Há 167 milhões de telhados e 23 milhões de empresas no mundo com potencial para produzir 2.000 GW de energia solar até 2050
O relatório ‘Realizing the Potential of Customer-Sited Solar’, elaborado pela BloombergNEF e Schneider Electric, concluiu que o mercado de painéis solares tem potencial para 2.000 GW até 2050.
Foi o próprio ministro do Ambiente e da Ação Climática que o admitiu: Portugal produz menos energia, a partir de fonte solar, do que Inglaterra, situando a produção abaixo dos dois gigawatts. No entanto o compromisso do Governo é chegar aos nove gigawatts em 2030. E como? O ministro quer parques solares, mega centrais, como a de Alcoutim, que já foi inaugurada, mas garante que o país não vai ficar “atapetado” de painéis fotovoltaicos. No próximo leilão do solar que terá lugar em janeiro, as licitações serão já para outras superfícies: os espelhos de água de sete barragens portuguesas, não ocupando por isso o solo.
E Matos Fernandes garante que o aumento da produção de energia por fonte solar em Portugal também se faz “com comunidades energéticas” e “investimentos promovidos pelas próprias famílias e empresas” que querem colocar painéis solares nos seus edifícios.
Os planos do Governo português vão ao encontro do novo relatório ‘RealizingthePotentialofCustomer-Sited Solar’ elaborado pela BloombergNEF e pela SchneiderElectric, que concluiu que o mercado de painéis solares de telhado ainda está em grande parte por explorar, tendo potencial para exceder os 2.000 gigawatts de energia solar e os 1.000 gigawatts-hora de armazenamento de energia até 2050.
Mostra o documento que “a produção de energia solar por parte do próprio cliente constitui uma grande oportunidade ainda por explorar”, que poderia fazer com que 167 milhões de casas e 23 milhões de empresas em todo o mundo implementassem a sua própria geração de energia limpa até 2050″. Falta no entanto a conceção de políticas e tarifas, fundamental para a sua concretização.
Outra conclusão do relatório é que a rápida queda dos custos da tecnologia solar já fez com que, em alguns mercados, se tenha tornado economicamente vantajoso que residências e empresas gerem a sua própria energia. Ambas as empresas dão a Austrália como exemplo, já que desde 2013 o retorno do investimento para as famílias que investem em energia solar tem vindo a demonstrar-se favorável, sendo já inferior a 10 anos. Resultado: só em 2020 foram adicionados mais de 2,5 gigawatts de energia solar residencial no país.
As vantagens passam por: gerar rendimentos económicos para as respetivas casas e empresas, redução das emissões de carbono, redução de cargas de pico, entre outros.
“A produção de energia solar junto do cliente é uma enorme oportunidade que muitas vezes é completamente ignorada. Graças aos custos em queda e às medidas políticas, já está a ser implementada rapidamente em alguns mercados, e é muito provável que aumente massivamente,” afirmou Vincent Petit, Head do Schneider Electric™ Sustainability Research Institute e Senior Vice President. E acrescentou: “Isto é vital para a descarbonização do setor da energia e oferece enormes benefícios adicionais aos consumidores. Está na hora de abraçar esta transformação.”
De acordo com o estudo, a experiência mostra que a adoção de energia solar em casa ou na empresas ocorre sobretudo quando existe um interesse económico para quem investe na tecnologia, geralmente sob a forma de elevadas taxas internas de rentabilidade ou períodos curtos de retorno do investimento. Se não for esse o caso, são introduzidos incentivos específicos para criar condições de mercado mais favoráveis e acelerar a implementação.
“Um exemplo é a França, onde os incentivos existentes permitem que a energia solar residencial proporcione taxas internas de rentabilidade de cerca de 18,5% (um retorno do investimento em cinco anos) e as instalações comerciais atinjam uma TIR de 10,4% (ou um retorno do investimento em nove anos). Isto estimulou um crescimento gradual no mercado, para cerca de 500 megawatts de instalações em 2020″, conta o estudo.
Outra conclusão do estudo prende-se com a vantagem de adicionar a opção de energia solar logo durante a construção de novos edifícios. Na Califórnia, a taxa de rentabilidade pode mesmo duplicar de 20 para 40%, enquanto em França pode dar um alto de 28%.
Outra aposta a considerar é a do armazenamento de energia, através de baterias, diz o estudo, uma vez que permite que a eletricidade renovável seja armazenada para ser utilizada durante o horário noturno.
“A evolução da produção de energia solar junto do cliente consiste em acrescentar alguma forma de flexibilidade, permitindo uma penetração muito maior da energia solar,” declarou Yayoi Sekine, Head of Decentralized Energy da BNEF. “A forma mais óbvia de flexibilidade são as baterias, mas o armazenamento de energia surgirá sob diversas formas, incluindo a evolução da procura e a utilização de veículos elétricos.”
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