Advogados consideram que fraudes têm vindo a aumentar. Banca e seguros são os mais afetados
Sondagem feita a advogados considera que setor financeiro é o mais afetado pelas fraudes e a área comercial a mais vulnerável.
Um estudo realizado pela Deloitte concluiu que 46% dos advogados inquiridos consideram que o número de empresas envolvidas em situações de fraude tem vindo a aumentar. A segunda edição do Deloitte Fraud Survey Advogados avalia o tema da fraude no mercado empresarial português, que tem como base um inquérito realizado a advogados em Portugal.
O setor que os advogados consideraram em que existem mais situações de fraude em Portugal é o setor financeiro, com 44%, seguindo do setor de bens de consumo e setor industrial, cada um com 19%.
Segundo o estudo, os escritórios de grande dimensão atribuem um maior peso percentual aos setores de serviços não financeiros e industrial como o mais vulnerável a ocorrências de fraude, comparativamente aos de pequena e média dimensão.
Já relativamente às áreas de uma empresa mais vulneráveis, os advogados consideram as áreas comerciais (35%), de financiamentos (33%) e as de procurement (23%) mais propensas a situações de fraude.
Para os grandes escritórios de advogados, a forma de fraude mais comum é a contabilística e fiscal. Por outro lado, os escritórios de pequena e média dimensão destacam o tráfico de influências. Entre as formas apontadas pelos advogados estão ainda a corrupção, escolha preferencial de parceiro, incumprimento regulatório e branqueamento de capitais.
As principais causas assinaladas pelos advogados para a ocorrência de situações de fraude no contexto empresarial português são a falta de valores éticos (42%) e a inexistência de um sistema de controlo eficiente (40%). Ainda assim, os escritórios de pequena e média dimensão são os únicos a considerar a pressão para obter resultados positivos como um dos motivos, segundo o estudo.
A falta de competências internas na área de controlo de fraude e a falta de formação dos colaboradores para a prevenção deste tipo de crime é apontado pelos advogados como os fatores que mais contribuem para a ocorrência de fraude nas empresas. Por outro lado, 35% dos advogados afirmam que as auditorias surpresa a áreas da empresa (35%) são o controlo antifraude mais efetivo.
Pandemia não teve impacto no aumento de fraudes
Será que a pandemia teve um impacto significativo no aumento de fraudes em Portugal? Os advogados inquiridos pela Deloitte consideram que não (56%). Ainda assim, 35% apontou que a Covid-19 promoveu o seu aumento.
À Deloitte, 77%% dos advogados não verificaram nos clientes qualquer situação de fraude potenciada pela pandemia. Sendo que apenas 2% dos participantes afirmaram que verificar situações deste tipo alguma regularidades e 21% pontualmente.
Ainda assim, os advogados preveem um aumento das situações associadas a fraudes no próximo ano – 42% ligeiramente, 9% significativamente. Apenas 28% preveem que se mantenham inalteradas e 21% que diminuam.
O mesmo estudo revela que ainda que 47% dos advogados declaram que já foram solicitados para participar na realização de um esquema de fraude. Por outro lado, 95% afirmam que menos de 25% dos clientes da sua organização estão envolvidos em situações de fraude. Entres os processos mais utilizados pelos clientes para identificar situações de fraude estão os mecanismos de controlo interno (49%), a investigação interna (16%) e a denúncia (14%).
Independentemente da dimensão dos escritório, a maioria considera que os clientes promovem uma investigação interna inicial seguida de uma consultoria externa em caso de fraude.
Sobre o impacto que a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção 2020-2024 pode ter no combate a este tipo de crime, 49% dos inquiridos considera que as empresas apenas tomarão medidas caso exista enforcement e sanções efetivamente aplicadas. Ainda assim, 33% acredita que as empresas irão robustecer os procedimentos e fornecer mais atenção nesta matéria.
O Fraud Survey Advogados 2021 foi realizado entre 15 de junho e 12 de julho de 2021, junto de uma amostra constituída por advogados em Portugal. O inquérito obteve um total de 43 respostas, sendo esta a base de análise do presente estudo.
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