Empresas de segurança privada apostam nos drones para reduzir vigilantes no terreno

A COPS está a investir em drones para preparar o regresso dos grandes eventos em 2022, mas recusa que a aposta tenológica venha a ter “expressão significativa” no número de vigilantes a recrutar.

Em preparação para a retoma dos eventos físicos no próximo ano, em que se prevê que resistam ainda algumas restrições ou se imponham os novos hábitos impostos pela pandemia, há empresas de segurança privada que estão a apostar em drones para conseguir “controlar as movimentações em grandes espaços, sem ter de colocar tantos vigilantes no terreno”.

É o caso da COPS – Companhia Operacional de Segurança, com o presidente executivo, Miguel Ferreira, a explicar ao ECO que vai avançar com um “serviço híbrido de vigilância humana e remota”. Tendo em conta as condicionantes impostas pela Covid-19, “pareceu a solução adequada para [efetuar] um excelente serviço de vigilância, cumprindo todas as restrições”.

“Tivemos de repensar a forma como fazemos a vigilância em eventos. Pensámos em apostar em novas tecnologias, neste caso os drones, pois permite que não tenhamos muitos vigilantes a circular num grande aglomerado de pessoas, respeitando as normas de segurança, além de nos possibilitar um controlo bastante mais apurado das movimentações e ocorrências que possam acontecer num evento”, detalhou o gestor.

Miguel Ferreira, presidente executivo da COPS.

No entanto, Miguel Ferreira garante que esta aposta tecnológica “apenas melhora a forma como os vigilantes fazem o controlo do espaço”, recusando que venha a ter “expressão significativa” no número de operacionais a recrutar para eventos, como a tradicional concentração anual de motards em Góis, um daqueles de “grande envergadura” que já tem no calendário para 2022. É que, enumera, “é sempre necessário o controlo de acessos, a tomada de decisão, o controlo do drone e as equipas para atuar em caso de ocorrência”.

O drone é operado por um vigilante e existe sempre a necessidade de uma equipa operacional nesse espaço para que possa atuar quando é detetada uma ocorrência.

Miguel Ferreira

Presidente executivo da COPS

Com sede em Loulé, uma delegação em Lisboa e uma filial no Porto, aberta em maio deste ano, a COPS faturou 24 milhões de euros no ano passado e é uma das 83 empresas de segurança privada a operar em Portugal. Segundo dados oficiais, o setor tem 60.233 profissionais habilitados para exercer (12% são mulheres), mas apenas 37.670 estão vinculados a empresas.

A COPS diz ter atualmente cerca de 1.750 funcionários com carteira profissional atribuída pelo Ministério da Administração Interna (MAI), que prestam serviços de proteção e vigilância em clientes de diversos setores, como tribunais, hospitais, escolas e universidades, câmaras municipais, portos, teatros, espaços de entretenimento, hotéis ou condomínios.

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Humano, sustentável e digital. Eis o “hotel do futuro”

Empresários e outros agentes do setor hoteleiro antecipam que as unidades turísticas vão focar-se na proximidade com os clientes, ser cada vez mais flexíveis e sustentáveis e apostar na digitalização.

A pandemia trocou as voltas a vários setores e o turismo foi um dos mais penalizados. Com a reabertura de rotas aéreas e o levantamento de restrições, o setor hoteleiro volta a ganhar um novo “fôlego”. Mas, afinal, como vão ser os hotéis do futuro? Empresários e representantes do setor antecipam que as unidades hoteleiras vão focar-se na proximidade com os clientes, ser cada vez mais flexíveis e sustentáveis e apostar na digitalização.

Nos últimos meses, a atividade turística em Portugal tem vindo a recuperar do impacto criado pela crise pandémica. Em agosto, o país registou 2,5 milhões de hóspedes e 7,5 milhões de dormidas em território nacional, segundo o último balanço do INE. O “caminho” para se chegar aos níveis pré-pandemia ainda é logo, com a secretária de Estado do Turismo a estimar que só aconteça em 2023. Ainda assim, empresários e representantes da hotelaria estão confiantes na retoma e sinalizam que há “uma revolução em curso”, que a pandemia acelerou.

O “hotel do futuro” vai ter de ser “mais humano, mais sustentável e mais digital”, sintetizou Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador Grupo Vila Galé, durante um debate sobre o tema organizado pela DecorHotel, uma iniciativa que aconteceu esta semana na Feira Internacional de Lisboa (FIL).

O empresário olha para esta transformação digital como um meio para “libertar” os trabalhadores dos hotéis de “tarefas e funções que são repetitivas, chatas e burocráticas” para que sedediquem em pleno “a criar relações de proximidade” e “empatia” com os clientes. “E isso não há nenhum smartphone que consiga”, sublinhou.

A sustentabilidade da nossa atividade não depende exclusivamente da decisão da nossa empresa. Depende também da nossa capacidade de influenciar os comportamentos dos consumidores.”

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé

A opinião é partilhada pela arquiteta Sara Afonso, que aponta que os utilizadores dos hotéis querem “sentir-se em casa” e valorizam o “conforto do lar”. Tendo em conta que há uma fatia de turismo sénior, a também fundadora da Something Imaginary defende que devem ser criadas parceiras com centro de saúde próximos.

Tal como Gonçalo Rebelo de Almeida, Sara Afonso considera ainda que os hotéis vão ter de ser “adaptáveis”, de modo a que, caso aconteça outra pandemia, não tenham de fechar portas. Além disso, deve haver uma aposta maior no marketing, já que esta digitalização passa também pelas redes sociais.

Esta flexibilidade dos projetos joga ainda com aquele que vai ser um dos desafios do setor hoteleiro — e não só — no futuro: a sustentabilidade. No grupo Vila Galé, o “horizonte médio” da renovação de um hotel, desde as mudanças mais profundas às menos profundas, “andará entre os 10 e os 12 anos”, explicou o administrador. Pelo que um dos desafios é tentar encontrar “soluções mais neutras que possam durar um bocadinho mais” e mudar mais frequentemente outros aspetos, como os sofás ou as camas.

Neste aspeto, a opinião dos empresários é unânime. A sustentabilidade vai ser uma das grandes apostas do setor nos próximos anos e deve começar logo no projeto, isto é, desde a forma como é projetado, passando pela escolha dos materiais até à iluminação.

“Para se ter uma ideia, mil quilos de cimento são 800 quilos de CO2. Sem árvores, ao fim de 20 anos só resgata 650 quilos de CO2. Portanto, um hotel de 30 quartos vai ter, no mínimo, 200 metros cúbicos de betão… Podemos imaginar as árvores que esse hotel teria de plantar para fazer a compensação”, calculou Miguel Barbas, arquiteto e CEO da Sabrab, reiterando a importância de se pensar nesta questão logo na fase de projeto, por forma a evitar “uma pegada ecológica no dia da abertura”.

Ainda assim, como em todos os negócios que contactam diretamente com o cliente, quem manda é o consumidor. Caberá aos hotéis “influenciar comportamentos dos consumidores”, quer seja na redução de consumo de água, gás, energia ou alimentação. Ainda que possa não ser tarefa fácil. “A forma como a organização vai ter de se adaptar às pessoas — e não as pessoas à organização — vai ser diferente”, refere Cristina Siza Vieira.

Há uma revolução em curso que a pandemia acelerou. (…) Somos uma indústria de serviço e isso significa que o serviço tem que ser mais custoso e valer muito mais. Já não podemos crescer reduzindo custos. Temos que crescer em valor e no preço com que vendemos estes serviços.”

Cristina Siza Vieira, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP)

“Há comportamentos que induzimos, há comportamentos que vêm de fora e nos obrigam a alterar a organização, há comportamentos que vão ter de ter reflexos nas convenções coletivas de trabalho e na forma como o trabalho é encarado, nas escolas de hotelaria e turismo e na forma como a profissão é praticada e é ensinada”, sintetizou a presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Cristina Siza Vieira lembrou ainda que a economia portuguesa é fortemente sustentada numa “indústria de serviços” e que, por isso, deve haver uma maior valorização do setor, quer aonível dos salários dos trabalhadores, quer relativamente ao “preço com que vendemos estes serviços”. Apesar da recuperação de dormidas e hóspedes, as receitas do setor do alojamento estão ainda quase 20% abaixo do valor atingido em 2019, segundo o último balanço do INE.

Esta visão é partilhada por Tim Vieira, CEO da Bravegeneration, que sublinhou que está “muito positivo” em relação à retoma do setor, mas alertou que é preciso “melhorar o serviço”. “Gostava de poder pagar melhores salários e pagar menos impostos”, atirou o empresário. Tim Vieira queixou-se ainda da burocracia imposta aos investidores. “Com as dificuldades que estamos a ter, vamos precisar de um Governo muito mais ágil, vamos precisar de muito menos burocracia”, concluiu.

No plano do investimento, a arquiteta Sara Afonso realça ainda que o modelo de negócio do setor hoteleiro está a “inovar”, dado que começam a existir cada vez mais negócios em copropriedade. “O risco deixou de ser só do hoteleiro. Temos modelos de negócio, hoje em dia, que são de risco partilhado. E isso é uma inovação do negócio”, completou a fundadora da Something Imaginary.

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Há mais quatro mortes e 604 casos de Covid-19 em Portugal

Desde o início da pandemia, o país detetou 1.085.138 casos e registou 18.133 mortes por Covid-19.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 604 novos casos de Covid-19, perfazendo um total de 1.085.138 pessoas infetadas desde o início da pandemia. O boletim diário deste domingo revela ainda mais quatro mortes nas últimas 24 horas, num total de 18.133 óbitos desde o início da crise sanitária.

A maioria dos infetados continua a recuperar em casa, e o número de pessoas hospitalizadas com a doença voltou a diminuir. Atualmente, 269 doentes estão internados em unidades hospitalares (menos cinco nas últimas 24 horas), dos quais 52 em unidades de cuidados intensivos (menos três).

O boletim da DGS dá conta de um total de 1.035.693 recuperados, mais 243 do que no balanço anterior. Há, neste momento, 31.312 casos ativos em Portugal, mais 357 face a sábado.

Boletim epidemiológico de 24 de outubro:

Em termos regionais, a maioria das novas infeções continua a ser registada em Lisboa e Vale do Tejo (LVT). Dos 604 novos casos confirmados, 226 localizam-se nesta região, seguindo-se a região Norte, que contabilizou 160 novas infeções, e o Centro, com 131 novos casos. No resto do território continental, o Alentejo identificou 13 casos e o Algarve 47. Nas ilhas, os Açores registam 13 novos casos, enquanto a Madeira conta 14 infeções.

Há ainda 20.803 pessoas sob vigilância das autoridades de saúde, por terem tido contacto com casos confirmados de Covid-19, ou seja, menos 274 face a sábado.

(Notícia atualizada às 14h10)

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Portugal tem níveis mais baixos da UE de poupança energética nas habitações

  • Lusa
  • 24 Outubro 2021

A associação Zero considera que os incentivos fiscais e instrumentos financeiros promovidos para a melhoria da eficiência energética em Portugal têm “ainda resultados limitados”.

Portugal é o país da União Europeia (UE) com valores mais baixos de poupança energética nos edifícios residenciais, de acordo com a análise da associação ambientalista Zero ao recente relatório do grupo de investigação da Comissão Europeia JRC.

“Portugal é o país da UE-28 a apresentar os valores mais baixos de poupança energética nos edifícios residenciais nos três níveis de renovações” (profundas, médias e ligeiras), referiu hoje a Zero – Associação Sistema Terrestre Sustentável, com base nas conclusões do mais recente relatório do ‘Joint Research Centre’ (JRC) da Comissão Europeia, sobre o progresso dos Estados-membros na implementação da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD, na sigla inglesa), que está atualmente sob revisão.

Também no que diz respeito aos edifícios não residenciais, Portugal apresenta as taxas de poupança mais baixas resultantes da renovação ligeira e média e o segundo valor mais baixo na renovação profunda, apenas atrás do Reino Unido.

“O relatório demonstra que as renovações profundas apresentaram um impacto muito mais significativo na poupança energética em comparação com as renovações de nível ligeiro e médio”, sublinha a Zero. No entanto, a maior parte dos investimentos nacionais em renovação ocorreu em renovações médias e ligeiras, onde as taxas de poupança energética são menores.

A associação refere que “o parque edificado português é um parque obsoleto, nomeadamente no setor residencial” e, do conjunto de problemas que afetam o desempenho energético dos edifícios nacionais, “além do envelhecimento natural dos materiais e da ausência de manutenção”, destacam-se ainda “as características físicas do edifício, nomeadamente ao nível do baixo desempenho térmico da envolvente e a ineficiência dos sistemas energéticos instalados”.

Segundo o relatório, Portugal registou um crescimento exponencial no número de certificados energéticos emitidos entre 2011 e 2018 (225% nos edifícios residenciais, 633% nos edifícios não-residenciais e 379% nos edifícios públicos), o que, para a Zero, “é um aspeto muito positivo”. Porém, a associação considera que os incentivos fiscais e instrumentos financeiros promovidos para a melhoria da eficiência energética em Portugal têm “ainda resultados limitados”.

“Portugal ainda está aquém do desempenho energético desejado para os edifícios e necessita avançar com as ações a nível nacional, em consonância com as políticas e estratégias atuais para cumprir com o objetivo de neutralidade climática”, defendeu a Zero.

A nível europeu, o setor residencial apresentou uma redução de, aproximadamente, 10% no consumo final de energia, devido a melhorias na eficiência energética e a invernos mais amenos. Por outro lado, o setor comercial europeu teve um aumento de 2%, devido ao crescimento económico, aponta o relatório.

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Paulista Fabiana Thorres troca casas por confeção na Caparica

Chegou a Portugal com o sonho da moda, mas acabou a trabalhar numa imobiliária. Com a ajuda do compatriota Silvio Korich montou uma confeção e vai lançar uma coleção de roupa com pele de bacalhau.

Fabiana Thorres levava mais de duas décadas de experiência na área da confeção quando decidiu sair do Brasil com os quatro filhos devido ao clima de insegurança. Há três anos, quando escolheu Portugal, tinha na mente prestar serviços de consultoria para marcas de moda, mas cedo percebeu que “não era assim tão fácil”. Acabou a trabalhar numa imobiliária na região da Costa da Caparica.

No entanto, o sonho transformou-se em realidade quando um dia se cruzou na imobiliária com Silvio Korich. O empresário brasileiro, a viver em Portugal há 30 anos, é proprietário da Matic Têxtil – Fios e Confeções, e decidiu investir na ideia desta compatriota, que é agora dona de uma confeção na Charneca da Caparica com 12 máquinas industriais e que emprega oito pessoas.

“Falei com o Silvio Korich sobre o meu desejo de abrir uma confeção em Portugal. Para minha surpresa, ele decidiu investir na minha ideia. Reparámos que as grandes empresas de confeções estão localizadas no Norte e o meu objetivo era transformar a região da Costa da Caparica num polo de moda luso-brasileiro“, conta ao ECO.

Na fase inicial do projeto, com o país e o mundo a enfrentarem uma escassez brutal de máscaras no contexto da pandemia de Covid-19, Fabiana Thorres, de 49 anos, começou a produzir máscaras certificadas. Atualmente, a marca já está a atacar outros nichos de negócio e trabalha em regime de private label com várias marcas de moda e de vestuário de praia.

Entre outras, produz para a Greenfits, uma marca de roupa sustentável direcionada ao público feminino; para a Corpo Dourado, a Biquínis Da Praia e a canadiana Now in Rio Swim. Todas as matérias-primas usadas na confeção são sustentáveis ou zero resíduos. “Queremos ter um ADN sustentável. É possível fazer moda de qualidade pensando no meio de ambiente. Menos tendência e mais essência“, sublinha a empresária.

Sofia Fernandes, uma das fundadoras da Greenfits diz que esta é uma “parceria luso-brasileira promissora”. “Primamos muito por Portugal e fizemos questão de produzir nossas peças cá. Estamos entre os cinco países pioneiros no mundo em matéria-prima biodegradável, mas no que respeita à malha para fitness ainda não. Por isso, importamos o que há de melhor no Brasil”, acrescenta.

Vestidos e biquínis com pele de bacalhau

No Brasil, Fabiana Thorres usava a pele de salmão para criar detalhes em peças de roupa, como vestidos e biquínis. No Rio de Janeiro chegou a fazer uma coleção inteira para uma marca com pele de salmão e tilápia. Quando chegou a Portugal, umas das missões era voltar a reaproveitar o desperdício da pele de peixe.

Apresentou a ideia à Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, que mostrou interesse no projeto, mas sugeriu outra particularidade: usar a pele de bacalhau, dado o consumo elevado da espécie em Portugal. Aceitou o desafio e o projeto está “em andamento”, tendo já conseguido resultados em relação à durabilidade da matéria-prima e da pele. “Estamos a trabalhar numa coleção com pele de bacalhau que vai fazer diferença”, promete.

 

Fabiana Thorres realça que já tem “algumas amostras” e está a desenvolver uma primeira coleção. “O meu forte foram sempre os vestidos, mas tenho muitos clientes de moda de praia e, como tal, os detalhes da pele de bacalhau vão ser incorporados em vestidos e biquínis. Já tive um contacto da embaixada da Áustria, que se interessou bastante nesta matéria-prima e neste processo. Também marquei presença [na feira] Modtissimo, no Porto, e percebi que o produto tem muita aceitação”, resume.

A primeira exposição de peças à base de pele de bacalhau vai acontecer na Casa da Guia, em Cascais, durante a primeira semana de novembro, onde promete mostrar vários vestidos, blusas e saias. Os interessados vão poder encomendar o vestido com pele de bacalhau através das redes sociais de Fabiana Thorres, com o preço a variar entre 380 e 650 euros.

Queremos ter um ADN sustentável. É possível fazer moda de qualidade pensando no meio de ambiente. Menos tendência e mais essência.

Fabiana Thorres

Empresária

Na ótica de Fabiana Thorres, o consumidor final está cada vez mais exigente e as marcas procuram, cada vez mais, matérias-primas sustentáveis. “A indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo e temos de começar um movimento mais amigo do ambiente e pensar nas matérias-primas que estamos a usar. Quando atendo clientes que querem fazer uma coleção nova, eles já vêm ter comigo a pensar em matérias sustentáveis”, conclui a empresária.

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“Governo devia intervir menos” no mercado dos combustíveis, diz CEO da OZ Energia

  • Lusa
  • 24 Outubro 2021

“Uma coisa é o intervir mais ou menos, outra coisa é a quantidade de impostos que [o Governo] aplica sobre o setor da energia”, defende Micaela Silva.

A presidente executiva da OZ Energia, Micaela Silva, defendeu que o “Governo devia intervir menos” no mercado dos combustíveis, porque é liberalizado e não tem margens excessivas de comercialização, mas é “muito penalizado” pela quantidade de impostos.

“O Governo devia intervir menos, [porque] o mercado dos combustíveis é um mercado liberalizado, um mercado que funciona, que se auto regula e onde há uma concorrência perfeita”, defendeu a presidente executiva (CEO) da energética do Grupo Manuel Champalimaud, em entrevista à agência Lusa.

A responsável tinha sido questionada sobre se o Governo devia atuar mais no sentido de dar resposta ao aumento dos preços dos combustíveis que está a deixar a Europa a braços com uma crise energética.

“Eu entendo que o setor não tem abusos de margens [dos comercializadores]. Nós estamos num setor perfeitamente concorrencial, com vários postos de abastecimento, todos eles competem entre si e não há, com certeza, margens excessivas”, acrescentou, referindo-se à uma proposta de lei do Governo para limitar as margens na comercialização de combustíveis, que foi aprovada e entrou em vigor na sexta-feira.

De acordo com a lei, que vem alterar vários decretos que estabelecem os princípios gerais relativos à organização e funcionamento do Sistema Petrolífero Nacional, “as margens máximas” podem “ser definidas para qualquer uma das atividades da cadeia de valor dos combustíveis simples ou do GPL engarrafado, sendo fixadas por portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da economia e da energia, sob proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos e ouvida a Autoridade da Concorrência”.

Para Micaela Silva, trata-se de uma medida que “não é bem vista à livre concorrência”. No entanto, a presidente executiva da energética ressalvou que “uma coisa é o intervir mais ou menos, outra coisa é a quantidade de impostos que [o Governo] aplica sobre o setor da energia”, que considerou ser “muito penalizado”.

Micaela Silva apontou que, se no passado o Governo atuou de forma “muito agressiva” no agravamento do imposto sobre os combustíveis (ISP), porque o preço do petróleo estava baixo, agora, estando-se a viver a situação inversa com os preços no mercado grossista a bater recordes sucessivos, “havia que decrescer” o imposto.

“Essa atuação agora devia ter sido a inversa e devia ter sido muito mais agressiva, porque um ou dois cêntimos de decréscimo [no adicional ao ISP], é muito pouco”, realçou. A responsável sublinhou que, penalizando as empresas poluidoras, “quem está a pagar a fatura também são as famílias”.

“Estamos a dar com uma mão e a tirar com outra. É politicamente correto dizer que estamos a penalizar as empresas poluidoras, mas a economia não funciona sem combustíveis e vemos hoje em dia toda a contestação que está a ocorrer em torno do aumento dos combustíveis, porque isso vai afetar os meios de produção de várias empresas”, defendeu.

Para Micaela Silva, “os governantes não fizeram o trabalho de casa prévio e não perceberam que a economia não pode ficar desequilibrada”, porque, prosseguiu, primeiro há que criar as condições para uma economia ‘verde’ e só depois “exigir às empresas e às populações que façam a transição para essa economia”.

“Para sermos bons alunos [na ação climática] temos de estar preparados para pagar a fatura económica e Portugal não está preparado, porque a sua economia não é uma economia sólida”, argumentou.

Questionada sobre a fixação de preços no gás de garrafa, uma medida adotada durante o período de confinamento devido à pandemia de covid-19, a responsável defendeu que “não é o caminho certo a seguir”, uma vez que o gás de garrafa está no mercado liberalizado.

“Para nós, não faz sentido termos fixação de preços e sobretudo comparar com um mercado que é completamente diferente do mercado português”, afirmou, referindo-se ao mercado espanhol, onde os preços da botija de gás são mais baixos, o que, segundo Micaela Silva, se explica pela diferença na qualidade do serviço e nos preços de aquisição.

“Eu entendo que não terá havido na rede nenhum abuso de aumento de preço para se aproveitar desta situação [de pandemia]. Não foi uma questão de margens elevadas, mas sim de acomodar custos para os quais não estávamos preparados, porque não foram orçamentados”, concluiu, referindo-se aos custos com material de proteção individual, para que se pudesse continuar a entregar gás nas habitações.

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Já 123 mil pessoas receberam a terceira dose da vacina contra a Covid-19

As pessoas com mais de 80 anos vão poder fazer o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e Covid-19 a partir de 26 de outubro. Já foram administradas 279 mil vacinas contra a gripe.

As pessoas com mais de 80 anos vão poder fazer o auto-agendamento das vacinas contra a gripe e da dose de reforço contra a Covid-19 a partir de 26 de outubro, depois de ter arrancado a campanha que está a decorrer por ordem decrescente de idades. Já 123 mil pessoas receberam a terceira dose da vacina contra a Covid-19.

Este agendamento poderá ser feito no Portal Covid-19. Entretanto, os utentes vão ser “convocados através de uma SMS para a toma em simultâneo da vacina contra a gripe e contra a Covid-19 ou apenas para a vacina contra a gripe ( se não forem elegíveis para Covid-19)”, explica a Direção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

O agendamento será automático, mas podem haver casos em que sejam chamados doentes abaixo da faixa que se encontra aberta por já cumprirem todos os critérios de elegibilidade e para não atrasar o processo, alerta ainda a DGS. A campanha começou pelos utentes com idade igual ou superior a 80 anos e vai por ordem decrescente de idades.

Atualmente, já 85,7% da população tem a vacinação primária contra a Covid-19 completa, e 123 mil pessoas receberam a terceira dose ou uma dose adicional de vacina contra a Covid-19. Quanto às vacinas da gripe, já foram administradas 279 mil.

“O ritmo de vacinação da gripe está dependente da entrega das vacinas no território nacional e sujeita a ajustes de acordo com a disponibilidade de
vacinas”, sublinha a DGS, acrescentando que se prevê que a partir do início de novembro “o número de vacinas disponíveis seja suficiente para acelerar o ritmo da vacinação”.

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Prova dos 9: Costa nunca aumentou os impostos sobre os combustíveis?<span class='tag--premium'>premium</span>

O primeiro-ministro foi taxativo no debate preparatório do Conselho Europeu no Parlamento: nos seus governos não houve aumento de impostos sobre os combustíveis. Será mesmo?

A subida do preço dos combustíveis ameaça incendiar o país, com vários setores, dos transportes à pesca, a dizerem que os valores são insustentáveis. Os primeiros protestos já vieram para a rua, ainda em número reduzido, mas as fileiras podem engrossar se o custo, em particular do gasóleo, não descer. O tema rivalizou com as negociações do Orçamento do Estado no topo da atualidade, motivando a intervenção do Presidente da República, que alertou para o impacto negativo na retoma da economia e pediu novas medidas. Consciente dos danos políticos que a matéria pode ter, o Governo reuniu já com as associações de transportes para lhes aliviar a fatura. Sem surpresa, o assunto marcou também o debate preparatório do Conselho Europeu. Os combustíveis foram usados como arma de arremesso por todas

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Marcelo vai “esperar até ao último minuto” pelas negociações para o OE

O Presidente da República reitera que vai esperar "até ao último minuto" pela aprovação do Orçamento. Se documento chumbar, vai ponderar cenários possíveis.

O Presidente da República diz que vai “esperar, até ao último minuto” pela chegada de um consenso entre o Governo e os partidos que permita a viabilização do Orçamento do Estado. Até lá, não estão no seu “espírito” os cenários após um chumbo do OE, quer seja o Governo continuar quer a dissolução da Assembleia.

Confrontado com as declarações do primeiro-ministro, que admitiu continuar a governar em caso de chumbo do OE, Marcelo Rebelo de Sousa reitera que “uma coisa é o Governo continuar em funções, outra coisa é a Assembleia da República ser dissolvida. Para já, nenhuma delas está no meu espírito até passar este período final de conversações entre partidos”, em declarações transmitidas pelas televisões.

“Até agora devo esperar, até ao último minuto”, apontou. Se não correr tudo como deseja e espera, isto é, a viabilização do OE, o Presidente passa a pensar nestes cenários. “Até agora não tenho pensado”, assegura, voltando a sublinhar que trabalha na “base do cenário que é o OE passar”. “A democracia é assim, também é feita de espera”, salienta.

O primeiro-ministro disse, esta sexta-feira, estar preparado para continuar a governar, mas adiantou que respeitará se o Presidente da República tiver um entendimento diverso e convocar eleições antecipadas. “Se [os partidos] disserem que não, então eu estou preparado para cumprir os meus deveres para com o país, que é manter o país na trajetória de governação que tem vindo a ser prosseguida”, reiterou Costa. “Se o senhor Presidente da República entender de uma forma diversa, eu respeitarei a decisão, e estou preparado para tudo”, acrescentou.

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📹 Quantas propostas dos partidos foram viabilizadas no Orçamento de 2021?

Num momento em que o Governo PS e os seus parceiros parlamentares negoceiam o Orçamento do Estado para 2022, vale a pena recordar como decorreu este processo no passado.

Desde 2016 que os orçamentos têm sido negociados, um a um, antes da sua entrega em outubro e depois durante a fase de especialidade, até à votação final global no final de novembro. Em 2020, o Governo teve de negociar dois Orçamentos: o Orçamento Suplementar e o Orçamento de Estado para 2021. Veja aqui o vídeo:

http://videos.sapo.pt/37mi3YnnISe8C8DC0IoI

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Benfica abre inquérito por alegado envolvimento de colaboradores em negócio de ações da SAD

  • Lusa
  • 23 Outubro 2021

Em causa está o possível envolvimento de dois colaboradores num eventual negócio de transação de ações da SAD, com o objetivo de venda ao empresário norte-americano John Textor.

O Benfica abriu um inquérito interno para averiguar o possível envolvimento de dois colaboradores num eventual negócio de transação de ações da SAD ‘encarnada’, informou este sábado o clube, em comunicado.

“Tendo em conta as recentes notícias vindas a público, o Sport Lisboa e Benfica informa que vai iniciar, de imediato, um processo de averiguação interno quanto ao possível envolvimento de dois colaboradores seus num alegado negócio respeitante à transação de participações qualificadas da sua SAD”, refere o clube lisboeta, no sítio oficial na internet.

De acordo com uma notícia publicada este sábado pelo jornal Nascer do Sol, o antigo presidente Luís Filipe Vieira terá contado com a ajuda de dois colaboradores do clube, a quem terá prometido elevadas comissões no negócio, para reunir secretamente 25% do capital da SAD, com o objetivo de venda ao empresário norte-americano John Textor.

O norte-americano encontrou-se, entretanto, na quinta-feira, com a nova direção do Benfica, presidida por ex-futebolista Rui Costa, e reiterou a vontade de participar na vida do clube, que gostaria de ver cotado na bolsa de Nova Iorque.

“O encontro decorreu de forma cordial e o sr. John Textor ficou de enviar informação adicional sobre as intenções que tem para o Benfica, para posteriormente serem objeto de avaliação e análise por parte da direção. Não está prevista, por agora, qualquer nova reunião com o sr. John Textor”, informou o Benfica.

O empresário celebrou um acordo com o português José António dos Santos, maior acionista individual da SAD ‘encarnada’, para aquisição de 25% do seu capital social, facto comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), já depois de Luís Filipe Vieira ter sido detido em julho.

No processo designado Cartão Vermelho, o antigo presidente do Benfica, que teve de prestar uma caução de três milhões de euros, está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação, numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do Benfica e Novo Banco.

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“Criptomoeda” da Seleção Nacional cai 35% num mês, mas passa a bola aos adeptos

Quem comprou o "fan token" no início está a perder dinheiro: desvalorizou 35% em apenas um mês no mercado. Mas a "criptomoeda" também tem outro tipo valor: permite à Seleção passar a bola aos fãs.

A “criptomoeda” da Seleção Nacional negoceia livremente no mercado há exatamente um mês, marco assinalado na mesma semana em que o preço da bitcoin atingiu um novo recorde. Mas o seu desempenho não tem acompanhado o da generalidade dos criptoativos por estes dias. Um adepto que tenha adquirido “moedas” na oferta inicial e que ainda não as tenha vendido acumula perdas na ordem dos 35%, embora a maioria tenha investido valores relativamente residuais.

No dia 14 de junho deste ano, por volta do meio-dia, um milhão de unidades da “criptomoeda” da Seleção Nacional foram colocadas à venda por dois euros cada uma. Pouco passava das duas da tarde quando a Federação anunciou que a oferta tinha “esgotado”. A operação permitiu um encaixe de dois milhões de euros “em poucas horas”, mas não foi possível apurar como é que a receita foi partilhada entre a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e os outros parceiros desta iniciativa.

A oferta pública inicial tornaria a Seleção Nacional na primeira “em toda a Europa” a promover um ativo deste tipo, designado de fan token, disse a FPF na altura. O fan token “$POR”, como é chamado, “vai proporcionar aos fãs espalhados pelos quatro cantos do globo experiências únicas relacionadas com a formação capitaneada por Cristiano Ronaldo”, prometeu a federação.

Os fan tokens partilham algumas das características de criptomoedas como a bitcoin. Não só recorrem a tecnologias do mesmo tipo (a blockchain, que é uma espécie de livro de registos), como o seu valor oscila consoante a oferta e a procura no mercado. A grande diferença é que são feitos a pensar em outras utilidades, e não necessariamente em serem meios de pagamento.

No caso da “criptomoeda” da Seleção, um fã que detenha unidades da mesma, além de ganhar exposição às subidas e descidas do valor do token no mercado, ganha o direito a participar em jogos promovidos pela FPF e até em algumas votações. A última disponível permitiu a quem tinha “$POR” votar na música que “deve ser tocada no aquecimento” quando a Seleção entrar em campo. As candidatas eram A Minha Casinha (Xutos e Pontapés), Vamos Com Tudo (David Carreira), This One’s For You (David Guetta e Zara Larsson) e In My Blood (Shawn Mendes). Venceu a terceira.

No entanto, há um preço a pagar para aceder a este universo. E se alguém investiu cedo na expectativa de obter algum tipo de rendimento, poderá estar agora frustrado com a perda de 35% do valor do token em apenas um mês de negociações: apesar de a venda inicial ter ocorrido em junho, a “criptomoeda” só chegou efetivamente ao mercado no dia 22 de setembro.

Em junho, a FPF promoveu a venda inicial declarando que era “a última oportunidade” para os tokens “serem adquiridos por um preço definido” de dois euros. Não estava errada. Mas na sexta-feira, um mês depois do início da livre negociação no mercado, cada unidade podia ser comprada com um desconto expressivo face ao preço de venda inicial: 1,30 euros por cada “moeda”.

O ECO contactou a FPF para obter mais informação sobre o projeto do fan token da Seleção e instou-a a comentar a desvalorização do mesmo no mercado. Fonte oficial respondeu: “O valor dos fan tokens pode apresentar flutuação que está simplesmente relacionada com a oferta e procura em determinado momento. Faz parte do mercado e são algumas as variáveis que influenciam este processo. Nomeadamente, quando o calendário de jogos ou experiências é mais intenso, a procura aumenta também.”

A mesma fonte lembrou ainda que “é fundamental salientar que, quando um fã compra um token, está a adquirir algo realmente valioso”. “Existe um serviço, existe um benefício. Pode ser acesso a descontos em merchandising oficial, a bilhetes, a experiências. Portanto, há um compromisso de fornecer valor, não como valor financeiro, mas como valor unitário”, acrescentou a federação.

O valor dos fan tokens pode apresentar flutuação que está simplesmente relacionada com a oferta e procura em determinado momento. Faz parte do mercado e são algumas as variáveis que influenciam este processo.

Fonte oficial da FPF

Ainda assim, numa altura em que muitos criptoativos têm causado surpresa em todo o mundo pelos ganhos elevados em curtos espaços de tempo, o fan token da Seleção, há um mês no mercado, destaca-se pela perda de 35% face ao valor da venda inicial. Mais fortunados foram os adeptos que investiram nas ofertas iniciais de outros clubes parceiros da Socios.com: os tokens da Juventus (“$JUV”) também foram vendidos em 2019 a dois euros cada um e valiam na sexta-feira 12,16 euros (seis vezes mais). Já os fan tokens do Paris Saint-Germain (“$PSG”) apresentavam um ganho de mais de 900% face ao preço de venda inicial.

Fan token da Seleção vale 26 milhões

Informação publicamente disponível consultada pelo ECO mostra que o fan token da Seleção funciona na rede Ethereum, uma das mais populares no universo das criptomoedas. A iniciativa foi lançada em parceria com a Chilliz e a Socios.com, sendo que a primeira entidade gere uma criptomoeda própria chamada “$CHZ”, e a segunda é a plataforma onde se pode trocar euros por “$CHZ” e “$CHZ” por “$POR” (ou vice-versa).

Apesar de só terem sido vendidas um milhão de unidades no início, a oferta máxima de “moedas” da Seleção é de 20 milhões, o que confere aos tokens um valor de mercado na ordem dos 26 milhões de euros atualmente. Mais de 24.700 “carteiras” virtuais têm “$POR” no seu interior, destacando-se uma que possui mais de 18 milhões de unidades da “criptomoeda”, ou quase 92% do total.

O ECO confirmou junto dos parceiros da Seleção que essa “carteira” mais recheada é controlada pelos promotores do projeto e contém “tokens que ainda não foram libertados e que serão gradualmente lançados ao longo da duração do contrato”, disse fonte oficial da Chilliz/Socios.com. É, de resto, uma prática comum neste tipo de operações.

A segunda “carteira” mais recheada com tokens da Seleção tem mais de um milhão de unidades, o equivalente a quase 1,5 milhões de euros. Segue destacada da terceira posição, ocupada por uma “carteira” com pouco mais de 172 mil tokens – ainda assim, um valor a rondar os 220 mil euros, considerando o preço de 1,3 euros por cada “moeda”. Mas apesar de serem valores que enchem o olho, fonte oficial da Chilliz/Socios.com assegurou que mais de 94% das “carteiras” têm entre 1 e 15 unidades da “criptomoeda”.

O ECO questionou também a FPF sobre quanta receita já foi angariada por via deste projeto. “São dados contratuais que não podem ser divulgados publicamente. No entanto, a dimensão financeira é apenas uma pequena parte, esta é uma parceria assente no serviço aos adeptos e na disponibilização de ferramentas que lhes permitam ter um papel mais ativo na vida das seleções nacionais”, respondeu fonte oficial da FPF.

Seleção passa a bola aos adeptos

Quanto aos adeptos que compraram ou receberam “$POR”, e detêm atualmente unidades da “criptomoeda” portuguesa, a FPF diz apenas que “existe um bom mix de detentores nacionais e internacionais”. Mas fonte oficial da Chilliz/Socios.com dá mais algum detalhe: os detentores são sobretudo portugueses, seguindo-se os turcos, franceses, brasileiros, italianos, polacos, britânicos, espanhóis e alemães.

No que toca a projetos para o futuro, a FPF espera que esta economia dos tokens — a que alguns chamam de tokenomics — venha a ganhar expressão como forma de relacionamento entre os clubes e os seus adeptos. “A expectativa é a de podermos envolver os adeptos detentores de $POR em experiências exclusivas e de grande impacto na vida das seleções. Acreditamos que a paixão deve ser reconhecida e que todos os adeptos têm o direito de fazer a sua voz ser ouvida, onde quer que estejam no mundo”, explicou fonte da FPF.

“Com os tokens, os fãs ganham influência nas decisões que concernem a equipa, ajudam a equipa a tomar as decisões mais acertadas participando em votações oficiais. Eles garantem ainda acesso a experiências VIP, sessões ‘Meet and Greet’, promoções exclusivas e recompensas únicas”, remata a mesma fonte oficial.

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