Grupo eDreams instala hub tecnológico no centro do Porto
A gigante das viagens online acaba de abrir o primeiro escritório em Portugal, iniciando a operação com 25 pessoas na Baixa do Porto e uma centena de vagas em aberto na área de tecnologia e produto.
O grupo eDreams Odigeo, um dos maiores do mundo no setor das viagens online, arrendou um escritório com 845 metros quadrados no quarto piso do Trindade Domus, um empreendimento imobiliário que combina retalho e escritórios, para instalar o centro de desenvolvimento tecnológico no centro do Porto.
De portas abertas desde o início de outubro, o hub de engenharia em Portugal arranca com uma equipa de 25 pessoas. Em entrevista ao ECO, o presidente executivo, Dana Philip Dunne, referiu que a empresa tem “à volta de cem posições em aberto para preencher na Europa” – tem centros também em Barcelona, Madrid e Milão – e espera “colocar uma grande porção delas” na cidade Invicta.
Estas vagas para os departamentos de tecnologia e de inovação de produto “vão estar em aberto até serem preenchidas”, mas o líder do grupo de origem espanhola esperar “abrir muitas mais” no futuro próximo. “Temos espaço para ter significativamente mais pessoas aqui. No entanto, se houver um crescimento dramático [de funcionários no Porto], iremos expandir para outros locais na cidade”, assegurou.
Neste edifício com sete pisos acima do solo e três em cave, situado nas traseiras da Câmara do Porto, a eDreams tem como vizinhas outras empresas de referência, como a multinacional francesa Armatis. Inaugurado em 2008, o Trindade Domus esteve vários anos ao abandono até ser reconvertido em centro de negócios, tendo sido comprado em agosto de 2020 pela Finangeste –- o primeiro “bad bank” português — e por um investidor institucional sediado no Reino Unido, por 40,5 milhões de euros.
Sem quantificar o investimento realizado em Portugal – “não somos proprietários de hotéis, rent-a-cars ou aviões; somos uma tecnológica que investe em pessoas para construir produtos, serviços e experiências para os consumidores”, frisou –, o gestor nascido em Nova Iorque, que até 2011 foi diretor comercial da Easyjet, explicou que, “com o tempo”, a equipa portuguesa vai “gravitar para certas áreas de especialidade – e isso vai depender do desejo individual e das necessidades da empresa”.
Não posso dizer nunca, mas não temos planos, por agora, para trazer as outras marcas do grupo [além da eDreams] para o mercado português.
Cotada na bolsa de Madrid e com origens que remontam a 1999, a eDreams Odigeo resultou de uma operação de fusão com a Go Voyages e de aquisição da Opodo, concretizada em junho de 2011. Somadas à agência de viagens Travellink e ao motor de pesquisa Liligo, estas marcas contabilizam mais de 17 milhões de clientes por ano e a presença em 45 mercados, disponibilizando ofertas de voos, hotéis, cruzeiros, rent-a-car, pacotes de férias e seguros.
A eDreams é a única plataforma online do grupo que está presente no mercado português. Não pensam trazer as outras para Portugal? “Não posso dizer nunca, mas não temos planos, por agora, para fazê-lo. A marca eDreams é tão conhecida neste país. Se formos para outros países, por razões históricas, outras marcas são mais fortes e por isso é que as mantemos”, respondeu Dana Philip Dunne.
Buzz na tecnologia e atraente para estrangeiros
Apesar de só agora apostar num espaço próprio e constituir uma equipa maior em Portugal, há um ano e meio que o grupo sediado em Barcelona tem pessoas a trabalhar a partir de cá. É que a decisão de abrir um hub tecnológico em Portugal foi tomada no início de 2020, chegou a ter um espaço de coworking reservado no Centro Empresarial Lionesa, em Matosinhos, mas a chegada da pandemia acabou por travar o ritmo da expansão.
No cargo de CEO desde 2015, Dana Philip Dunne falou ao ECO de “uma combinação de razões” para ter escolhido o Porto. A começar pelo facto de ser “um sítio verdadeiramente atrativo” para conseguir acolher quadros estrangeiros – são 5 dos 25 da equipa inicial – e “com buzz na área da tecnologia, com uma boa comunidade tech e boas infraestruturas tecnológicas”. “É uma cidade vibrante e cool, alinhada com os nossos valores”, completou.
E recusa estar a sentir dificuldades na contratação deste tipo de perfis, apesar da forte concorrência. “Somos uma empresa única. Estamos realmente a quebrar o paradigma das viagens, reinventamo-lo para o consumidor. As pessoas querem estar associadas aos melhores”, justificou o gestor. Ao contrário da “maioria das empresas de viagens”, a eDreams Odigeo “não [foi] pedir dinheiro aos bancos nem aos acionistas” e garante também que não fez despedimentos durante a pandemia.
Os resultados até ao final de agosto mostram que estamos 27% acima do nível anterior à pandemia [face a 2019]. Diga-me outra empresa do setor das viagens que esteja já nestes valores.
“Isto é muito raro. Somos muito diferentes das restantes empresas deste setor. Focamo-nos em continuar a construir bons produtos e experiências para os consumidores durante a pandemia, para tentar cumprir as suas expectativas, preparando esta fase de retoma das viagens. Os resultados até ao final de agosto mostram que estamos 27% acima do nível anterior à pandemia [face a 2019]. Diga-me outra empresa do setor das viagens que esteja já nestes valores”, desafiou Dunne.
Com perto de mil funcionários de 46 nacionalidades nos escritórios de Barcelona, Madrid, Porto, Paris, Milão, Hamburgo, Budapeste e Londres, o CEO sustenta até que duas das tendências que resultaram da pandemia de Covid-19 “encaixam exatamente no negócio” da eDreams. Por um lado, com 40% das viagens ainda a serem marcadas offline, “muitas pessoas ficaram mais confortáveis com as compras na Internet”. Por outro, também foi “acelerado o mobile”, o que está em linha com a performance do grupo, que já tem metade das reservas feitas através de dispositivos móveis.
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