“Power-to-liquid” é o novo combustível verde que vai pôr aviões a voar com CO2 e hidrogénio
A Central de Valorização Energética da Maia poderá ser a primeira unidade a produzir à escala industrial este novo combustível verde à base de CO2 e hidrogénio para o setor da aviação.
Chama-se “Power-to-Liquid” e nasceu pelas mãos de um consórcio interdisciplinar formado pela LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, pela P2X Europe e pela Veolia Portugal. A ambição deste projeto passa por produzir um novo combustível verde sintético (eFuel), feito a partir da combinação de CO2 e hidrogénio para descarbonizar o setor da aviação.
Para isso, as entidades envolvidas no consórcio vão avançar desde já com os estudos de viabilidade para a implementação e desenvolvimento da primeira unidade “Power-to-Liquid” à escala industrial na Central de Valorização Energética da Maia, que poderá acabar por ser uma das primeiras unidades de produção de eFuels da Europa.
O combustível verde sintético que virá a ser produzido pelo consórcio vai usar CO2 capturado do processo da própria Central de Valorização Energética da Maia e hidrogénio verde com origem em energias renováveis (solar, eólica).
Numa primeira fase, o “Power-to-Liquid” pretende reciclar cerca de 100 mil toneladas de CO2 biogénico para o converter em eFuel.
“Ao capturar o CO2 do gás contido nos resíduos antes de este ser libertado para a atmosfera, o projeto “Waste-to-Jet” dá aos resíduos municipais não recicláveis uma nova vida. A integração da tecnologia “Power-to-Liquid” em centrais de valorização energética que se encontram já em operação permite, simultaneamente, descarbonizar duas atividades: a gestão de resíduos e o transporte aéreo”, afirmou Christoph Weber, Co-CEO da P2X Europe, em comunicado,
Com esse objetivo, vai ser então integrada a tecnologia de Captura e Utilização de Carbono (CCU) nas instalações da Central da Maia, que consiste em capturar, extrair e purificar a componente biogénica do C02, presente em cerca de 60% do dióxido de carbono gerado no processo de tratamento de resíduos por valorização energética.
“Precisamos das tecnologias de captura de carbono rumo à descarbonização dos processos industriais. Reduzir ou eliminar as emissões de gases com efeito de estufa tem os seus limites. Por isso, capturar, armazenar e usar estes gases é crucial”, disse, no mesmo comunicado, José Melo Bandeira, country manager da Veolia Portugal.
O consórcio garante que a tecnologia CCU vai permitir que as emissões de CO2 sejam próximas de zero ou até mesmo negativas, o que irá “contribuir para melhorar significativamente o balanço energético e ambiental do processo de valorização energética dos resíduos”.
“Este projeto é um bom exemplo de como os Sistemas de Gestão de Resíduos podem contribuir para a descarbonização da economia e para a Neutralidade Carbónica. E também podem liderar, abrindo caminho através de projetos inovadores como este que vamos implementar e que contribuirá para posicionar Portugal entre os primeiros países a apostar na economia circular do carbono”, concluiu José Manuel Ribeiro, presidente da LIPOR.
Esta entidade trata anualmente cerca de 500 mil toneladas de resíduos urbanos produzidos por 1 milhão de habitantes nos municípios de Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde. Já a Veolia concebe e implementa soluções para a gestão da água, resíduos e energia, em clientes municipais e industriais. Há mais de 20 anos que explora a Central de Valorização Energética da LIPOR.
A fechar o consórcio está a P2X Europe, uma empresa internacional que atua nas áreas dos combustíveis sustentáveis e do Power-to-Liquid (PtL), criada pela Mabanaft GmbH & Co.KG e pela H&R Refining GmbH, sediadas em Hamburgo, na Alemanha.
A P2X Europe aposta em soluções que permitem a produção à escala industrial de combustíveis sintéticos (eFuels) com um foco especial no Combustível de Aviação Sustentável (SAF) neutro em carbono e outros produtos a partir de fontes de carbono biogénico. A empresa abrange toda a cadeia de valor: desde a captura de carbono, ao acondicionamento e armazenamento, produção de energias renováveis, hidrogénio verde e tecnologia de reator de gás.
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