Costa diz que PIB cresceu 4,6% em 2021. INE só divulga dia 31
O primeiro-ministro adiantou que a economia portuguesa cresceu 4,6% em 2021, abaixo dos 4,8% previstos. O Instituto Nacional de Estatística só divulga valor oficial um dia após as eleições.
António Costa afirmou esta terça-feira que a economia portuguesa cresceu 4,6% no ano passado, recuperando após a queda de 8,4% em 2020 por causa da crise pandémica. Com esta revelação, o primeiro-ministro adianta-se à divulgação oficial do valor por parte do Instituto Nacional de Estatística (INE), o que acontecerá a 31 de janeiro, exatamente um dia após as eleições. A confirmar-se este valor, fica abaixo dos 4,8% previstos pelo Governo e pelo Banco de Portugal.
“Apesar da pandemia, o país no ano passado já cresceu 4,6%. Voltou a convergir com a União Europeia“, disse o candidato socialista a primeiro-ministro, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP3 a partir de uma arruada em Coimbra. Não se sabe se o primeiro-ministro queria referir-se a alguma previsão atualizada dentro do Ministério das Finanças. Contudo, não terá sido através do próprio INE que o Governo sabe o valor uma vez que a prática de informar previamente o executivo foi abandonada há vários anos.
“O INE ainda não apurou o resultado do 4º trimestre de 2021 e, consequentemente, a variação média anual ainda não existe“, esclarece fonte oficial do gabinete de estatísticas ao ECO, especificando que “conforme o calendário habitual, só no próximo dia 31 de janeiro se saberá qual a primeira estimativa do INE”.
A confirmar-se o crescimento de 4,6% em 2021, é de notar que este representa uma revisão em baixa de duas décimas face aos 4,8% previstos pelo Governo (Orçamento do Estado para 2022 em outubro), OCDE (dezembro) e Banco de Portugal (dezembro). Acresce que não é possível afirmar que Portugal convergiu com a média da UE em 2021 uma vez que tanto a UE como a Zona Euro terão crescido 5,2%, segundo a estimativa do FMI divulgada esta terça-feira, acima do ritmo de crescimento da economia portuguesa.
Ainda há uma semana, o ministro das Finanças afirmava que a variante Ómicron não tinha colocada em causa o crescimento do PIB de 4,8% em 2021. “Portugal conseguiu resistir bastante bem a esta fase da pandemia e não tivemos de impor medidas com grande impacto na economia e, portanto, espera-se que o valor de 4,8% [de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)] previsto pelo Governo seja alcançado“, disse João Leão aos jornalistas em Bruxelas, antes da reunião do Eurogrupo.
Na mesma intervenção, António Costa regozijou-se ainda com as previsões de instituições internacionais que apontam para um crescimento do PIB de 5,8% em 2022. Em causa está a última previsão da OCDE divulgada em dezembro e do Banco de Portugal no mesmo mês. Porém, desde então a economia mundial desacelerou, como alertou esta terça-feira o Fundo Monetário Internacional na atualização do World Economic Outlook, o que poderá ter impacto na recuperação da economia em Portugal este ano.
(Notícia corrigida às 23h31. Anteriormente a notícia referia que o INE enviava informação que ia divulgar previamente ao Governo, mas tal deixou de ser feito desde 2016).
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