Ucrânia: Europa é que deve falar em questões de segurança europeia, avisa Macron
Macron, satisfeito com o “interesse renovado” dos EUA na relação entre Rússia e Ucrânia, refere ser uma questão de segurança coletiva, e avisa que Europa é quem deve falar de segurança europeia.
O Presidente francês disse esta terça-feira estar satisfeito com “o interesse renovado” dos Estados Unidos pela tensa relação entre a Rússia e a Ucrânia, mas avisou que, quando se trata da segurança europeia, “é a Europa que deve falar”.
“Quando se trata da segurança da Europa, é a Europa que deve falar. Sobre as questões da segurança europeia, incluindo os nossos vizinhos, as nossas fronteiras, o nosso armamento e tudo que pode tocar o solo europeu, cabe às instituições e aos Estados-membros tomarem decisões”, disse esta terça-feira Emmanuel Macron numa conferência de imprensa no Palácio do Eliseu.
O líder gaulês reuniu-se esta terça-feira com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, de forma a alinhar as prioridades da França, que assumiu a presidência rotativa da União Europeia no início de janeiro, com as diferentes instituições europeias.
Questionado sobre se a União Europeia estava fora das conversações sobre a tensão entre a Ucrânia e a Rússia e que contam com a participação dos Estados Unidos, o Presidente francês declarou que “a Europa está presente desde o primeiro dia”.
“A Europa, desde o primeiro dia, está implicada nestas conversações pelos acordos de Minsk e pelo formato da Normandia. Lembro que este formato agrupa Rússia, Ucrânia, França e Alemanha, duas potências europeias, que agem como garante deste processo“, indicou Emmanuel Macron.
Quanto ao papel dos Estados Unidos, o Presidente disse que o regresso dos norte-americanos às negociações “é bom”, já que isso é importante para a segurança coletiva do planeta.
“É bom que tenha havido um interesse renovado dos Estados Unidos neste processo. Devemos estar satisfeitos. É bom que os Estados Unidas e a Rússia falem sobre a questão europeia, mas não só. É uma questão de segurança coletiva“, afirmou o Presidente, sublinhando “não estar incomodado” com esta presença norte-americana.
Já Charles Michel garantiu que a questão ucraniana vem contribuir para uma “consciência europeia” de maior coordenação das ações que garantam a segurança e estabilidade dos Estados-membros da União.
Os dois líderes foram ainda questionados sobre a questão da energia na Europa, nomeadamente a dependência de alguns países face à Rússia, e se as manobras dos russos não teriam sanções.
“Em termos de sanções, já dissemos claramente que no caso de haver uma agressão militar contra a Ucrânia, íamos responder de forma massiva, mas esse não é o nosso desejo. O que queremos é contribuir para a estabilidade”, afirmou Charles Michel.
Já Emmanuel Macron disse que “pode haver diferenças” na forma como os 27 veem a questão da energia, mas em relação ao facto de a Comissão Europeia considerar a energia nuclear como ‘verde’.
“Consideramos que o reconhecimento da energia nuclear como uma energia sem emissões de carbono é um elemento muito importante para respeitar o nosso limite de emissões […]. É uma questão que se liga com a nossa soberania. Se queremos sair do carvão e como não produzimos gás, o nuclear está no coração da nossa estratégia também geopolítica”, explicou Emmanuel Macron.
O líder francês indicou ainda querer debater os preços da eletricidade com os restantes países europeus.
Tanto Emmanuel Macron como Charles Michel lamentaram ainda a morte de David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, que morreu esta terça-feira em Itália. O Presidente francês qualificou-o como “um amigo”, com quem tinha trabalhado proximamente nos últimos meses de forma a preparar a presidência francesa do Conselho da União Europeia.
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