MNE russo diz que EUA reconhecem motivos para discutir “inquietações da Rússia”
“Vamos insistir numa conversação honesta, em explicações honestas”, assinalou Lavrov.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou esta terça-feira que o seu homólogo norte-americano reconheceu existirem motivos para discutir as inquietações de segurança da Rússia, num novo contacto telefónico em torno da crise na Ucrânia.
No entanto, um responsável norte-americano reconheceu de seguida que Serguei Lavrov não forneceu “qualquer indicação” sobre uma “alteração nos próximos dias” na fronteira russo-ucraniana, onde os ocidentais acusam Moscovo de ter concentrado mais de 100.000 soldados na perspetiva de invasão do país-vizinho, o que o Kremlin tem sistematicamente negado.
“Continuamos a escutar garantias segundo as quais a Rússia não tem a intenção de invadir, mas todas as ações que vemos indicam claramente o contrário”, considerou este responsável citado pela agência noticiosa AFP.
Em declarações à televisão estatal russa após o contacto telefónico com o secretário de Estado norte-americano, Lavrov indicou Blinken “esteve de acordo sobre a existência de razões para prosseguir o diálogo [sobre o tema da segurança da Rússia]. Veremos como isso vai acontecer”.
O chefe da diplomacia russa não fez qualquer referência à Ucrânia ou às tropas russas deslocadas para regiões próximas da fronteira com o vizinho pró-ocidental da Rússia, e enquanto Washington continua a acusar Moscovo de preparar uma invasão e a exigir uma retirada militar “imediata”.
De acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano emitido logo após o contacto, Blinken “exortou a Rússia a uma desescalada e à retirada das tropas e do equipamento junto à fronteira com a Ucrânia” e “exortou a Rússia a utilizar a via diplomática”.
Segundo Lavrov, a questão decisiva para Moscovo assenta na rejeição pelos ocidentais do princípio da “indivisibilidade da segurança”, e na perspetiva de que nenhum Estado pode reforçar a sua segurança em detrimento de um outro.
Moscovo considera que esta atitude está a ser seguida pelos ocidentais através dos sucessivos alargamentos da NATO que ameaçam a Rússia. Os membros da Aliança consideram que cada país deve ser livre de optar pelos seus aliados. “Vamos insistir numa conversação honesta, em explicações honestas”, assinalou Lavrov.
Apesar de reiterar a ameaça de sanções “rápidas e severas” em caso de ofensiva russa, o chefe da diplomacia dos EUA disse pretender “prosseguir uma troca substancial de contactos com a Rússia sobre as inquietações de segurança mútua” na sequência desta nova conversa, a primeira desde o envio de uma carta norte-americana na semana passada, e na qual Washington recusou acatar os pedidos de Moscovo.
Washington rejeitou as exigências russas sobre o fim da política de alargamento da NATO, em particular à Ucrânia, e sobre uma retirada das forças da Aliança na Europa para as suas posições de 1997, as que mantinha antes dos sucessivos alargamentos que efetuou em direção ao leste da Europa.
No entanto, os Estados Unidos deixaram antever a possibilidade de discussões sobre outros assuntos, incluindo o deslocamento de mísseis ou limites recíprocos aos exercícios militares. A Rússia anunciou que estava a preparar uma resposta a estas posições.
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