“Chega obriga os partidos à direita do PS a pensar duas vezes”, diz Jaime Nogueira Pinto
CDS e PSD são uma incógnita. "Seja qual for o resultado destas convulsões internas, só o facto de existirem já irá, com certeza, penalizar bastante estes dois partidos", vaticina Jaime Nogueira Pinto.
Para Jaime Nogueira Pinto o chumbo da proposta do Orçamento do Estado para 2022 resultou de “uma espécie de acordar ideológico dos parceiros da geringonça”. Uma “afirmação de princípio” que “não lhes saiu bem” e que poderá ditar uma uma transferência de votos para o PS nas legislativas de 30 de janeiro.
O chumbo do Orçamento “não me espantou assim tanto”, admite o politólogo e escrito. “Houve aqui uma espécie de acordar ideológico dos parceiros da geringonça, que decidiram sair um bocado daquela atitude mais ou menos contemplativa que tinham tido até hoje e — talvez na esperança, cada um deles, de que o outro viabilizasse — decidiram fazer uma afirmação de princípio. E não lhes saiu bem. Aliás, as eleições é que irão dizer como saiu, mas tudo indica que esse será um voto que se transferirá para o Partido Socialista”, sublinhou.
Reconhecendo que tem “alguma simpatia pelo Chega, nomeadamente pelo líder“, embora não esteja nas fileiras do partido nem pretenda vir a fazer porque quer permanecer “independente”, Jaime Nogueira Pinto admite que o Chega tenha “um certo prémio do voto de protesto, pelo menos é capaz de conseguir aproximar-se daquilo que André Ventura teve nas eleições presidenciais (11,9%)”. Mas “uma coisa é Ventura e outra coisa é o partido”, alerta o politólogo e empresário.
“O Chega tem sido essencialmente um partido de protesto. É um partido de protesto e é um partido que, sobretudo, acabou por reequilibrar um eixo político que estava muito à esquerda. O Chega, independentemente da substância das suas propostas, equilibra. Reequilibra alguma coisa, e obriga sobretudo os partidos à direita do PS a pensarem duas vezes: porque antes as pessoas de direita tinham de se resignar a votar neles ou a ficar em casa; agora já têm o tal voto de protesto. E para muita gente já nem é só de protesto, é um voto de adesão”, defende. Já quanto ao Iniciativa Liberal considera que se trata de “um partido essencialmente das grandes cidades, mas é capaz de, em Lisboa e Porto, ir buscar algum apoio”. “O CDS, vamos ver, é uma incógnita. E o PSD também é uma incógnita. Seja qual for o resultado destas convulsões internas, só o facto de existirem já irá, com certeza, penalizar bastante estes dois partidos“, vaticina.
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