TAP transportou 30% dos passageiros no final de 2021. Já só lidera em Lisboa
As companhias aéreas "low cost" continuam a ganhar terreno. Ryanair, easyJet e Transavia já representam 40,2% do total nacional. Transportadora portuguesa já só lidera em Lisboa.
A TAP transportou 30,2% dos passageiros que passaram pelos aeroportos nacionais nos últimos três meses de 2021, um número que fica longe da quota de quase 36% que tinha antes da pandemia. Os dados mostram, ainda assim, uma recuperação da companhia portuguesa face ao terceiro trimestre.
Pelos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Ponta Delgada passaram 8,84 milhões de passageiros entre outubro e dezembro, mais 223% do que no mesmo período do ano passado, segundo o mais recente boletim trimestral da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). Um número que fica, ainda assim, 2,1% abaixo do registado nos três meses imediatamente anteriores, o que pode ser explicado pelas restrições impostas devido à rápida propagação da variante Ómicron.
O tráfego continua também a ficar aquém do que se registava antes da pandemia, com menos 28% de passageiros do que os 12,28 milhões transportados no último trimestre de 2019.
O boletim estatístico do regulador só divulga as quotas por aeroporto, mas fazendo os cálculos para o peso global, conclui-se que a TAP registou uma quota de 30,2% no transporte de passageiros no último trimestre. Valor que representa uma melhoria face aos 26% registados no terceiro trimestre, mas que fica abaixo dos 35,9% do quarto trimestre de 2019.
A ganhar quota estão as companhias low cost, com destaque para a Ryanair. A transportadora aérea irlandesa foi responsável por 22,6% do tráfego de passageiros, aumentando a sua fatia do mercado face aos 21,2% do terceiro trimestre e aos 18,9% que tinha antes da pandemia. A britânica easyJet transportou 12% dos passageiros no último trimestre de 2021, ligeiramente acima dos 11,8% registados no mesmo período de 2019.
Um crescimento assinalável teve também a Transavia. A low cost do grupo Air France–KLM passou de uma quota de 3,2% antes da covid-19 para 5,6% nos últimos três meses do ano passado. As três maiores companhias de baixo custo já têm uma fatia de 40,2% do mercado nacional.
TAP já só lidera no aeroporto de Lisboa
A companhia aérea portuguesa já só lidera no seu hub, o aeroporto Humberto Delgado. Mas se antes da pandemia transportava mais de metade dos passageiros (51%), os dados mais recentes da ANAC apontam para 46%. A Ryanair aparece em segundo lugar, com 17%, mais seis pontos percentuais do que no último trimestre de 2019.
No Porto, a Ryanair continua a crescer a sua quota, representando já 37% do total de passageiros, seguida da easyJet com 17% e da TAP com 13%. A empresa irlandesa volta a liderar em Faro, com 32%, seguida da easyJet com 20%, da Transavia com 12%, da Jet2.com com 6% e da TAP com 5%.
No Funchal, onde a companhia portuguesa liderava antes da covid-19, a maior quota pertence agora à easyJet, com 25%, seguida da TAP com 23%. A SATA é, de longe, a maior transportadora em Ponta Delgada, com uma quota de 63%, seguida pela Ryanair com 25% e da TAP, com 11%.
Os próximos meses poderão trazer mudanças nestes números. A presidente-executiva da TAP anunciou, a 17 de março, que a companhia ia operar a cerca de 90% da capacidade de 2019 a partir do verão IATA, que começou esta semana, uma diferença substancial face ao mesmo período do ano passado, quando a capacidade rondou os 50%.
Christine Ourmières-Widener disse também que a transportadora vai repor todas as rotas que operava antes da pandemia, com 1.230 voos semanais para 7 aeroportos em Portugal, 12 na América do Sul e Central, 20 para África e Médio Oriente e 44 para a Europa. O reforço estende-se às pontes aéreas. Depois da ligação entre Lisboa e Porto, e Lisboa e Funchal, vai crescer a frequência de voos na ligação entre a capital portuguesa e a espanhola.
O próximo inverno IATA, que começa no final de outubro, também promete mexer com o mercado. Nessa altura, já deverão estar atribuídos os 18 slots no aeroporto de Lisboa que a TAP teve de ceder no âmbito do plano de reestruturação. Só a easyJet e a Ryanair declararam publicamente estar na corrida. O calendário do concurso prevê que a Comissão Europeia anuncie na semana de 13 de junho quem ficará com as faixas horárias.
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