Portugal paga juro de 1,2% em financiamento de 3 mil milhões a 20 anos
Operação registou procura acima dos 20 mil milhões de euros. Apetite dos investidores ajudou a baixar custo. Portugal pagará taxa a rondar os 1,2% por dívida de três mil milhões a 20 anos.
Portugal vai pagar uma taxa de juro a rondar os 1,2% por um financiamento de três mil milhões de euros obtido com a emissão sindicada de dívida a 20 anos que fez esta manhã. O operação registou uma procura elevada: foram dadas ordens de mais de 20 mil milhões de euros, incluindo 2,6 mil milhões garantidos pelos bancos que colocaram emissão no mercado. “A emissão comprova a confiança que os investidores depositam em Portugal, evidenciando um pleno acesso aos mercados financeiros, em condições historicamente favoráveis”, salienta o Ministério das Finanças, reagindo aos resultados da operação.
O forte apetite dos investidores fez baixar a taxa de juro da operação: o prémio começou nos 61 pontos base e cedeu para 60 pontos base, de acordo com o site de informação financeira IFR. Ao este spread acresce-se a taxa mid-swap do euro a 20 anos, que está nos 0,61%. Ou seja, a taxa de juro terá sido fixada nos 1,21%.
O IGCP deverá anunciar brevemente os resultados finais desta operação, incluindo a taxa de juro e o perfil dos investidores. Entretanto, o Ministério das Finanças antecipou-se, destacando que se tratou da primeira emissão “num contexto de progressiva normalização da política monetária após a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de terminar o programa PEPP (Pandemic Emergency Purchase Programme) e a consequente subida generalizada de taxas de juro na Europa”.
“Ainda assim, a nova emissão a 20 anos foi feita a uma taxa de 1,185% (reoffer yield), estando o diferencial de preço a pagar pela República, comparativamente com a Alemanha, em mínimos históricos”, destacou o ministério liderado por João Leão.
Esta nova linha de Obrigações do Tesouro tem a maturidade em abril de 2042 e permite fechar o gap na curva mais longa da dívida pública portuguesa, colocando uma referência entre as linhas que vencem em abril de 2037 e fevereiro de 2045.
A maturidade desta nova dívida emitida pela República foi muito superior à maturidade média do stock da dívida direta do Estado que é de cerca de oito anos e tem um custo de 2,0%, detalharam as Finanças em comunicado.
“O IGCP surpreendeu o mercado ao fazer um leilão a 20 anos, quando o mesmo esperava um novo benchmark para Portugal a 10 anos. Não obstante, a procura acabou por ser muito forte, numa altura em que assistimos a uma subida generalizada dos prémios de risco das dívidas soberanas europeias”, disse Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
“O IGCP acaba por tirar partido do ainda baixo nível de taxas de juro para fazer uma emissão de longo prazo e com um prémio de risco inferior ao custo médio que a dívida nacional apresenta”, acrescentou o responsável.
BNP Paribas, Credit Agricole CIB, Morgan Stanley, JPMorgan, Nomura e Novobanco foram as instituições que estiveram a organizar a operação.
É já uma tradição o IGCP arrancar um ano com uma emissão de dívida sindicada. De acordo com o programa de financiamento da República para 2022, as necessidades líquidas para este ano situam-se nos 10,9 mil milhões de euros, 8,7 mil milhões dos quais para cobrir o défice orçamental e outros 2,2 mil milhões para a aquisição líquida de ativos financeiros. O IGCP prevê emitir quase 18 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro e medium term notes.
Esta emissão surge num momento de alguma tensão nos mercados secundários. As yields da dívida da Zona Euro têm estado a subir desde a última reunião do BCE, a 16 de dezembro, onde se decidiu o fim do programa de compras de emergência pandémica. A semana passada trouxe mais alguma turbulência por causa dos planos da Reserva Federal americana (Fed) de subir os juros mais cedo do que o esperado para controlar a alta inflação, o que colocou o BCE de novo na mira dos investidores.
A taxa das obrigações portuguesas a dez anos está em máximos de mais de meio ano, perto dos 0,6%. A yield das bunds alemãs no mesmo prazo estão perto de inverter para terreno positivo, o que não acontecia há dois anos e meio, traduzindo as expectativas do mercado em relação à inflação e àquilo que espera em relação à política monetária do BCE.
(Notícia atualizada às 16h25 com comunicado do Ministério das Finanças)
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