Rio sobre fuga de Rendeiro: “Abre espaço às forças radicais”
A fuga do antigo banqueiro já está a provocar reações políticas. O líder do PSD diz que fomenta o radicalismo político e o “divórcio entre as pessoas e o regime”. Jerónimo de Sousa está “chocado".
A fuga do antigo banqueiro João Rendeiro, que já confirmou que não vai regressar a Portugal para cumprir as penas de prisão a que foi condenado e que classificou como uma “ausência” a sua evasão às autoridades judiciais, já está a provocar reações políticas.
Na rede social Twitter, o presidente do PSD referiu que “é assim que se abre espaço às forças radicais”, que se “fomenta a abstenção” e que se “alimenta o divórcio entre as pessoas e o regime”. “Infelizmente, é assim que Portugal funciona”, acrescentou Rui Rio.
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Uma “grande” e “verdadeira” reforma da Justiça é um dos temas mais presentes no discurso do líder do maior partido da oposição, mesmo antes de assumir o cargo. Ainda em abril, numa reação à decisão instrutória da Operação Marquês, aproveitou a deliberação de Ivo Rosa para voltar a defender a sua proposta, dizendo que “se é certo que o regime está doente, muito doente, a Justiça é dentro dele o seu pior exemplo”.
No encerramento do último congresso do PSD, em que este foi um dos temas principais, o presidente social-democrata criticou os “traços marcantes de corporativismo” na justiça portuguesa, que entende não estar devidamente “sujeita ao escrutínio público”. E disse ser “manifestamente evidente que a confiança que os portugueses depositam no seu sistema judicial está muito aquém do necessário”.
Num texto publicado esta madrugada no seu blogue “Arma Crítica”, João Rendeiro confirma que não regressará a Portugal para cumprir as três penas de prisão efetiva a que foi condenado: uma de 3 anos e 6 meses por burla qualificada, uma outra de 5 anos e 8 meses por falsidade informática e ainda uma de 10 anos por fraude fiscal.
Esta manhã, Jerónimo de Sousa concordou com a tese de Rui Rio – “é por esta e por outras que se dá corpo a ideias reacionárias e retrógradas”, declarou o líder comunista – e criticou “tanta tolerância em relação aos banqueiros e tanta pressão sobre quem nada tem”.
À margem da conferência de imprensa em que assinalou que uma crise política “deixa de estar em cima da mesa” com soluções para os problemas do país, o secretário-geral do PCP, citado pelo Expresso, classificou a fuga de Rendeiro como “inaceitável” e “chocante”. “Como é que isto é possível? Que raio de tratamento é este?”, questionou.
A notícia da fuga foi avançada ontem pela TVI, dizendo que o ex-presidente do BPP terá fugido para um país que não tem acordos de extradição com Portugal. Estava em Londres e o Tribunal deu-lhe um prazo até 1 de outubro para regressar para que fosse revista a medida de coação a que está sujeito: o termo de identidade e residência, a mais leve de todas.
A fuga foi, entretanto, confirmada pelo próprio. “No decurso dos processos em que fui acusado efetuei várias deslocações ao estrangeiro, tendo comunicado sempre o facto aos processos respetivos. De todas as vezes regressei a Portugal. Desta feita não tenciono regressar. É uma opção difícil, tomada após profunda reflexão. Solicitei aos meus advogados que a comunicassem aos processos e quero por esta via tornar essa decisão pública”, lê-se no blogue.
Como o ECO noticiou esta manhã, o BPP avisou autoridades que Rendeiro poderia fugir, mas a Justiça não chegou a tempo. No dia 22, há apenas seis dias, os advogados do banco avisaram para o perigo de fuga e enviaram um pedido de reforço das medidas de coação para evitar a saída do antigo gestor do país.
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