Guerra na Ucrânia vai ter “impacto severo na economia global”, avisa FMI
O FMI alerta este sábado que uma escalada do conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia terá consequências económicas "devastadoras" para todo o mundo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI), liderado por Kristalina Georgieva (na foto), reuniu-se para avaliar o impacto da invasão russa na Ucrânia e a conclusão é clara: “A guerra em curso e as sanções associadas vão ter um impacto severo na economia global“, lê-se no comunicado divulgado este sábado. No início da próxima semana, a equipa do FMI vai avaliar o pedido de financiamento urgente da Ucrânia. Entretanto, deixa conselhos aos governantes e aos bancos centrais.
Na avaliação do Fundo Monetário Internacional, a situação continua a ser de “extraordinária incerteza”, mas reconhece que as consequências económicas “já são muito sérias”. A instituição com sede em Washington refere o aumento do preço de commodities como o trigo e outros cereais, assim como a subida dos preços da energia, o que aumenta ainda mais as pressões inflacionistas que já existiam por causa da retoma pós-pandemia e as disrupções nas cadeias mundiais de abastecimento.
“Os choques nos preços terão impacto em todo o mundo, especialmente nos agregados familiares mais pobres para os quais a alimentação e o combustível tem uma proporção maior nas despesas“, alerta o FMI, assinalando que se o conflito escalar ainda mais o dano económico será “mais devastador”. O Fundo também admite que as sanções aplicadas à Rússia vão ter um impacto “substancial” na economia mundial e nos mercados financeiros, com “significativas repercussões” noutros países.
O Fundo relata que “em muitos países” esta crise está a criar um “choque adverso” tanto na taxa de inflação como na atividade económica, principalmente nos países com maior relação comercial com a Rússia ou a Ucrânia. Aos bancos centrais, o FMI aconselha uma “monitorização cuidadosa” do aumento dos preços e pede-lhe que “calibrem as respostas apropriadas” ao momento que as economias vivem. No caso da política orçamental, a instituição pede aos Governos que ajudem os mais vulneráveis para colmatar o aumento do custo de vida.
Na Ucrânia, “além dos custos humanos, o dano económico já é substancial”, avisa o FMI, referindo a destruição pelas forças russas de infraestruturas como aeroportos e portos marítimos, assim como estradas e pontes. “Ainda que seja muito difícil avaliar as necessidades de financiamento neste momento, já é claro que a Ucrânia irá enfrentar custos significativos de recuperação e reconstrução“, antecipa. As autoridades ucranianas já pediram um financiamento de emergência de 1,4 mil milhões de dólares ao FMI, o qual vai ser avaliado na próxima segunda-feira.
No caso da Rússia, o Fundo relata que as sanções económicas e financeiras, como o afastamento de vários bancos russos do sistema internacional de pagamentos SWIFT, estão a restringir a capacidade do país de receber pagamentos para exportações e de pagar por importações. “Ainda que seja muito cedo para antecipar o impacto total destas sanções, já vimos uma redução acentuada dos preços dos ativos assim como da taxa de câmbio do rublo“, nota o FMI.
A equipa do FMI irá continuar a avaliar as repercussões económicas deste conflito, principalmente nos países em que está em curso programas de ajustamento patrocinados pelo Fundo. A seu tempo, dará mais conselhos aos governantes, assim como assistência técnica aos países que necessitem.
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