membros do comité, quando a reunião anterior tinha uma maioria a apontar para 2023, mostrando assim uma Fed mais conservadora perante uma perspetiva de inflação de 4,2% este ano, o dobro da sua meta.
Por outro lado, também há mais responsáveis a anteciparem pelo menos três subidas em 2024, segundo as projeções da Fed.
De resto, e sem surpresas, as taxas de referência foram mantidas no intervalo entre 0% e 0,25%, mas deverão deixar os atuais mínimos históricos no próximo ano.
Indicadores gerais melhoraram apesar da variante Delta
A Fed reconheceu que a nova vaga da pandemia potenciada pela variante Delta abrandou a retoma da economia, mas destacou que os indicadores gerais “continuaram a fortalecer-se” nos últimos meses. Nessa medida, se a recuperação da atividade económica se mantiver “de forma ampla, como o esperado, o comité considera que em breve poderá garantir uma moderação do ritmo de compras de ativos“, frisou.
Esta quarta-feira, o banco central divulgou novas projeções para a inflação e andamento da economia. Sobre a subida dos preços, a Fed reviu a taxa em alta para 4,2% (mais 0,8 pontos percentuais em relação às anteriores previsões) em 2021, devendo recuar para 2,2% em 2022 e 2023. Já o crescimento do PIB foi revisto em baixa, dos 7% para 5,9% este ano.
(Notícia atualizada às 20h23 com declarações de Jerome Powell)
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